Operação Lava Jato: Cemig e GPI não deveriam ser notas de rodapé

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O Estadão de hoje traz como manchete: “Ex-assessor de Padilha era canal com Labogen”. E esconde no meio da matéria na página interna (nem menção a isso no texto da capa) que “segundo o sócio da Labogen a indicação de Moura (Marcus César Ferreira de Moura, que trabalhou no ministério e, mais tarde, na Labogen) foi feita pelo fundo GPI Participações e Investimentos, controlado por Pedro Paulo Leoni Ramos”– que segundo o jornal, é conhecido no mercado e na política como PP. PP foi secretário de Assuntos Estratégicos no governo Fernando Collor (1990-1992). Ou seja, não é um personagem menor. Mas o jornal O Estado de S. Paulo não se dá ao trabalho de explicar ao seu leitor com mais detalhes quem é PP e seu fundo, a GPI Participações e Investimentos.
[caption id="" align="alignright" width="255"]PP foi secretário de Collor e hoje comanda o fundo GPI PP foi secretário de Collor e hoje comanda o fundo GPI[/caption] Uma das empresas do fundo é a Minasinvest, que, segundo o site oficial da empresa, “detém a concessão para a construção de um total de quatro pequenas centrais hidrelétricas em Minas Gerais, em fase de implantação”. As pequenas centrais hidrelétricas (PCH) são projetos de uma sociedade de propósito específico com a Cemig, empresa estatal mineira de energia. A sociedade entre Cemig e Minasinvest resultou na Guanhães Energia AS, com 49% da primeira e 51% da segunda. Mesmo antes de ficarem prontas as obras, a empresa de PP vendeu sua parte para a Light, controlada pela própria Cemig, por R$ 26,586 milhões, mesmo que a estatal mineira, em balanço, calculasse que sua participação na sociedade valia R$ 10,357 milhões.
Parece estranho que quem tenha comprado a parte da Minasinvest tenha sido a Light, que atua no Rio de Janeiro, e não a própria Cemig. A GPI não é apenas uma nota de rodapé na investigação da Operação Lava Jato da Polícia Federal. Mas, para a distorção midiática não é isso o que interessa. Importa, mesmo que sem nenhuma base concreta, tornar Padilha o centro dessa história. E para isso uma informação básica tem sido desprezada, a de que não foram assinados contratos entre a Labogen e o ministério da Saúde no governo do PT. Já em relação à Cemig, valeria a pena entender melhor os contratos assinados com PP e sua GPI.