Dicionário de tucanês ou menos é mais no MinC

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Alertado pelos meus vigilantes leitores, fui ler a matéria de hoje publicada no jornal O Globo sobre a queda da receita do MinC para o ano que vem. Segundo o jornal, no último ano da gestão Gil/Juca ela foi de R$ 2,29 bilhões. Neste ano caiu para R$ 2,13 bilhões e para o ano que vem deve ser de R$ 1,79 bilhão. Se o orçamento fosse igual o de 2010 ele já seria menor, por conta da perda inflacionária. Mas segundo o secretário executivo do ministério de Ana de Hollanda não é bem assim. Na reportagem ele explica que mesmo tendo perdido verbas o MinC “terá um orçamento melhor”. E ainda diz que o orçamento da saúde e da educação não diminuíram porque “todo governo tem prioridades, e é daí que vêm as variações de cada pasta”. Ou seja, segundo o secretário executivo do Ministério da Cultura, cultura não é prioridade no governo Dilma. Ou alguém entende a frase acima de outra forma? Ao ler o texto não tive como não me recordar do excelente dicionário de tucanês do José Simão. Dicionário onde bosta de vaca se tornava esterco de matrizes e semblante glúteo era cara de bunda. Aliás, fiquei com semblante de glúteo ao ler as explicações dadas pelo MinC.

Seguem trechos do texto, que pode ser lido aqui na íntegra.

Os investimentos federais em cultura no Brasil podem ser reduzidos em 2012, o que representaria a segunda queda consecutiva num setor que sempre foi considerado o patinho feio dos governos, mas que ganhou algum prestígio durante a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva. Enviado ao Congresso no fim de agosto, o projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2012 indica uma redução de 16% nas verbas destinadas ao Ministério da Cultura (MinC), a maior queda dos últimos dez anos. O orçamento da pasta vinha de sete anos seguidos de alta nas duas gestões Lula, mas teve uma redução justamente no primeiro orçamento feito para o governo de Dilma Rousseff, passando de R$ 2,29 bilhões em 2010 para R$ 2,13 bilhões em 2011. Já para o ano que vem, o valor previsto pelo governo para o MinC é ainda menor: R$ 1,79 bilhão. Os responsáveis pelo ministério acreditam que a verba será aumentada no Congresso pelas emendas parlamentares, mas deputados ouvidos pelo GLOBO lembram que a falta de apoio da ministra Ana de Hollanda junto aos movimentos culturais e a baixa execução orçamentária do MinC em 2011 podem dificultar as negociações e prejudicar a Cultura. (...) Mais um ponto que deve prejudicar a atuação de MinC junto ao Congresso é a taxa de execução do orçamento da pasta. Os números consolidados do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal indicam que o MinC empenhou apenas 20,9% de seu orçamento para custeio e investimentos até o fim de setembro. O percentual é o menor da pasta nos últimos cinco anos para o mesmo período, e fica bem abaixo da média do Poder Executivo em 2011, que até setembro estava em 66%. - A gestão atual do MinC é inábil e não consegue visualizar quais campos podem crescer. Falta solidez política e há incapacidade de gestão - diz Pablo Capilé, do grupo Fora do Eixo, uma rede de coletivos de cultura. - Além disso, a relação com a sociedade civil é ruim. O diálogo é fraco. Vamos entrar em 2012 com o cenário de um MinC fragilizado, de um orçamento menor e com a sociedade civil insatisfeita. O secretário-executivo do MinC, contudo, espera não apenas que o orçamento cresça no Congresso como atribui a redução no projeto da LOA a um novo modelo de gestão do governo. - Embora o número que temos agora para 2012 seja inferior ao número deste ano, eu garanto que é um orçamento melhor. Acontece que o orçamento do ano que vem vai passar por uma nova metodologia de gestão do governo federal - argumenta Ortiz. - A gente trabalhava com mais folgas no orçamento, superestimando as receitas federais. Agora vamos trabalhar dentro de um quadro mais realista. Sobre a execução do MinC em 2011, acontece que a maior parte de nossos investimentos é feita a partir de editais Outros ministérios, porém, mesmo com o novo modelo de gestão indicado por Ortiz, tiveram alta na LOA para 2012. O projeto prevê, por exemplo, aumento de 13% na Educação e de 11% na Saúde. - Todo governo tem prioridades, e é daí que vêm as variações de cada pasta - diz Ortiz. - Sobre a execução do MinC em 2011, acontece que a maior parte de nossos investimentos é feita a partir de editais. Eles estão lançados, mas os empenhos só podem ser feitos depois que houver todo o processo de licitação, o que costuma ocorrer em novembro e dezembro. Em 2010, a execução deve ter sido acelerada por causa das eleições. Hoje estamos num fluxo normal e vamos chegar até dezembro com 90% do orçamento empenhados.