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Eduardo, meu amigo, como você percebeu que era possível levar sua ação do virtual para o real e se transformou no blogueiro do megafone?
Renato, companheiro, na verdade foi meio que por acidente, pois lá por 2007, com aquela tentativa de golpe branco, eu começava o blog e em certo momento eu e os leitores começamos a cogitar fazer uma "vaquinha" para colocar uma matéria paga nos jornalões. Daí concluímos que não seria aceita. Um belo dia, eu com esse meu gênio "calminho" que você conhece disse para o pessoal que estava farto daquilo tudo e que ia comprar um megafone e iria para diante de um desses veículos dizer na "cara" deles tudo o que pensava e, para minha supresa, centenas de leitores começaram a dizer que se eu fosse eles iriam comigo. Poucos meses antes, eu disse que um dia ainda ia criar um movimento que seria uma paródia do Movimento dos Sem Terra (MST), o Movimento dos Sem Mídia. Quando fomos, em duas centenas, diante da Folha fazer o ato público (2007), após o ato fomos até a Praça Princesa Isabel e lá decidimos criar o Movimento dos Sem Mídia. Um mês depois, 5 0 alugamos um auditório e 50 pessoas fundaram a ONG.
Hoje você é um dos blogueiros políticos mais lidos no Brasil, isso mudou tua vida de alguma forma?
Meu estilo de vida, não. Continuo vivendo como vivia. Mas, claro, mudou a minha rotina, pois acabei assumindo certas responsabilidades com os leitores - escrever, fazer ativismo político. Além disso, claro, tornei-me conhecido. Frequentemente alguém me pára na rua ao me reconhecer. Parece meio ridículo, até, dizer isso. Mas é inevitável depois que a gente põe a cara na internet...rs
Na sua opinião qual é o papel da rede na democratização do debate político?
Ah, Renato, acho que é imenso. Veja, eu leio jornais desde os 13 anos. Apaixonei-me por política em 1972 e nunca mais parei de me informar o quanto pudesse durante toda a vida, dali em diante. Era terrível, mesmo depois da democratização. Só quem tinha voz eram os grandes veículos e os que eles escolhiam para dar voz. Isso, como sabemos, acabou. Hoje, um sujeito como eu, sem formação jornalística, pode falar para milhares, influir no debate político. E isso está ao alcance de qualquer um que se dedique. A rede está mudando a correlação de forças das sociedades ao menos no que tange o debate político. Nada nunca mais será o mesmo.
Edu, se você fosse ministro da Comunicação, o que faria no primeiro mês do seu mandato?
Sorrio enquanto escrevo, meu amigo, porque sei que você sabe a resposta. Mas vamos lá: apresentaria à presidenta o projeto de regulamentação da Comunicação, a tão falada "ley de medios". E se não obtivesse apoio, pediria demissão imediantamente, pois sem uma comunicação de país desenvolvido e democrático este país jamais será plenamente desenvolvido e democrático.