Haddad vira o jogo com o resgate do novo e aposta na mobilidade

Quando Haddad faz ciclovias e faixas exclusivas para ônibus ele não tira apenas pedaços do leito carroçável dos carros. Ele enfrenta um poderoso velho esquema dos grandes grupos econômicos que sempre trataram a cidade como sua propriedade.

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O prefeito Fernando Haddad iniciou uma virada na avaliação de sua gestão que já começava a ficar evidente nas ruas e agora foi registrada pelo Datafolha. De acordo com levantamento do instituto, a avaliação ótima ou boa subiu de 15%, em julho, para 22%. Ou seja, teve um aumento de 50%. Mas o mais expressivo foi a queda na porcentagem daqueles que avaliavam a gestão como ruim ou péssima, que despencou de 47% para 28%. A melhora da avaliação do governo Haddad aparece justamente no momento em que a cidade passa por forte debate em torno da implantação das ciclovias, que também foram avaliadas pelo instituto, e em que se consolidam as faixas exclusivas para ônibus. Pelo Datafolha, as faixas exclusivas de ônibus tiveram aprovação de 91% dos paulistanos e 80% aprovaram a implantação das ciclofaixas, sendo que 60% disseram acreditar que a bicicleta é um meio de transporte viável para o dia a dia. Outro dado apontado pela pesquisa é que um em cada três paulistanos tem bicicleta. Ao encarar o desafio de mudar a tradição de priorizar o carro e o transporte individual nas políticas públicas, Haddad resgatou o homem novo para um novo tempo que ganhou as eleições e seu governo começa a ser percebido pela cidade como inovador. E passa a ser visto como alguém que não tem receio de enfrentar polêmicas para construir políticas públicas sérias e sólidas. A batalha para modificar os modais de mobilidade na cidade são a ponta deste iceberg, mas o prefeito fez um bom enfrentamento para aprovar o novo Plano Diretor para São Paulo que permite construir uma cidade diferente. E, entre outras polêmicas, encarou o problema da Cracolândia com um política pública corajosa e humanista e não como caso de polícia, criando o Braços Abertos. Em junho de 2013, Haddad e seu governo envelheceram alguns bons anos por conta da forma como ele lidou com as manifestações de rua, mas é fato que desde lá ele vem rejuvenescendo aos poucos. E agora, começa a ganhar as feições que o levaram a vitória. Este reencontro da cidade com Haddad e com o novo que ele representou em 2012 não é bom apenas para ele e o seu partido. É fundamental para o que pode ser de fato um caminho para uma nova política, para um novo modelo de gestão, que prioriza as transformações reais e que não se rende aos discursos tradicionais e a batucada dos conservadores que querem manter os seus interesses intocáveis. Quando Haddad faz ciclovias e faixas exclusivas para ônibus ele não tira apenas pedaços do leito carroçável dos carros. Ele enfrenta um poderoso velho esquema dos grandes grupos econômicos que sempre trataram a cidade como sua propriedade. Em São Paulo, e no governo Haddad, também está sendo disputado o sentido da política. Por isso, a recuperação da popularidade do prefeito é uma boa notícia não só pra São Paulo e não só para o PT. (Foto Capa: Haddad pedala com cicloativistas/ Fabio Arantes/Secom)