Moro, Temer, Ciro Nogueira, o golpe e o efeito Aliel....

Há ainda chances de segurar esse tsunami cada vez mais claramente golpista? Hoje elas são pequenas, mas ainda existem

Escrito en BLOGS el
O xeque mate do juiz Sérgio Moro emitindo a senha que provavelmente foi exigência dos políticos que estão dentro da Lava Jato para votar a favor do impeachment foi um golpe de estaca no coração da resistência ao impeachment. Desde o início do ano passado o senador Aécio Neves dizia nos corredores do Senado que com Dilma presidente não havia saída. A Lavajato iria avançar e pegar a todos. Que a única solução seria derrubá-la. Naquele momento Aécio falava como se controlasse Moro. Com o passar da operação, o senador foi aparecendo em quase todas as delações e foi perdendo autoridade tanto entre seus pares quanto com a população. De um quase presidente eleito, hoje tem 14% no último Datafolha e ainda teve de ver seus vídeos sendo expulso da manifestação de 13 de março na Paulista circularem Brasil afora pelas redes sociais. Ao mesmo tempo que isso acontecia, Moro continuava acelerando com seu foco em Lula e no PT, mas ao mesmo tempo enchendo sua cesta de suspeitos de corrupção com gente do PP, PSD, PMDB e partidos menores de centro e de direita. São esses mais de 100 parlamentares que hoje estão neste balaio de delatados da Lavajato que se tornaram os votos decisivos para a aprovação ou não do impeachment. E quem negociava por eles? Ciro Nogueira, senador pelo Piauí e presidente do PP. Até a semana passada ele era considerado pelos articuladores do Planalto como um trunfo para barrar o golpe. Ciro falava em organizar um grupo com parlamentares do PP, PR, PSD, PT e quetais para impedir o impeachment de Dilma. Acertou ministérios, cargos em estatais e dava pinta de todo poderoso ligando e conseguindo adesões na frente de ministros. De repente, o Estado de S. Paulo revelou que Ciro havia tido uma reunião secreta com Temer em São Paulo. E o senador tirou a máscara, aprovou na sua bancada, fazendo de conta que tinha sido voto vencido, o apoio ao impeachment, e passou a chantagear e ameaçar a todos que buscaram compor com o governo desde terça-feira. Ontem, Ciro Nogueira, por exemplo, enquadrou  o vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA). O deputado havia marcado uma coletiva para anunciar que votaria contra o impeachment, mas recuou por conta das ameaças que sofreu. Entre outras tantas exigências que Ciro Nogueira teria feito a Temer uma seria a de demonstrar claramente que poderia controlar a Lavajato. E aí que entra o juiz Sérgio Moro. De repente, Moro concede uma entrevista ao seu porta-voz midiático, Fausto Macedo, afirmando que acha ser o caso de encerrar o trabalho da operação em dezembro. A senha foi emitida de forma clara. No Congresso, houve comemorações. E por conta disso, o governo passou a ter margem pequeníssima de movimentação para barrar o golpe. Porque quem tiver um pelo do corpo na Lavajato vai votar pelo impeachment. A aliança Temer-Moro-Cunha ficou mais do que explícita na entrevista de ontem. Há ainda chances de segurar esse tsunami cada vez mais claramente golpista? Hoje elas são pequenas, mas ainda existem. O governo tem uns 140 votos certos. E existem uns 50 deputados que estão entre se abster e não ir votar porque perceberam que a operação em curso é muito mais podre do que a mídia está se permitindo relatar. Neste sentido, o exemplo é a postura assumida pelo deputado Aliel Machado, da Rede-PR. Ao se manifestar dizendo que não poderia compactuar com essa ação de Cunha e seus aliados e denunciar as pressões que sofreu. Aliel não ficou menor com isso. Ao contrário, se tornou um parlamentar muito mais respeitado do que se simplesmente votasse a favor do impeachment. Alguns deputados passaram a avaliar que esse caminho pode, mesmo se o impeachment for aprovado, lhes dar alguma segurança de futuro. O governo Temer pode vir a ser uma tragédia e aí, quem tiver votado contra Dilma agora pode pagar um alto preço eleitoral no futuro, principalmente nas periferias e no Nordeste. O efeito Aliel, porém, depende de grandes manifestações de rua contra o impeachment principalmente no domingo. Já não há mais margem tradicional de manobra.   E eu não sei se isso não é pode vir a ser bom....