O caminho mais curto do impeachment continua sendo o TSE  

Se alguém achava que a tese do impeachment tinha sido abortado, enganou-se. Depois do Carnaval, volta-se a ordem natural das coisas

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gilmar mendesDesde o início da Lava Jato tem ficado claro para quem acompanha o dia a dia da Operação e as articulações políticas que a envolvem que o movimento para cassar o mandato de Dilma Rousseff teria mais força se abortasse o caminho do Congresso, onde muitos dos que teriam de julgá-la estão envolvidos até o último fio de cabelo em casos de corrupção, como é o caso do presidente da Casa, Eduardo Cunha, e seguissem pela via da cassação da chapa pelo Tribunal Superior Eleitoral, TSE. Esse tem sido o instrumento mais eficaz para cassar mandatos políticos principalmente em municípios, mas também em estados. A fórmula ainda não foi usada em mandatos presidenciais, mas este parece ser o momento mais propício, já que o governo de Dilma não consegue construir soluções para a crise econômica e tem tido dificuldades para recuperar a base política que o elegeu. A solução da cassação pelo TSE está em destaque hoje nos jornais por conta de uma investigação da PF e da Lava Jato nas contas da Odebrechet no exterior que poderiam ter alimentado o caixa do marketing de Dilma. O marqueteiro João Santana fez uma dezena de campanhas internacionais nos últimos anos e provavelmente recebeu recursos de empresas brasileiras com interesses lá fora para tocar esses trabalhos. Como saber se esse dinheiro era para um campanha ou para outra? Se era para a de Dilma ou de um candidato na Angola? Mesmo alguém em uma delação premiada pode usar essa narrativa com algum sentido para criar uma cortina de fumaça e buscar escapar da prisão. Aliás, as delações que são instrumentos onde não se pode mentir, estão cada vez mais repletas de contradições o que indica que alguns do que estão falando não estão cumprindo o acordado. Marina Silva e Aécio Neves serão os grandes beneficiados de uma cassação de Dilma e Temer pelo TSE. Porque eles é que teriam condições objetivas de se lançar candidatos neste contexto. Se alguém achava que a tese do impeachment tinha sido abortado, enganou-se. Depois do Carnaval, volta-se a ordem natural das coisas. E o impeachment continuará na agenda política deste ano, dando flashes para alguns congressistas, mas, fundamentalmente, ganhando força onde ele tem mais chances de acontecer, no judiciário. A cassação da chapa Dilma e Temer sempre foi o principal objetivo daqueles que mais operam pelo impeachment. E nunca é demais lembrar que o próximo presidente do TSE será Gilmar Mendes, que, como sabe-se, não é um juiz  que costuma tratar Dilma, Lula e o PT com qualquer nível de condescendência.