Partido X: política baseada nas redes

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Na última terça-feira foi lançado o site de um novo partido político espanhol, o Partido X – El Partido del Futuro. Resultado da articulação política de integrantes do 15M e de movimentos que defendem a cultura e os softwares livres, a nova legenda diferencia-se dos partidos politicos tradicionais em diversos aspectos.

O Partido X possui como principais bandeiras a participação direta da sociedade na elaboração e aprovação de leis, a transparência e a utilização da internet como ferramenta de trabalho. Outro diferencial é o anonimato dos seus integrantes. Até as eleições espanholas, o Partido X irá preservar a identidade dos seus membros.

Sob o lema “Democracia y Punto”, o partido tem o objetivo de assegurar que a crise econômica afete aqueles que a criaram, os especuladores, e não os trabalhadores da Espanha.

Veja o vídeo de apresentação do Partido X:

O repórter Felipe Rousselet fez uma breve entrevista com o jornalista espanhol Bernardo Gutierrez sobre a criação do novo partido.

Além de jornalista, Gutierrez é escritor, fundador da rede de inovação Futura Media e ativista vinculado ao movimento 15m. Cabe aqui agradecimento ao Bernardo, que mesmo em viagem pela África profunda, conseguiu tempo e conexão para responder as questões a seguir.

Quais as diferenças essenciais entre o Partido X e os demais partidos políticos da Espanha?  

Primeiro, que não está baseado em uma ideologia. Procura, coletivamente, um método, um processo. Segundo, nasceu dentro da lógica da rede, com conteúdo distribuído, com a lógica meritocrática dos hackers, sem lideranças. Pretende usar o sistema, os buracos do sistema, para mudar o mesmo.

Qual a importância de um partido como o Partido X, que tem como pilar a participação direta da sociedade na definição de políticas públicas, em um momento de crise econômica? 

Além da crise econômica e ética, existe a crise democrática. A democracia representativa, na Europa, e também no Brasil, está em crise. Nem se quer o imaginário e a 'participativa'. Estamos todos procurando um protótipo de democracia em rede, aberto, em tempo real. Não basta o e-governement ou  o open data. Temos que ter transparência e participação em tempo real.

Você acredita que a população espanhola vive hoje, de fato, em uma democracia? 

Nem a espanhola, nem a francesa, nem a inglesa e nem nenhuma. Espanha, aliás, vive governada pelos mercados, pelos empresteiros que especulam e tiram lucro do Estado, as custas dos serviços públicos.

Qual a razão para o anonimato dos integrantes do Partido X?  

É estratégica. É tentar levar a lógica das redes para a política. Se o Anonymous fosse um partido, seria parecido com o Partido X.

Você acredita que o Partido X terá condições de eleger representantes nas próximas eleições? 

Acho que sim, vai fazer barulho, ainda que o mais interessante será o processo, as campanhas, e ver como o velho mundo vai tentar  o deslegitimar sem argumentos.