Por que o PSDB não ganha a eleição de 2018

O Brasil de 2017 será pior do que o de 16 do ponto de vista da economia e das dificuldades sociais. É a partir deste cenário que se deve analisar 18.

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Por muito tempo o PSDB foi considerado o partido do muro. Era um tempo em se tinha à esquerda PT, PCdoB, PSB e PDT. E à direita partidos como PDS (depois PP), PFL (hoje DEM), PTB e outras siglas tão respeitáveis quanto. O PSDB era o centro. E se fazia de noiva pra apoiar um lado ou outro. Na sucessão de Erundina, em 92, por exemplo, o partido em São Paulo apoiou em sua ampla maioria Paulo Maluf contra Suplicy. Mas mesmo assim, fazia de conta que era de centro-esquerda. Mas aí veio Fernando Henrique Cardoso e sua agenda neoliberal e o PSDB foi aos poucos deixando absolutamente claro o que era, um partido de centro-direita, mais de direita do que de centro. Sendo que do ponto de vista econômico, mais à direita que outras siglas que em suas agendas rastaqueras defendiam e ainda defendem aberrações como a pena de morte e redução da maioridade penal para até 14 anos. Aos poucos o descer do muro para defender essa visão macroeconômica, porém, foi fazendo o partido se aproximar dos capitães do mato da vida cotidiana. Hoje, no PSDB não são poucos os ex-policiais acusados de massacres, chacinas ou com imensa ficha corrida de assassinatos e violações aos direitos humanos que ocupam cargos públicos sob o manto da legenda que nascera pra combater o fisiologismo de Orestes Quércia. E cujo mantra sagrado era a ética. Mas, sendo justo, não são só ex-policiais. Há bandidos mesmo. Acusados de crimes de todas as ordens que atuam em alguns lugares na franja do tucanato.  E em outros no centro. No cocoruto do poder. Mas o que isso tem a ver com a eleição de 2018 e com as chances de o PSDB vencê-la? Há um ditado que diz que o uso do cachimbo entorta a boca. E o PSDB de hoje já não é mais um partido. Ele é uma sigla abrigando interesses diversos e contraditórios. E na disputa desses interesses há líderes que se odeiam e que estão dispostos a qualquer ação para eliminar o outro. E a guerra já começou. A eleição de Aécio Neves para o comando da sigla até junho de 2018 num golpe interno onde ele contou (pasmem!) com a ajuda de Serra é algo que ainda não foi compreendido em sua dimensão pela análise política. Aécio e Serra não fizeram acordo para o futuro. Apenas para o presente imediato, segurar o que parecia inevitável, uma candidatura de Alckmin em 2018. E deixaram o futuro pra decidir depois. Se vierem a ganhar o braço de ferro com o governador paulista, podem fazer um acordo. O que tiver melhor condição para a disputa sai a presidente e o outro a governador ou de Minas ou de São Paulo. Ou podem voltar a guerrear até se matarem mutuamente. Alckmin já entendeu o recado e, por um lado, começa a chantagear Temer não com uma ação tucana, mas via PSB. As notinhas plantadas em jornais dando conta de que o partido que já foi de Arraes poderia deixar o governo são na verdade um recado de Alckmin, que pode pular para o barco socialista (pausa para uma imensa gargalhada...). Por outro lado, tenta convencer correligionários que só ele pode vencer em 18 para tentar levar na disputa interna. E aposta que a tragédia Temeriana lhe será favorável para se tornar o único candidato viável. Diferente de Serra e Aécio, Alckmin tem defendido que deve manter distância regulamentar do governo Temer. E tem feito isso de forma rigorosa. Buscando não se contaminar com a baixa popularidade do presidente em exercício. A estratégia de Alckmin parece a mais adequada para o momento. E por isso mesmo, talvez daqui a algum tempo ele venha a perceber que para operá-la não terá como continuar no PSDB. Alckmin para se viabilizar terá de mudar de partido porque o PSDB já estará absolutamente contaminado. E sem Alckmin no barco, o partido irá à deriva, contribuindo para desmantelar completamente com a hegemonia que prevalece desde 94 onde as disputas pelo governo federal sempre tiveram como principais atores o PT e o tucanato. Aécio e Serra não são páreos para Lula e nem para uma terceira via mais robusta que ainda está por surgir. Eles são candidatos marcados pelo ódio. E colherão o ódio que plantaram com juros no próximo pleito. Alckmin então se torna o favorito em 18? De maneira alguma. Ao contrário, pode se tornar até um candidato menor. O que parece mais forte neste momento, a despeito de todas as previsões contrárias, é que o fim do PSDB, mesmo sendo grande vencedor das últimas eleições municipais, pode estar mais próximo do que o do PT. O PT ainda tem Lula, que unifica o partido. Se for candidato, todos estarão com ele. Se for condenado injustamente e essa possibilidade vier a ser obstruída, isso tende a ampliar o mito. O Brasil de 2017 será pior do que o de 16 do ponto de vista da economia e das dificuldades sociais. É a partir deste cenário que se deve analisar 18. E neste contexto, o PSDB que jogou todas as peças para derrotar o PT, se derrotou. E pior, pode vir a ver o adversário se recuperar. Senão em 18, em 22. Porque 18 se não for do Lula, tende a ser de um aventureiro.