Saúde: Padilha é um ministro político ou técnico?

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O texto do blog de Verones Carvalho sobre a indicação de Alexandre Padilha para o ministério da Saúde é perfeito. Ele agrega qualidade ao comentário que fiz quando anunciei aqui que Dilma havia batido o martelo na indicação de seu nome para o cargo. Merece ser lido. Capacidade técnica e habilidade política credenciam Padilha para ser ministro da Saúde Primeira mulher a chegar ao Palácio do Planalto, Dilma Rousseff assume o comando do Brasil em seu melhor momento histórico, mas terá diante de si imensos desafios. Para aprofundar o projeto de inclusão social e desenvolvimento iniciado no Governo Lula, Dilma tem de montar uma equipe afinada e capaz, que lhe auxilie a honrar todos os compromissos assumidos durante sua campanha.  Com a clareza de que a saúde será um tema prioritário em seu governo, Dilma deu esta missão ao ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais. Além de ter sua total confiança, Padilha, que é médico infectologista, demonstrou a habilidade política e a capacidade técnica necessárias ao cargo.  Membro do núcleo decisório do Governo Lula e da coordenação da campanha vitoriosa de Dilma, à qual pode dar sua dedicação integral no segundo turno ao tirar férias do cargo de ministro, Padilha se mostrou capaz de ouvir, ponderar e dialogar para construir consensos. Somado à aptidão para o diálogo, o indicado tem o conhecimento técnico sobre a área, o que lhe rendeu o apoio da área da saúde, traduzido por manifestações desde o início da transição.  Melhorar as condições da saúde no Brasil é uma tarefa ampla, que depende do aperfeiçoamento das condições de financiamento e gerenciamento do setor e da montagem de um pacto entre os entes federados que estabeleça metas e indicadores comuns e preveja responsabilidades.  A reestruturação do setor demandará um esforço para modernizar sua legislação e ampliar a articulação com governadores, prefeitos e sociedade civil. Por isso, o trânsito que Padilha conquistou no Congresso Nacional como articulador político do Presidente Lula certamente será muito útil ao Padilha ministro da Saúde da Presidente Dilma.  Sua relação com prefeitos e governadores o auxiliará no cumprimento da meta estabelecida pela presidente Dilma de concluir a estruturação e otimizar o funcionamento do SUS. Assinados em 2009, os Compromissos Mais Amazônia e Mais Nordeste pela Cidadania – ambos montados sob a coordenação de Padilha, então Subchefe de Assuntos Federativos da Presidência da República – mostram como ações integradas entre o ministério da saúde e as secretarias estaduais e municipais, focadas na redução da mortalidade infantil, ampliam a eficácia da ação do poder público.                  Por meio da cooperação federativa, a meta é acelerar o ritmo de redução nos índices de mortalidade infantil, que caiu 20,5% entre 2003 e 2008, de 23,9 mortes por mil nascidos vivos para 19 por mil. Do início do Governo Lula até 2007, a retração do indicador no Norte e no Nordeste foi de 35,5 para 27,2 por mil nascidos vivos e de 23,6 para 19,6, respectivamente.                 Mais que uma escolha profissional, Padilha encontrou na medicina um campo de mobilização e transformação política. Graduado pela Unicamp, com especialização em infectologia pela USP, desde cedo participou do movimento em defesa do SUS. Ele fez parte da geração de estudantes que criou a Denem (Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina), a qual presidiu, e a Cinaem (Comissão Interinstitucional Nacional de Avaliação do Ensino Médico). Ainda no movimento estudantil, Padilha se empenhou na defesa da reforma sanitária, a partir da 8ª Conferência Nacional de Saúde.  No departamento de doenças infecciosas da Faculdade de Medicina da USP, implantou e coordenou o núcleo de extensão em Medicina Tropical, no interior da Amazônia. Em parceria com o Ministério da Saúde, OPAS e OMS, coordenou, neste núcleo, ações de controle, pesquisa e assistência às doenças tropicais, especialmente à malária – tema sobre o qual tem trabalhos publicados em revistas nacionais e internacionais.  Essa experiência aliou o contato com as gestões municipais e os hospitais de alta complexidade de São Paulo ao relacionamento com as comunidades urbanas, rurais e indígenas da Amazônia.  Por sua trajetória profissional e sua reconhecida capacidade de dialogar, Alexandre Padilha se credencia para ser o ministro da Saúde do governo da Presidente Dilma Rousseff. Junto com o posto, Padilha assume enormes desafios, mas seu sucesso à frente da coordenação política do Governo Lula revelou que ele é talhado para vencê-los.