Viva a vaia recebida por Lula

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Uma vaia como a que Lula tomou no Maracanã na abertura dos Jogos Pan-Americanos deveria ser contratada a cada par de meses para os governantes, principalmente no Brasil, um país que tem necessidades e desafios imensos e onde as coisas sempre andam mais devagar do que deveriam.

Eu adorei saber que Lula foi vaiado. Acho que nos últimos meses ele tem sido aplaudido demais. Há muito mais gente lhe alimentando a soberba do que lhe advertindo para os inúmeros erros e equívocos do seu segundo governo.

Agora, as vaias que Lula recebeu não são catastróficas. Isso é bobagem e torcida de colunistas tucanos e da mídia panfletária. Elas são apenas a expressão de um descontentamento do segmento médio da população que vive nas grandes cidades do Sul e Sudeste.

O governo Lula ainda não conseguiu acertar seus ponteiros com esse segmento. Fosse essa edição dos Jogos Pan-Americanos em Salvador ou Recife, por exemplo, Lula seria ovacionado por minutos e minutos seguidos.

Assim é a vida do homem público. Mais aplausos onde os acertos são maiores, mais vaias onde os erros se destacam. Quem vive no Rio de Janeiro sabe por que vaia. Lula fez muito pouco para a cidade no seu primeiro mandato. E hoje ela vive em guerra. Lula diz ter planos gigantescos para o futuro. Fala em urbanizar inúmeras favelas e colocar o Estado em todos os cantos. Seria ótimo. Mas tudo ainda está nos planos. E um governante não merece ser aplaudido por planos.

O governo Lula também não teve uma atuação que garantisse melhora na qualidade de vida da classe média histórica. Fez muito mais pelos setores populares e para a classe média emergente. Isso lhe garante mais aplausos cá do que lá.

O que isso quer dizer? Que Lula é um homem público que fez opções e recebe aplausos e vaias por elas.

E qual o problema disso? Absolutamente nenhum. Se Lula ou qualquer outro político no Brasil só recebesse aplausos, eu do lado de cá da tela ficaria muito preocupado.

Aliás, para ser bem franco, nos últimos meses andava ressabiado com essa mitificação do atual presidente da República. Ele não é semi-deus. É um político. Homem público. Que precisa ser advertido e cobrado pelos seus atos. Fazer o contrário agora é o melhor caminho para encaminhar seu governo para o desastre.