Xico Sá: Kassab é espécie de Jânio Quadros sem álcool

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Mandou muito bem Xico Sá no seu blogue. Já aderi ao movimento por ele sugerido: no dia da virada, vou levar o meu isopor cheio de cervejas pra calçada. Pela desobediência civil na Virada Não há limite para o alcaide de São Paulo de Piratininga, a ex cidade aberta qual uma rosselliana Roma (o filme ai na fotinha acima), agora uma geografia sentimental proibidona. Kassab é realmente mestre do empata-foda, com toda a licença da expressão tão real quanto baixa. Desculpem ai, senhoras e senhores, mas não há como dizer em outros termos da redundante real-politik. Vamos nessa.   O cara fez o que pode para destruir a noite de SP, o maior e mais lucrativo parque de diversões noturnos do planeta, lacrando bares, restaurantes, puteiros, ambientes familiares, casas de shows, cabarés, saunas, puxadinhos desobedientes, apêndices de todas as naturezas. A triste imagem dos botecos ou casas chiques emparedados é o signo da burrice-mor na terra do velho Oswald de Andrade. O sinistro K., não contente em fechar os estabelecimentos, ergue um muro neofascista para humilhar os já lacrados portões de ferro. Assim como toda arquitetura da destruição da rampa antimendigo, em sociedade aberta com os tucanos, assim como os bancos de praça anitivagabundos e as fontes contra banhos dos feios, sujos e malvados da praça da Sé e arredores. Agora Kassab empata de novo o prazer da grande festa de rua da cidade, o carnaval de fato da pauliceia, a Virada Cultural que acontece no próximo final de semana. Espécie de Jânio Quadros sem álcool, o sr. K. proibiu a venda de bebidas na rua. Vê um show bacana e pegar ali uma latinha com o camelô, esquece. É crime. Depois de 1 da manhã, ou seja, quando a brincadeira começa, nem os bares podem vender mais uma cerveja. Lei seca na maloca. Fazer o quê, é levar isopor, engradados e cantis de casa. O regulamento só fala sobre a venda. Meu fígado é um desobediente civil por natureza. Afinal de contas, da nossa saúde ou da falta dela, cuidamos nós, ninguém mais, meu prezado.´ Era só o que faltava: municipalizar nosso pobre esqueleto. Kassab e sua equipe precisam aprender a fazer festa de rua com cidades vocacionadas para este ramo, como o Recife e Salvador, por exemplo, sob pena de estragar a boa fuzarca, a coisa pública.   A polícia paulista idem, carece de aprendizado, para não provocar tumultos à toa, como ocorreu no show dos Racionais MC´s em 2007 e, em menor escala, em todas as edições seguintes. Celebrar a vida nas ruas é uma arte milenar de gregos & baianos. A Parada Gay e a Virada são bons e novíssimos exemplos de SP, apesar do kassabismo e suas digníssimas senhoras de Santana. Por uma São Paulo romana, babilônica, rosselliniana, felliniana e reaberta, proclamo, desobediência civil por completo durante a Virada. Que cada um seja dono do seu fígado, do seu rumo e da sua ideia de festa e existência.