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OPINIÃO
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Em política, o que vale em geral não é o dito, mas o que se deixou de dizer. Não é a ação, mas o que ela esconde.
Quando assisti à cena de Bolsonaro dizendo ao tal gordinho de Recife que ele deveria apagar o vídeo em que citava o presidente do PSL, Luciano Bivar, porque "estava muito queimado" fiquei com um elefante atrás da orelha.
Não me parecia fazer nenhum sentido aquela cena. A não ser que ela fosse armada. Ou tivesse ao menos sido planejada. Cheguei a comentar isso no programa Fórum Onze e Meia. Aquela cena tinha cheiro de armação.
Bolsonaro a usou para mandar um recado para Bivar. Um recado do tipo mafioso. Ou você recua e entrega o parido de bandeja para os meus filhos ou vai sentir a mão pesada da famiglia e do Estado nas suas costas.
Hoje com a busca e apreensão da Polícia Federal na casa de Bivar tudo passa a fazer sentido.
De duas uma, ou Moro havia avisado o PR (ele gosta de chamá-lo assim) de que não tinha como controlar a investigação da PF sobre os laranjas e que Bivar seria alvo. Ou a PF foi acionada por Moro para pressionar Bivar a forçá-lo a entregar o partido do jeito que o PR quer.
Moro já deu mostras do que é capaz no processo de Lula. Sua presença à frente do Ministério da Justiça é um risco à democracia no Brasil. E este episódio demonstra isso.
Bolsonaro e Moro se toleram, mas ao mesmo tempo precisam muito um do outro. E ainda estão jogando juntos.
Não é recomendável que este episódio passe batido. Deputados e senadores ou reagem agora ou podem organizar a fila para o matadouro.