O ex-presidente Lula está em Brasília desde segunda-feira à noite, quando jantou com o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) e conversou com ele sobre sua candidatura ao governo do Rio de Janeiro por um arco político que poderia ir da centro-direita até à esquerda.
Na conversa, Freixo deixou claro que se precisasse sair do PSOL para avançar com o projeto o faria. E sinalizou que estaria conversando com o PSB à respeito.
Este foi o primeiro lance de Lula em direção à construção de um palanque político mais amplo para poder sustentar sua candidatura num estado decisivo, o Rio de Janeiro. Agora há pouco, Lula conversou com Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara e aliado de Eduardo Paes, o atual prefeito do Rio de Janeiro, sobre o mesmo assunto. Ao mesmo tempo Lula também teve uma reunião ontem com Alessandro Molon, do PSB.
Por que até agora Lula aproveitou sua passagem por Brasília para centrar suas conversas sobre as articulações no Rio de Janeiro? Porque sabe que para derrotar Bolsonaro terá que ter um amplo palanque no estado onde o PT tem dificuldades, mas o lulismo é forte. Nas vezes que o PT venceu as eleições presidenciais com ele e Dilma, o Rio e Minas foram decisivos para essas vitórias.
As movimentações de Lula para criar uma frente eleitoral ampla no Rio de Janeiro, porém, não tem a ver apenas com o Rio. O ex-presidente escalou um estado para servir de exemplo para o que pretende fazer pelo Brasil afora O Rio de Janeiro é apenas a primeira experiência neste sentido.
Ontem à noite, por exemplo, Lula jantou com o senador Weverton, do PDT do Maranhão. Weverton é candidatíssimo ao governo do Estado, mas é do partido de Ciro Gomes. Ao conversar com ele, Lula deixou claro que não via como um problema que tivesse dois palanques no estado se porventura fosse escolhido como o candidato do campo progressista. Se Ciro vier a ser um problema para isso, Weverton poderia inclusive sair do PDT.
Algo que o senador Fabiano Contarato, da Rede do Espírito Santo, já está pensando em fazer depois de ter conversado com Lula. Contarato poderia ser o candidato de Lula no estado pelo PT. Já que o atual governador Renato Casagrande (PSB) tem inclinação a apoiar Ciro Gomes ou um outro candidato de "centro" em nível nacional.
Ao ir conversando e reconstruindo pontes com antigos aliados que até o deixaram na mão no impeachment de Dilma, como o ex-senador Eunício de Oliveira (PMDB-Ceará), Lula vai embaralhando completamente peças que pareciam já estar posicionadas para 2022. E bagunçando totalmente o jogo político.
Depois da volta de Lula, se Bolsonaro perdeu o favoritismo, candidaturas como a de Ciro Gomes, que contava com o Nordeste para passar dos 12%, também foram atingidas antes da decolagem.
O ex-presidente está só começando a conversar. Mas suas movimentações rápidas e certeiras já mostraram que ele está em absoluta forma. Lula voltou ao jogo e na melhor forma.