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Jornalistas experientes estão espantados com o recuo da Globo no caso da denúncia envolvendo o presidente da República Jair Bolosnaro no assassinato da Marielle. E os motivos para isso são basicamente um. Pode-se acusar a emissora de tudo, menos de que não tenha um time grande e competente para realizar apurações e checagens.
Mesmo quando manipula e mente, a Globo costuma ser competente.
Por este motivo, esperava-se que após abrir a caixinha envolvendo o presidente em algo tão grandioso como um assassinato, a emissora teria reservado para o dia seguinte uma nova reportagem do caso detalhes ainda mais reveladores da história.
Relaciono neste post uma série desses pontos que seriam básicos no mínimo como ponto de partida para perguntas a serem feitas às autoridades ou tratados pela edição do JN. Mas nada disso ocorreu. A Globo negociou? Foi ameaçada? Fez um recuo estratégico, mas vai voltar com novidades em breve? Não faz sentido abrir uma reportagem investigativa contra um presidente da República e depois simplesmente deixar essa lista de perguntas em aberto.
Segue o fio:
1 – A história do livro de registro que leva ao porteiro do condomínio Vivendas da Barra tem início com a apreensão, ainda em março, pela Polícia Civil do celular de Ronnie Lessa, que está preso por ser considerado um dos assassinos de Marielle Franco e Anderson Gomes. Lessa não forneceu as senhas do aparelho e os peritos do MP só conseguiram acessar os dados no começo deste outubro. Neste celular é que foi encontrada uma mensagem comprometedora de sua mulher, Elaine Pereira Figueiredo Lessa. Em janeiro, um dia antes de Ronnie e Élcio de Queiroz prestarem depoimento na Delegacia de Homicídios (a dupla foi presa em março), ela enviou uma foto mostrando o registro da entrada de Élcio no dia do crime. E pede que o marido avise o parceiro sobre isso. É a partir daí que a polícia vai ouvir o porteiro. E neste depoimento chega ao livro de registros em que está anotada a casa de Bolsonaro. O porteiro, então, confirma que se lembra de que Lessa e Élcio pediram para ser anunciados na casa de Bolsonaro e que foi ele quem atendou a ligação. E que depois se dirigiram à casa 66. Quando o porteiro ligou de novo, o “seu Jair” teria confirmado que sabia para onde eles iriam. Por que o porteiro anotaria o número da casa errada no dia da visita? Qual o interesse dele em inventar a mudança de rota do carro dos considerados assassinos?
2 – O jornalista Luís Nassif revela hoje no GGN que fonte que considera fidedigna teria lhe informado o seguinte:
- O condomínio abriu mão de interfones, por ser caro e por problemas de instalação. Optou-se por telefonar ou para o celular ou para o telefone fixo de cada proprietário.
- No caso de Bolsonaro, as ligações são para o próprio celular de Bolsonaro. E é ele quem atende. O que significa que a versão do porteiro não era descabida. Ou seja, o fato de estar em Brasilia não o impedia de atender o telefone.
- Carlos Bolsonaro, o Carluxo, também recebe os recados pelo celular. Em geral, fica pouco no condomínio, pois prefere permanece em seu apartamento na zona sul. Mas porteiros ouvidos por moradores sustentam que, naquele dia, ele estava no condomínio.
- O porteiro do depoimento está de férias. Mas moradores do condomínio foram, por conta própria, conversar com os demais porteiros. E eles garantiram que a ligação foi feita para Bolsonaro mesmo.