Sem condições para golpe, Bolsonaro faz show da mamadeira de piroca com impeachment de Alexandre de Moraes

É preciso tratar Bolsonaro na sua exata dimensão. Como um dos presidentes mais fracos da história recente do país, um político desastrado, um covarde, um sujeito perdido e sem perspectiva de futuro político. Sem romantizá-lo.

Jair Bolsonaro (Foto: Alan Santos/PR)
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Bolsonaro é um político sem talento que ganhou um mandato presidencial por força do golpe de 2016 e da injusta prisão de Lula em 2018. Um abjeto que fez carreira defendendo a tortura e atacando gays, lésbicas, negros e mulheres. Um sujeito que não sabe o que fazer com o que poder que lhe foi conferido nas urnas e que por isso, em desespero, fica ameaçando às instituições. Ameaças que mostram cada vez mais sua boca banguela para atingir o alvo. Porque Bolsonaro é um jacaré sem dentes.

É preciso colocar a bola no chão para não se assustar com os grunhidos que vêm do Palácio do Planalto. Há muito este blogueiro vem apontando que se não há condições para o impeachment, porque Bolsonaro comprou o centrão, também não há espaço para golpe porque ele já não tem mais sequer a mesma força que já teve nas Forças Armadas para uma aventura desesperada.

A cartada mais recente de Bolsonaro mostra isso. Ao pedir ao Senado o impeachment do ministro do Supremo Alexandre de Moraes, o presidente da República sabe que não terá chance de vitória. Muito pelo contrário, foi avisado por todos os seus assessores mais próximos e também pelos seus articuladores do centrão que tende a ser humilhado se porventura Rodrigo Pacheco abrir o processo, mas que o mais provável é que sequer o presidente do Senado aceite a denúncia.

Mas por que então sabedor da humilhante derrota antecipada, Bolsonaro foi para o jogo?

Porque quer manter em ritmo de batalha seus apoiadores na base de qualquer factóide. Nas eleições de 2018, muitos deles se mobilizaram para derrotar Haddad, dizendo que ele tinha criado o kit gay para distribuir nas escolas e junto com ele entregava uma mamadeira em formato de pênis para bebês e crianças, a tal mamadeira de piroca. Não foram poucas as pessoas que juravam ter tido contato com o kit e visto a tal mamadeira. Não só gente menos informada dos setores populares caia na fake news, como também aqueles que se julgam o suprassumo da sociedade, os tais cidadãos de bem, bradavam pelo fim da pedofilia nas escolas e da transformação de crianças em exército LGBT.

O impeachment de Alexandre de Moraes se enquadra nesta estratégia. É diversionismo para a patuleia, para o seu exército da salvação nas redes sociais, não exatamente algo que mobilize as Forças Armadas ou possa levar a um golpe.

É possível que Bolsonaro percebendo que será derrotado nas eleições possa até renunciar ao mandato. Isso é mais fácil de acontecer do que obter o impeachment de um ministro do STF ou qualquer outra coisa que enseje um ataque mais grave às instituições. Por este motivo é necessário não perder tempo com análises fatalistas e derrotistas que transformam um presidente fraco num super homem.

É preciso tratar Bolsonaro na sua exata dimensão. Como um dos presidentes mais fracos da história recente do país, um político desastrado, um covarde, um sujeito perdido e sem perspectiva de futuro político. Sem romantizá-lo. Sem deixar que paute o debate político com seus devaneios. Só assim se caminhará para o seu necessário enterro político. Que não vai ser tão breve quanto muitos gostariam, mas que está suficientemente próximo para que não haja desespero. Lula avança como um foguete neste sentido.