Crise de confiança na democracia caricata

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Confiar no Executivo Federal que escalou o poder na surdina? Cochichos, tramoias, traições, risos cínicos, conluios nos jardins do Jaburu e indisfarçável golpe. A “solução” Temer soa como burlesca. Acreditar no Legislativo Federal que protagoniza o constrangimento nacional? Esculacho, performances ensaiadas, jogo de cena, partidos de ocasião, o empurra-empurra para parecer sério na foto, a estética malandra do “é dando que se recebe”. Seções plenárias como avacalhação. Protagonismos de Renan e Cunha são burlescos. Dar crédito ao Judiciário que como sistema aguça a noção de teoria das elites? Os juízes estão sob suspensão. A Soberaníssima Corte deu notórios sinais de subordinação a determinados setores da sociedade. Pedantismos transformados em vulgaridades das disputas da baixa política. Narcisismo togado. Confiar na Imprensa como expediente de debate público? Notícias seletivas, coronelismo nas concessões, enquadramentos tendenciosos, monopólio de versões, jabá jornalístico, desonestidade intelectual, redes de rádio comandadas por caciques sem cocar, redes de TV alimentadas pelo capital político, igrejas eletrônicas, zona organizada pelos cafetões do mercado. Cafajestice cafona. Com o descrédito do sistema democrático e a desconfiança ampla em relação às instituições políticas, sobram aos brasileiros o “idílico” Mercado. Descola-se a vida da política e a reduz ao homo economicus. Importam o consumo e a produção. O resto é a política. Que triste sina! Depois do porre homérico a ressaca. Despois da ressaca, que venha a teimosa esperança!