Revista Veja e o “último” canto do cisne

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Conheço liberais honestos nas suas convicções que conscientemente avaliam o governo Dilma e preferem o que anuncia o candidato Aécio. Conheço pessoas que na sua subjetividade gostam mais do Aécio do que da Dilma. Conheço partidários do PSDB que construíram suas identidades eleitorais na negação do petismo. Como não levar em consideração os conteúdos de classe social, gênero, religião, raça, região, faixa etária e tantos outros fatores que nos atravessam e nos definem. Aos tais eleitores do Aécio, todo o meu respeito! Fujamos do maniqueísmo raso. O voto revela nossas vontades, tanto quanto nossa raiva. Os marqueteiros trabalharam nessas eleições muito mais com os fatores emocionais do que com os racionais. Nenhuma dificuldade em admitir as grandes diferenças entre os brasileiros. As ações da Revista Veja nesta sexta-feira, 24/10/2014, envergonharam mesmo àqueles que reproduzem os seus conteúdos nas redes sociais acriticamente. Percebo certo constrangimento no ar. Nenhuma credibilidade jornalística. Absoluta anomalia intelectual. Daqui da minha torre de vigia acho que a Veja prejudicou muito Aécio nessa reta final. Subestimou a inteligência daqueles que encontraram motivos mais sérios para buscar uma representação política tucana. Nas aulas de ética jornalística que ministro conversamos que imparcialidade é algo que não existe. Ciente das suas preferências políticas, culturais, econômicas e sociais os jornalistas devem primar pela honestidade. Os veículos de comunicação precisam das receitas de publicidade e das vendas das edições, mas são irremediavelmente dependentes da credibilidade. O profeta é julgado pela sua profecia. Transgredir no conteúdo anunciado é perder a credibilidade. Não há publicidade que possa devolver a credibilidade perdida. Mentir deliberadamente para fazer prevalecer uma ideia é tentar fazer o leitor de idiota. Atuar para induzir o voto é tentar fazer o eleitor de mal informado convicto. Quem reproduz rumores como se fossem verdades talvez seja mal intencionado. Confundir isso aí com liberdade de imprensa não é razoável. O termo jornalismo circense não é adequado, pois, os profissionais do circo “não são sérios”, mas ao menos são criativos. A Veja é óbvia demais. Ai dos padres e pastores que ilustrarem suas prédicas com conteúdo da Veja, pois serão chamados de sem noção. Ai dos jornalistas de rádio e TV que reproduzirem o conteúdo da Veja nos seus programas, pois serão chamados de preguiçosos. Ai dos estudantes que apresentarem trabalhos acadêmicos com citações da Veja, pois serão chamados de inocentes. Ai dos artistas que alimentarem a criatividade lendo Veja, pois serão chamados de chatos. Ai dos psicólogos que buscarem vestígios de comportamentos humanos nas páginas da Veja, pois desenvolverão raiva e morderão os seus pacientes ou clientes. Ai dos empresários que fazem da Veja bússola para tomada de decisão nos seus negócios, pois vão acabar chamando urubu de meu louro. Enfim, minha esperança é que Aécio entre com recursos e exija retratação dessa anomalia jornalística chamada Revista Veja. Foram longe demais. Prejudicaram o candidato tucano dois dias antes das eleições. Essa ação desastrada vai ser conhecida no futuro como “os aloprados da Veja”. Tão perto do pleito eleitoral o que se disputa é o voto dos indecisos. Tenho comigo que a Veja vai ser acusada pelo PSDB de ter convencido a muitos a votarem na Dilma.

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