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Nova pesquisa Exame/Ideia mostra avanço de Lula

Os números ajudam a neutralizar a narrativa, por parte de setores da imprensa corporativa, de que a campanha do ex-presidente Lula estaria passando por dificuldades, por falta de concessões aos liberais e conservadores.

Lula em Heliópolis, 21 dea abril de 2022Créditos: Ricardo Stuckert
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Uma nova pesquisa do instituto Ideia, em parceria com a revista Exame, derruba a narrativa de que o ex-presidente Lula estaria perdendo votos. 

Lula ganhou dois pontos, consolidando-se como líder isolado, com até 43%, 9 pontos à frente de Bolsonaro. A sondagem traz dois cenários, cenário 1 com Dória, cenário 2 com Leite. 

Lula tem 42% a 43%, Bolsonaro, de 33% a 34%. 

Ciro Gomes fica em terceiro lugar, com 10% em ambos os cenários. 

Em princípio, não se deve comparar com a pesquisa anterior, por que os candidatos mudaram (saiu Moro). Mas, de maneira informal, não machuca ninguém, então fizemos um gráfico. 

Além disso, fizemos um gráfico com a evolucão dos números da pesquisa espontânea: essa é perfeitamente comparável!

Análise

A pesquisa é boa para Lula, que é líder e continua crescendo. Esses números ajudam a neutralizar um jogo de pressão, por parte de setores da imprensa corporativa. Tenta-se emplacar a narrativa de que a campanha do ex-presidente Lula estaria passando por enormes dificuldades, e que a razão seria a falta de concessões mais claras a setores liberais da economia e conservadores da política. 

É boa também para Bolsonaro, que herdou a maior parte dos votos de Moro, e consolida sua vaga no segundo turno.

O gráfico com três momentos - janeiro de 2021, março de 2022 e abril de 202 - põe em relevo a mudança profunda no cenário eleitoral produzida pela anulação dos processos judiciais contra Lula. 

O petista tinha 17% em janeiro de 2021. Um ano depois, ele já pontuava 40%, e hoje tem 42%. 

Bolsonaro, por sua vez, tinha 36% em janeiro de 2021, e hoje tem 33%. 

Ciro Gomes vem minguando: tinha 11% em janeiro de 2021, hoje tem 10%.

Ciro se distancia de Bolsonaro e, portanto, de um lugar no segundo turno. Em março, Ciro estava 20 pontos atrás de Bolsonaro. Hoje está 23 pontos atrás. 

O comparativo da espontânea também mostra a evolução impressionante de Lula: o petista tinha 19% dos votos espontâneos em maio de 2021, e veio crescendo a cada pesquisa, atingindo 36% na pesquisa divulgada hoje. 

Bolsonaro também cresceu na espontânea: tinha 17% em maio de 2021, e hoje tem 28%. 

Ciro, por outro lado, chegou a pontuar 6% na espontânea, na pesquisa de junho, e hoje caiu para 4%. 

Segundo Turno

Lula mantém uma vantagem relativamente confortável sobre seus principais adversários, em cenários de segundo turno.

Num embate contra Bolsonaro, o petista venceria com vantagem de 9 pontos: 48% X 39%. Num eventual cenário em que Lula enfrentasse Ciro Gomes no segundo turno, o petista ganharia com 13 pontos de vantagem: 45% X 32%.

O petista venceria Doria com 24 pontos de diferença.

Rejeição a Bolsonaro

Esses números falam por si. Quase 60% dos brasileiros acham que Bolsonaro não merece ser eleito. Por outro lado, 40% acham que sim, que ele merece...

Trata-se de uma pesquisa realizada entre os dias 15 e 20 de abril, com 1.500 entrevistas por telefone. Em geral, Lula tem desempenho pior nas pesquisas telefônicas, supostamente porque elas tem mais dificuldade para captar votos de eleitores de baixa renda. 

Segundo o TSE, a pesquisa custou R$ 27,9 mil e foi paga pela revista Exame. 

Conclusão

É mais uma pesquisa a enterrar os sonhos vãos da terceira via, que exibe dois problemas mortais.

Primeiro, ela é dividida fatalmente em dois pólos ideológicos incomunicáveis.

De um lado, temos a candidatura de Ciro Gomes, com 10%, com baixíssima perspectiva de receber apoio das duas únicas grandes legendas "solteiras", União Brasil e PSD.

Mesmo se o PDT conseguisse, por um milagre, o apoio dessas legendas, isso ainda estaria distante de se converter em votos, visto que os eleitores dessas agremiações não são orgânicos, ou seja, não votam no candidato do "partido", e sim em candidatos com os quais eles tem algum tipo de afinidade.

Sem uma candidatura mais orgânica ou coerente com sua imagem, o eleitorado dessas legendas conservadoras tenderia a se dividir entre Bolsonaro (no caso do Sudeste e da classe média) e Lula (Nordeste e famílias de baixa renda). 

O segundo problema, mais grave, é a falta de votos. Mesmo se houvesse um acordo entre todos os candidatos da terceira via, incluindo Ciro, a soma de seus votos daria 19%, muito distante dos 65% dos votos somados de Lula e Bolsonaro. 

Abaixo, os gráficos dos cenários 1 e 2.   

Para baixar a íntegra da pesquisa, clique aqui