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Um laudo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, que realizou estudos durante sete meses, afirma que há, sim, riscos de interferência entre o 4G e a TV digital. "Se um usuário usar o celular 4G ao lado da TV digital atual haverá interferência e problemas na imagem. E não apenas em poucas cidades como se fala", diz Olimpio José Franco, presidente da Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão (SET). O material foi divulgado nesta quinta-feira, 13/02.
Por: Ana Paula Lobo
Do sítio: Convergência Digital :: 13/02/2014
Em entrevista ao portal Convergência Digital, Olímpio José Franco, rebateu a tese defendida pelo ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, de que a interferência entre o 4G e a TV digital na faixa de 700 MHz está concentrada em poucas cidades, entre elas, Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas. "Não. A interferência é real. O risco da tela negra é claro. A maioria das internas de TV digital no Brasil é interna. O celular não adaptado e eles não o são pode, sim, mexer na qualidade da imagem", diz o presidente da SET.
De acordo com o laudo da Universidade Mackenzie, realizado pelo Laboratório de TV Digital da universidade e já submetido ao Ministério das Comunicações e à Anatel, de acordo com a SET, a interferência prejudicial no caso da recepção de TV digital significará interrupção na recepção da programação, imagens congeladas ou tela negra. “Para preservar a qualidade da recepção do sinal de TV, é necessária uma combinação de diversas medidas de mitigação. Entre elas, alterações das antenas, adição de filtros nos televisores e nos transmissores LTE”, informa Cruz
O problema não é restrito ao Brasil. “Em todos os países que iniciaram a regulamentação para operação do serviço móvel celular em faixa adjacente à de televisão, as questões de interferência entre os serviços estão no cerne das discussões”, frisa Franco. Atualmente, segundo o executivo da SET, há um parque de cerca de 50 milhões de aparelhos de TV com o conversor celular. Caso o desligamento analógico se confirme para 2018 - data já postergada pelo governo - o parque brasileiro deverá chegar a quase 200 milhões de aparelhos - e todos, salienta Cruz, sem os filtros necessários.
Teles: preparem o bolso
"Isso vai custar muito dinheiro às operadoras, que ficaram com essa missão pela regra determinada pela Anatel. No Japão, por exemplo, o custo de instalação dos filtros - e lá a maioria das antenas é externa - ficou em US$ 3 bilhões - US$ 1 bilhão para cada operadora. E aqui? Esse custo não está mitigado ainda", frisa o presidente da SET. Para a entidade, os resultados dos testes comprovam que para preservar a qualidade da recepção do sinal de TV, é necessária uma combinação de diversas medidas de mitigação. Entre elas, alterações das antenas, adição de filtros nos televisores e nos transmissores LTE.
A Resolução 625/2013 da Anatel estabeleceu que o 4G/LTE ocupe a faixa de frequência de 698 a 806 MHz, que ficou conhecida como a faixa de 700 MHz, adjacente à de 470 a 698 MHZ que continua destinada no Brasil à TV aberta. Essa mesma resolução especifica parâmetros técnicos demasiado brandos para assegurar a convivência, porém vincula a licitação da faixa de 700 MHz, prevista para este ano, ao estabelecimento de um regulamento para a resolução das situações de interferências prejudiciais.
Entre as medidas propostas pela entidade para permitir a convivência do 4G/LTE e da TV digital em faixas adjacentes está a revisão dos sistemas domésticos de recepção de TV, em sua ampla maioria frágeis e antigos. “A necessidade de reformular o parque doméstico de antenas de recepção implica em custos expressivos, que ainda precisam ser calculados, e num enorme desafio logístico”, observa Franco.
Indagado se - diante da constatação da interferência e da determinação do governo de realizar o leilão da faixa de 700 Mhz ainda neste semestre - haveria o risco de o embate terminar na Justiça, Cruz evitou comentar. Segundo ele, a SET é uma instituição técnica. "Essa parte caberá aos empresários", disse, mas o executivo garante que os problemas serão muitos, inclusive para as prefeituras. "Muitas delas terão de gastar, e muito, para se adequar. E não será barato não", reafirma.
*Com informações da SET