A verdade sobre o bom momento da TV Globo

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Em recente texto publicado pelo FNDC (clique aqui para ler) e assinado por Paulo Macedo, somos informados do bom momento financeiro que a TV Globo vem experimentando, em especial, o ano de 2010, com crescimento de 25% no faturamento publicitário. O índice foi comemorado como o melhor ano da história, pelos executivos da emissora.
Parabéns à TV Globo, mas algumas considerações importantes devem ser colocadas para se compreender o porquê deste momento economicamente tão bom.

Só a Globo aumentou o faturamento?


Não. Todas as emissoras obtiveram um crescimento significativo em 2010. No SBT, o aumento foi de 32%. Na Band, 44%. A TV Record também cresceu e atingiu os mesmos 25% da TV Globo. Em um post anterior, neste mesmo blog (clique aqui para ler), apontei algumas hipóteses que visavam compreender como as emissoras de TV aberta no Brasil estão faturando mais apesar da queda dos índices de audiência. 2010 foi ano eleitoral, Copa do Mundo de futebol na África do Sul e, principalmente, crescimento da economia e do emprego e a política econômica de Lula para vencer a crise econômica de 2008/09. Com isso, o aumento do crédito, baixos índices de desemprego e aumento real da renda, se converteu em compras, e como a propaganda é a alma do negócio, o jeito foi anunciar.
Assim, as empresas investiram pesado em publicidade em 2010 e todas saíram lucrando com isso.

A TV Globo subiu no ranking das TVs abertas no mundo?

De acordo com o texto de Macedo, sim, e ocupa agora o terceiro lugar. Mas também devemos fazer uma consideração sobre isso. Como afirma o ansioso blogueiro sujo – PHA – em nenhuma democracia no mundo, uma emissora de TV aberta possui mais de 60% da audiência. E isso não se dá por falta de qualidade e atratividade dos programas, mas sim por em muitos países desenvolvidos existe uma regulamentação dos meios de comunicação que visa à democratização da TV aberta e a pluralidade de ideias. Octavio Florisbal, diretor geral da TV Globo, citou na cerimônia realizada (29), no Teatro Alpha, em São Paulo, os 50 milhões de pessoas que sintonizam o Jornal Nacional como caso de sucesso da emissora, “maior do que os quatro telejornais das principais redes americanas (NBC, CBS, ABC e Fox) juntas”. Entretanto, deve-se lembrar que a legislação americana impede que uma emissora de TV tenha mais do que 35% de audiência nacional e limita em apenas 4 horas o uso do horário nobre pelas emissoras cabeça-de-rede. O restante deve ser completado com programação local. Se aqui no Brasil vigorasse essa lei, o JN teria os mesmos 50 milhões de espectadores?

Este cenário positivo ainda vai continuar?

Sim, mas não irá durar muito. O Brasil está esta entrando no que a mídia convencionou chamar de a década de ouro. E a explicação para isso é simples: Copa do Mundo e Olimpíadas. Por conta desses dois eventos o faturamento das emissoras de TV e de outras tantas empresas, segmentos e prestadores de serviço irão aumentar ainda mais. Contudo, a partir de 2020 o cenário poderá começar a mudar. Entram no jogo novos atores. É provável que até lá as empresas de telecomunicações sejam finalmente liberadas para prestarem o serviço de TV paga. A banda larga será acessível para mais pessoas. A TV por cabos também verá sua parcela de assinantes crescer, assim como o consumo de vídeos on-demand na internet, nas TVs conectadas, vídeo-game e locadoras virtuais.
A TV Globo “exibe 17 milhões de comerciais na sua grade de programação autorizados por 50 mil anunciantes e criados por seis mil agências de publicidade”. Caso estes números caiam, devido à competição com outras mídias e transformação nos hábitos de consumo televisivo dos indivíduos a Globo conseguirá manter sua gigantesca estrutura?

Quem viver verá.