Estupro em Florianópolis: caso exemplar para a mídia

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Texto publicado em: Jornal Já

Um caso exemplar da nova realidade dos meios de comunicação se desenrola há uma semana em Florianópolis.

O fato gerador é o estupro de uma menina de 14 anos por três colegas da mesma idade, todos estudantes em “colégio de elite”.

Como se não bastasse, um dos meninos portava o sobrenome Sirotsky, da família que controla a maior rede de comunicação do sul do país.

Não é certa a data do ocorrido. O blog tijoladasdomosquito postou a primeira nota às oito da noite do dia 28 de junho. Era só um flash e o blogueiro ainda advertia: “Estamos correndo atrás”.

No dia seguinte, era o assunto da cidade, espalhado pela rede, multiplicado por sites e blogs.

Escudada no Estatuto da Criança e do Adolescente, que proibe divulgar a identidade de menores infratores, a RBS preferiu dois dias depois explicar numa nota porque ainda não havia noticiado o fato.

Mas nem a força de todos os seus veículos – que garantem um virtual monopólio das informações no Estado – foi suficiente para conter o movimento da opinião pública local, a partir da internet.

Na sexta-feira 2 de julho, os jornais do grupo circularam com uma nota “À Comunidade Catarinense”, assinada pelo presidente emérito, Jayme Sirotsky, e pelo presidente da RBS, Nelson Sirotsky.

A nota reconhece o envolvimento “em ocorrência policial” de um adolescente “membro da terceira geração da familia” e “lamenta a forma irresponsável, maldosa e fantasiosa pela qual o episódio vem sendo propagado, principalmente em alguns sites e blogs na internet”.

Como o inquérito está sob segredo de justiça, o caso se mantém na órbita da internet, mais específicamente dos sites e blogs independentes, que não respeitam as regras geralmente usadas para tirar de circulação os assuntos incômodos.

Na sexta-feira, 9, os adolescentes serão ouvidos na 6a. Delegacia em Florianópolis. Como será a cobertura?