A TV como conhecemos está no fim?

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blogger-image-1727591582Em uma análise na Folha de S. Paulo (clique aqui!), Nelson de Sá afirma que a televisão tanto paga como aberta nos EUA teve seu fim acelerado nos últimos meses. Parte do princípio que as premiações do Globo de Ouro para produtores de conteúdo como Netflix, Amazon e Yahoo são símbolos dessa mudança. Além, é claro, dos vídeos on demand e conteúdo em Streaming. Análises como essa repercutem aqui no Brasil e muitos já acreditam que o fim da TV no Brasil também está próximo. Contudo, são mercados muito diferentes. 80% dos brasileiros não sabem o que é vídeo on demand. Nossa internet não possui nem de perto a mesma abrangência do mercado americano. Em 2013, apenas 51% dos domicílios possuíam acesso. Menos de 30% da população tem TV paga. Porém, o problema maior de análises como a de Sá é que elas observam a televisão apenas em sua função primária em distribuir conteúdo audiovisual. a TV á muito mais do que isso. Ela é um instrumento social capaz de unir as pessoas em uma causa em um ideal. A televisão é um veículo socializante. O que contrasta o perfil individualizante da internet. Mais do que ver TV, comentamos sobre o que vimos na TV. Outra questão importante é que essa predições se baseiam no conteúdo de ficção (séries, filmes, etc.). E o jornalismo? E o conteúdo local? Esses players estarão interessados em produzir? Somente nos EUA a produção local de conteúdo de rádio e televisão gerou US$ 1.3 trilhão de dólares em 2013 e mais de três milhões de empregos. Durante o tsunami no Japão, em 2011, mais de 40 mil pessoas foram salvas das ondas gigantes porque foram avisadas via TVno celular. Televisão também é prestação de serviços. Bom, o leitor pode então dizer: mas o analista não diz que a televisão irá acabar, apenas que ela irá mudar... O problema, meu caro leitor, é que o modelo de negócios da televisão não permite mudanças. A televisão vende audiência para os anunciantes. Atraem essa audiência por meio dos conteúdos veiculados. Para ela mudar, o modelo de negócios tem de mudar. E por enquanto, no Brasil, o modelo vai muito bem obrigado, basta verificar o balanço das emissoras. Cortes estão sendo feitos, ajustes, renovação, mas a cada ano os recordes de faturamento são quebrados (pelo menos pela TV Globo). Por este princípio podemos então afirmar: o que irá determinar o futuro da televisão não é a tecnologia, mas as políticas de comunicação, pois são elas que determinam o modelo de negócio das emissoras. Será que no Brasil estamos preparados para pagar pela TV aberta como na Inglaterra? Ou a TV pública ser a maior rede? Ou permitir que o capital estrangeiro tenha maior participação? Um debate sobre a regulação dos meios de comunicação está tomando força no Brasil. Tenha a certeza que é neste momento que o futuro da televisão será traçado.