DIÁRIO DA CHINA

No meio da minha aventura na China explode um conflito

Como tem sido acompanhar lance a lance, a partir de Beijing, a escalada das tensões na região de Taiwan

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Para quem acompanha a China, o fato de a questão de Taiwan ter entornado nesta terça-feira (2) não era uma questão de "se", mas de "quando". Felizmente, a sabedoria chinesa e a milenar paciência dessa civilização estabelece um padrão diferente da diplomacia ocidental, em especial dos EUA, com a qual eu estou habituada.

Eu cresci assistindo pela televisão à guerra Irã e Iraque. Acompanhei o conflito das Ilhas Malvinas. Era adolescente quando os EUA bombardearam o Iraque governado por Saddam Hussein. Tinha acabado de dar à luz ao meu segundo filho quando ocorreu o ataque às Torres Gêmeas em Nova York. 

Se buscar no Google sou capaz de fazer uma linha do tempo da minha vida adulta a partir da demonstração de poder bélico de Washington. Em quase cinco décadas de vida não tenho lembrança de nenhuma guerra iniciada pela China. 

Esse país com mais de cinco mil anos de história tem uma relação diferente com o tempo. É um exercício de alteridade tentar compreender a postura dos chineses frente aos desafios que enfrentam. Afinal, para uma brasileira cuja nação tem cinco séculos, e apenas 200 de independência, o tempo da política é contado em anos, no máximo décadas. Para a China, anos são apenas vírgulas. 

Tem sido uma grande oportunidade de aprendizado acompanhar lance a lance a reação do governo chinês a mais um desaforo estadunidense. Tenho muito ainda o que aprender e espero ser capaz de transmitir para os brasileiros que tenham interesse em compreender essa situação a partir do ponto de vista da China um pouco do que tenho aprendido por aqui. 

Claro que há apreensão e angústia. Que pessoa comum, em sã consciência e que não seja acometida por fascismo ou síndrome de polícia do mundo torce por uma guerra? Talvez os donos de indústria bélica, os valentões sabem-tudo das redes sociais ou apenas os abestalhados. Essa gente não conta. 

Sigo aqui na minha imersão na cultura chinesa e em minha orações para que Nossa Senhora Aparecida (sim, sou uma comunista devota) ilumine a mente das lideranças do mundo pela paz. Por outro lado, as coisas são o que são e toda ação tem suas consequências. Como disse o presidente chinês, Xi Jinping, "aquele que mexe com fogo vai se queimar". Oro pela água. 

Até amanhã!

PS.: A partir desta sexta-feira (5), eu passo a participar do Fórum Café, com o Mauro Lopes e o Plínio Teodoro, exibido no canal da Revista Fórum no YouTube, às 9h30 (horário do Brasil). Vamos papear sobre essa minha aventura na China. Espero por você!