et tu, Brute?

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17103335_392804801086946_8303406410902276571_n Karnal apagou a peça de propaganda - um teaser - que havia postado em sua página no Facebook. disseram-me. trata-se daquela foto sorridente num restaurante ao lado do "amigo" Moro. por que o fez? seguramente, ao dormir, sonhou com Shakespeare, seu espírito obssessor. no pesadelo, Júlio Cesar é o povo brasileiro, genuflexo, exangue, esfaqueado traiçoeriamente. ainda dormindo, Karnal vê César transmutado em deficiente cívico - uma mulher idosa, negra, nordestina, pobre e cadeirante - que lhe fulmina com uma frase inventada pelo dramaturgo inglês: "até tu, Brutus? o mesmo pesadelo tem, todas as noites, Chico Alencar, do Psol. é que durante um regabofe no Piantella, Alencar beijou a mão de aécio - grafemos sempre em minúsculas. desde então, Alencar passou a acordar no meio da noite ouvindo o último suspiro de César: "et tu?" é sabido que Cristóvão Buarque, sempre com os cabelos revoltos, converteu-se em golpista arrependido quando passou a ser acometido pela mesma aporia onírica. "até tu, professor?" não foi por outra razão que Temer desistiu de morar no Alvorada. contam que na madruga, o vampiro ouvia o pesado pisar de um salto feminino andando de um lado pro outro nos amplos salões do palácio, toc, toc, toc. subindo e descendo escadas, derrubando quadros, arrastando móveis. depois, em silêncio atormentado, o usurpador ouvia o baque do corpo no chão e o horrendo som das punhaladas. em seguida, invadia-lhe a alcova um fantasma auditivo transfigurado em mil vozes femininas úmidas de sangue: "até tu, vampiro maldito? Karnal, em suas palestras de auto-ajuda, está sempre a falar em ética. até que um dia, preocupado demais com os negócios, manda a ética às favas e beija a mão do árbitro arbitrário. naquele instante, Karnal era uma mera mercadoria, amplie a foto e veja os cifrões nos olhos do professor. ele e Moro serão as estrelas de um time de professores em uma faculdade privada. essa era a razão da foto-teaser. mas e o resto, deus dos invernos? e a explícita perseguição que seu amigo de última hora encampa contra Lula? e aquela suruba onde Moro gargalha ao lado de aécio, o aético multi citado em casos de corrupção? e aquela criminosa condução coercitiva? e a pérfida destruição da economia brasileira a serviço dos interesses das estranjas? foi com questionamentos como esse que o piroca recebeu um dilúvio de vômitos em sua página. "a vida não é linear", disse Karnal enquanto se equilibrava na corda bamba feito um funâmbulo ébrio. parece que jogaram o corpo dele pro outro lado do muro. em cima não mais! Karnal, que adora conversar com pessoas inteligentes, ocupará um lugar na história ao lado de ilustres pensadores como Villa, Pondé, Alexandre Frota e Kim Kataguiri. que a terra lhe seja leve.

palavra da salvação.