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em brasília, um manifestante acende o cigarro no ônibus em chamas.
a reuters e o el pais ficaram, pudicamente, chocados com essa foto. mas sequer souberam como lidar com ela.
não entenderam nada.
ah, os jornais...
não sabem esses falsos humanistas que o cabra aí me parece adepto do humanitismo, doutrina filosófica que muito admiro, pois ela bate de frente com o pessimismo niilista de schopenhauer.
quer entender a foto, leia o bruxo do cosme velho:
MACHADO DE ASSIS - QUINCAS BORBA
CAPÍTULO CXVII
A história do casamento de Maria Benedita é curta; e, posto Sofia a ache vulgar, vale a pena dizê-la.
Fique desde já admitido que, se não fosse a epidemia das Alagoas, talvez não chegasse a haver casamento; donde se conclui que as catástrofes são úteis, e até necessárias.
Sobejam exemplos; mas basta um contozinho que ouvi em criança, e que aqui lhes dou em duas linhas.
Era uma vez uma choupana que ardia na estrada; a dona, — um triste molambo de mulher, — chorava o seu desastre, a poucos passos, sentada no chão.
Senão quando, indo a passar um homem ébrio, viu o incêndio, viu a mulher, perguntou-lhe se a casa era dela.
— É minha, sim, meu senhor; é tudo o que eu possuía neste mundo.
— Dá-me então licença que acenda ali o meu charuto?
O padre que me contou isto certamente emendou o texto original; não é preciso estar embriagado para acender um charuto nas misérias alheias.
Bom Padre Chagas! — Chamava-se Chagas. — Padre mais que bom, que assim me incutiste por muitos anos essa idéia consoladora, de que ninguém, em seu juízo, faz render
o mal dos outros; não contando o respeito que aquele bêbado tinha ao princípio da propriedade, — a ponto de não acender o charuto sem pedir licença à dona das ruínas.
sapientíssimas palavras.