Devo tomar a vacina da febre amarela?

Quem já conhece o Blog Injeção na Testa, sabe que nós somos a favor de um cuidado consciente, que evite intervenc?o?es que fac?am mais mal do que bem (por isso “injec?a?o na testa”, tem coisa que nem de grac?a!). E por isso também que estamos aqui hoje: para falar da importância da vacinação contra a febre amarela!

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Quem já conhece o Blog Injeção na Testa, sabe que nós somos a favor de um cuidado consciente, que evite intervenc?o?es que fac?am mais mal do que bem (por isso “injec?a?o na testa”, tem coisa que nem de grac?a!). E por isso também que estamos aqui hoje: para falar da importância da vacinação contra a febre amarela! Por Bruna Silveira, com colaboração de Vitor Israel* Como já afirmamos em texto anterior (para ler, clique aqui): é compreensível (e positivo!) que as pessoas questionem a necessidade desta e de outras vacinas! Porque é realmente compreensível (e positivo!) que, na saúde, as pessoas desconfiem das informações circulantes em uma conjuntura com sucessivos exemplos de absurdos praticados por grandes corporações farmacêuticas, pressionando o consumo, motivadas por lucro. Ajude a Fórum a fazer a cobertura do julgamento do Lula. Clique aqui e saiba mais. Sendo assim, enquanto cidadãos, precisamos mesmo exigir uma vacinação ética: baseada em pesquisas científicas que não supradimensionem a eficácia de cada vacina, fiscalizada por um sistema de vigilância farmacológica que não permita a subnotificação de efeitos adversos, e com transparência na divulgação de políticas sobre autorização, compra e inclusão de vacinas em calendários nacionais. Portanto, estamos gostando de ver os debates pelas redes! Mas o que mais nos motivou a também escrever sobre o assunto (já que há diversos textos e materiais sendo produzidos) é que observamos que muita gente em São Paulo está optando por não tomar essa vacina - apesar de termos dados suficientes comprovando a importância, e apesar de todos os riscos da febre amarela. Neste texto vamos explicar os motivos da nossa preocupação e esclarecer dúvidas frequentes que chegaram a nós! Senta que lá vem textão! Se quiser se direcionar melhor, abordaremos ao longo do texto os seguintes tópicos na ordem (isso mesmo, tem até índice): O QUE MAIS PREOCUPA? POR QUE DEVEMOS TOMAR A VACINA? “É TERRORISMO VACINAL APOIADO PELA MÍDIA?” AUTONOMIA INDIVIDUAL x DANO COLETIVO 11 DÚVIDAS SOBRE FAIXA ETÁRIA, INDICAÇÕES E CONTRA-INDICAÇÕES DA VACINA RISCOS DA VACINA x RISCOS DA DOENÇA 7 DÚVIDAS SOBRE AS DOSES DA VACINA DÚVIDAS BUROCRÁTICAS O QUE FAZER COM AS FILAS? OUTRAS DÚVIDAS E SE EU TIVER SINTOMAS? COMO ME INFORMAR MELHOR? (links úteis) Então vamos lá! O QUE MAIS PREOCUPA? POR QUE DEVEMOS TOMAR A VACINA?
  1. A letalidade da febre amarela é muito alta! *De todas as pessoas notificadas com sintomas durante epidemias de febre amarela, as formas graves e malignas acometem entre 15% a 60%, e, nesses casos, a evolução para óbito está entre 20% e 50% dos casos - ou seja: de 20 pessoas com sintomas, 3 a 12 pessoas podem evoluir para as formas graves e malignas, e dessas, 1 a 6 pessoas podem evoluir para óbito.
  2. No estado de São Paulo, por exemplo, já estamos vivendo um surto de febre amarela silvestre! *Surto: acontece quando há o aumento repentino do número de casos de uma doença em uma região específica (já temos!)
  3. O risco de uma cobertura vacinal inadequada neste momento é a transição para a forma urbana e uma consequente disseminação rápida da doença. *Existem dois tipos de febre amarela: a silvestre e a urbana. O que difere entre elas é o mosquito transmissor. A febre amarela urbana, com transmissão por Aedes aegypti não ocorre no Brasil desde 1942. A chegada do surto de doença silvestre à grande São Paulo, maior região metropolitana do país, área até então não vacinada, gerou uma grande vulnerabilidade ao reaparecimento da transmissão urbana em larga escala. O grande risco da forma urbana é uma disseminação ainda mais veloz da doença.
  4. A vacinação é a medida mais importante e eficaz para prevenção e controle da doença! *Segundo a OMS, para controlar os surtos de Febre Amarela, o mais importante é a detecção imediata e a rápida resposta à febre amarela, através de campanhas de vacinação de emergência. E a OMS ainda alerta para a preocupação com a subnotificação: o verdadeiro número de casos está estimado em 10 a 250 vezes maior do que a notificação atual.
  5. A vacina apresenta taxa de proteção de 90% a 98%. *Os anticorpos protetores aparecem entre o sétimo e o décimo dia após a aplicação da vacina, razão pela qual a imunização deve ocorrer dez dias antes de se ingressar em área de risco da doença. *A vacina usada no Brasil é produzida pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e consiste de vírus vivos atenuados da subcepa 17DD, cultivados em embrião de galinha.
“É TERRORISMO VACINAL APOIADO PELA MÍDIA?” Definitivamente não. Especialistas da infectologia e da epidemiologia estão, inclusive, bastante preocupados com a possível reativação da cadeia de transmissão urbana, potencialmente catastrófica em populações não vacinadas. A indicação da vacina sempre foi cuidadosa pois, apesar de raros, existem efeitos adversos graves - e não fazia sentido expor toda a população a esses efeitos antes de termos o risco da doença (que é certamente muito maior que o da vacina, como falaremos abaixo). O surto atual mudou rapidamente o cenário de risco. No final de 2016, dezenas de casos e óbitos começaram a ocorrer, mas houve muito descaso governamental e falta de divulgação dos dados. Portanto, definitivamente, não se trata de terrorismo vacinal. AUTONOMIA INDIVIDUAL x DANO COLETIVO Ainda retomando o nosso texto anterior sobre vacina: quem decide não se vacinar usa como argumento o princípio bioético da autonomia, pelo qual as pessoas têm o direito de decidir (e de terem suas escolhas respeitadas) sobre questões relacionadas a seus corpos e suas vidas. Entendemos isso. Porém, gostaríamos de reforçar sobre a responsabilidade dessa decisão no momento atual (por exemplo, no estado de São Paulo). A escolha da não vacinação contra a febre amarela pode implicar num perigoso dano coletivo - uma vez que a baixa cobertura vacinal compromete o efeito chamado de imunidade de grupo (quando a vacinação em massa de uma comunidade interrompe a cadeia do processo infeccioso, protegendo inclusive quem não foi ou não pôde ser vacinado). Há também o agravante recorte de classe nessa situação: enquanto pessoas de baixa renda têm menos acesso à vacinação e aos serviços de saúde, estando, portanto, mais expostas aos riscos da doença (somadas pela ainda dura realidade da falta de saneamento básico), a maioria das pessoas que opta por não vacinar tem ensino superior completo, acesso à informação e utilizam o setor privado de saúde. Também é fato o descaso das instituições governamentais: um surto de Febre Amarela já era temido no estado de São Paulo por especialistas há mais de dois anos e muito pouco foi feito - o mesmo descaso que acontece com o controle dos mosquitos todos os anos nos surtos de dengue. Neste contexto, sabemos que os maiores riscos incidirão sobre quem menos pode se proteger. 11 DÚVIDAS SOBRE FAIXA ETÁRIA, INDICAÇÕES E CONTRA-INDICAÇÕES DA VACINA: Vamos começar um pouco do avesso!
  1. COMO PODEMOS AJUDAR A PROTEGER GESTANTES, LACTANTES, MAIORES DE 60 ANOS, IMUNOSSUPRIMIDOS E OUTRAS POPULAÇÕES COM CONTRAINDICAÇÕES RELATIVAS E ABSOLUTAS À VACINA? Se todas as pessoas com indicação (e sem contraindicação relativa ou absoluta) tomarem a vacina, podemos alcançar uma imunidade de grupo (quando a vacinação em massa de uma comunidade interrompe a cadeia do processo infeccioso, protegendo inclusive quem não foi ou não pôde ser vacinado). Consequentemente, iremos proteger as populações vulneráveis que não podem tomar ou que devem ter cuidado ao tomar a vacina - pois quanto mais gente toma a vacina, menos gente se contamina, e então os mosquitos não terão como se contaminar para transmitir a doença para quem não se vacinou! Para evitar a transmissão numa região com surto de febre amarela, é importante vacinar a maioria (80% ou mais) da população de risco.
  2. HÁ ALGUMA ALTERNATIVA PARA A VACINA? Infelizmente não. A vacinação é a medida mais importante e eficaz para barrar o surto. O que TAMBÉM deve ser feito (e com urgência) é o controle dos mosquitos (eliminação de focos de água parada, por ex) e uso de repelentes (coisa que já deveria estar sendo feita há muitos anos, não só pela febre amarela, mas também pela dengue, zika etc.) - mas sem a vacina, nada disso é suficiente para conter o surto.
  3. NAS ÁREAS DE RISCO (COMO O ESTADO DE SP): QUEM DEVE TOMAR A VACINA? Quem nunca foi vacinado e que tenha entre 9 meses de idade (6 meses em áreas endêmicas) e 60 anos. *Na cidade de São Paulo, a prefeitura está recomendando a vacinação somente acima dos 9 meses.
  4. FORA DAS ÁREAS DE RISCO: QUEM DEVE SER VACINADO? - Crianças acima dos 9 meses de idade; - Residentes ou viajantes para as áreas com recomendação de vacinação (todos os estados das regiões Norte e Centro-Oeste; Minas Gerais, São Paulo e Maranhão; alguns municípios dos estados do Piauí, Bahia, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) que nunca tomaram a vacina. Os viajantes para essas áreas devem ser vacinados pelo menos 10 dias antes da viagem. - Pessoas que se deslocam para países endêmicos, conforme recomendações do Regulamento Sanitário Internacional (RSI).
  5. QUAIS SÃO AS ÁREAS DE RISCO? O Ministério da Saúde disponibiliza uma lista dos municípios conforme áreas de recomendação para vacina febre amarela. Mas vale dizer que a OMS incluiu recentemente todo o Estado de São Paulo como área de risco para febre amarela, e isso ainda não está atualizado nessa lista acima.
  6. QUEM NÃO DEVE TOMAR A VACINA (CONTRAINDICAÇÕES ABSOLUTAS)?
    1. Crianças menores de 6 meses não devem ser vacinadas de modo algum.
    2. Pessoas com história de anafilaxia comprovada em doses anteriores ou relacionada a substâncias presentes na vacina (ovo de galinha e seus derivados, gelatina bovina ou a outras).
    3. Pessoas com imunossupressão grave de qualquer natureza: - Imunodeficiência devido a câncer ou imunodepressão terapêutica. - Pessoas infectadas pelo HIV com imunossupressão grave - Pessoas em tratamento com drogas imunossupressoras (corticosteroides, quimioterapia, radioterapia, imunomoduladores).
    4. Pessoas submetidos a transplante de órgãos.
    5. Pessoas com história pregressa de doenças do timo (miastenia gravis, timoma, casos de ausência de timo ou remoção cirúrgica).
    6. Pessoas portadores de lúpus eritematoso sistêmico tendo em vista a possibilidade de imunossupressão.
  7. QUEM DEVE TER CUIDADO AO TOMAR A VACINA (CONTRA-INDICAÇÕES RELATIVAS)? - OU: QUEM PRECISA DE RECOMENDAÇÃO MÉDICA POR ESCRITO PARA SER VACINADO? *Para a opção de vacinação em todos os próximos casos, é imprescindível uma avaliação médica com recomendação da vacina por escrito.
    1. Gestantes: nos casos de surto, devem ser avaliadas caso a caso. Na impossibilidade de adiar a vacinação, como em situações de emergência epidemiológica ou viagem para área de risco de contrair a doença, o médico deverá avaliar o benefício/risco da vacinação.
    2. Mulheres amamentando: a vacinação de lactantes não é recomendada em áreas sem circulação viral. Nas áreas com confirmação de circulação viral, lactantes devem ser vacinadas. Mães que estão amamentando crianças menores de 6 meses devem evitar a vacina. No caso da opção pela vacinação em mães amamentando menores de 6 meses, recomenda-se a suspensão do aleitamento materno por dez dias após a vacinação. É importante procurar um serviço de saúde para orientação e acompanhamento a fim de manter a produção do leite materno e garantir o retorno à lactação. (Esta recomendação é baseada nas evidências atuais e pode ser modificada futuramente.)
    3. Doenças agudas febris moderadas ou graves: recomenda-se adiar a vacinação até a resolução do quadro (com o intuito de não se atribuir à vacina as manifestações da doença).
    4. Primeira dose em pessoas com 60 anos e mais.
    5. Doadores de sangue ou órgãos: pessoas vacinadas devem aguardar quatro semanas após a vacinação para doar sangue e/ou órgãos.
    6. Pessoas infectadas pelo HIV, assintomáticos e com imunossupressão moderada, de acordo com a contagem de células CD4.
    7. Pessoas com doenças de etiologia potencialmente autoimune devem ser avaliados caso a caso tendo em vista a possibilidade de imunossupressão.
    8. Pessoas com doenças hematológicas devem ser avaliados caso a caso.
    9. Pacientes que tenham desencadeado doença neurológica de natureza desmielinizante no período de seis semanas após a aplicação de dose anterior.
  8. HÁ MAIS RISCOS PARA MENORES DE 2 ANOS? Além dos riscos habituais descritos abaixo, é preciso se atentar com as interações com outras vacinas: as vacinas da varicela, tríplice viral ou tetra viral não devem ser feitas simultaneamente à vacina contra febre amarela. Considerando a situação epidemiológica atual da febre amarela, deve-se priorizar a vacinação contra essa doença, neste momento. O intervalo entre as vacinas é de 30 dias. Em situações de surto e na impossibilidade de manter o intervalo de 30 dias, este prazo pode ser reduzido para 15 dias.
  9. ACABEI DE FAZER 60 ANOS/TENHO POUCO MAIS DE 60 ANOS: POSSO TOMAR? QUAIS OS RISCOS? Como explicaremos abaixo, a reação vacinal grave é muito rara. Mas nos idosos, ela pode ser ainda mais letal. Pessoas saudáveis com mais de 60 anos podem tomar a vacina com recomendação médica e consentimento dos riscos.
  10. QUEM FAZ USO CONTÍNUO DE CORTICOIDE PODE TOMAR? Em geral, a vacina febre amarela é contraindicada durante o tratamento com doses elevadas de corticosteroides, medicações antimetabólicas (por exemplo, a ciclofosfamida) e também com medicamentos modificadores do curso da doença sintéticos como metotrexato e ciclosporina. Entretanto, é possível um administrar a vacina febre amarela após avaliação médica e suspensão temporária da medicação.
  11. QUEM TEM OUTRAS DOENÇAS E FAZ USO DE OUTRAS MEDICAÇÕES PODE TOMAR? A princípio sim, mas na dúvida: consulte sua médica ou seu médico.
*Vale lembrar que se todas as pessoas com indicação (e sem contraindicação relativa ou absoluta) tomarem a vacina, podemos alcançar uma imunidade de grupo e, consequentemente, proteger as populações vulneráveis que não podem tomar ou que devem ter cuidado ao tomar a vacina! RISCOS DA VACINA x RISCOS DA DOENÇA Como já relatamos acima, a letalidade da doença da febre amarela é muito alta - de 20 pessoas com sintomas, 3 a 12 pessoas podem evoluir para as formas graves e malignas, e dessas, 1 a 6 pessoas podem evoluir para óbito. De fato a vacina pode ter efeitos adversos, mas não se comparam aos riscos da doença. Eventos adversos pós-vacinação da FA:
  1. Manifestações locais (dor e vermelhidão por 1 a 2 dias): ocorre em 2 a 4% dos casos
  2. Manifestações sistêmicas gerais (febre, mialgia e cefaleia leves por 1 a 3 dias): ocorre em menos de 4% dos casos
  3. Anafilaxia (que ocorre dos primeiros 30 minutos até 2 horas após a vacina): raro - 0,2 por 100 mil doses administradas.
  4. Doença neurológica: 0,4 a 0,8 por 100.000 doses administradas
  5. Hepatite, Insuficiência renal, hemorragias: 0,4 por 100.000 doses administradas
7 DÚVIDAS SOBRE AS DOSES DA VACINA:
  1. JÁ SOU VACINADO. PRECISO TOMAR NOVA DOSE? Não!! Desde o início de 2017, o Brasil segue a recomendação da OMS de uma única dose. Ou seja, adultos já vacinados não precisam repeti-la.
  2. MAS TOMEI A VACINA HÁ MAIS DE DEZ ANOS. PRECISO DE NOVA DOSE? Não! Não precisa mesmo se preocupar! Estudos científicos demonstram que apenas uma dose é suficiente para que o organismo continue com anticorpos o resto da vida.
  3. O QUE É ESSA VACINA FRACIONADA? Na vacina fracionada, uma única dose integral de 0,5 ml será utilizada em cinco pessoas, o equivalente a 0,1 ml por pessoa.
  4. QUEM TOMAR ESSA VACINA FRACIONADA VAI TER QUE REPETIR A DOSE? Aí sim!! Ao contrário da dose padrão, a fracionada tem validade de oito anos, de acordo com o Ministério da Saúde. Quem tomar a dose fracionada nesta campanha e tiver viagem marcada para algum dos 135 países que exigem o certificado internacional de vacinação precisará tomar a dose padrão mesmo que o intervalo entre as doses seja inferior a oito anos. Isso é necessário porque o certificado internacional ainda não é concedido pela Anvisa a quem toma a dose fracionada. Lembrando que deve haver intervalo de pelo menos trinta dias entre cada dose, por se tratar de uma vacina com vírus vivo.
  5. QUANDO TOMEI, DIZIAM QUE ERA PRECISO TOMAR A VACINA A CADA 10 ANOS. SERÁ QUE A VACINA QUE EU TOMEI ERA DE DOSE FRACIONADA? Não! Se você já tomou a vacina anteriormente, você deve ter tomado a dose padrão! A dose fracionada está sendo adotada neste momento para garantir uma cobertura mais rápida e ampla da vacinação e evitar a febre amarela urbana - na vigência deste surto com a escassez que temos da vacina. Acontece que, para as doses padrões, era recomendada a vacinação a cada 10 anos. E essa recomendação mudou em abril de 2017, quando o Brasil adotou a recomendação da OMS. Isso ocorreu, pois estudos comprovaram que uma única dose padrão confere proteção para toda a vida contra a doença, não sendo necessária outras doses de reforço. Se ainda tiver dúvida, leve seu comprovante de vacinação e tire sua dúvida em uma UBS - mas espere as filas diminuírem.
  6. A VACINA FRACIONADA SERÁ APLICADA EM TODO O PAÍS? Não. Por enquanto a recomendação é apenas para alguns municípios dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, regiões que não tinham recomendação para a vacina e onde a maior parte da população não está imunizada.
  7. TODOS PODEM TOMAR A DOSE FRACIONADA? Não. Crianças de 9 meses a 2 anos receberão a dose integral. Gestantes ou pessoas em condições especiais (HIV/aids, doenças hematológicas ou após término de quimioterapia) com recomendação médica para tomar a vacina devem receber a dose integral. Quem precisar do certificado internacional de vacinação também deve receber a dose integral. Para saber quais países têm essa exigência, acesse o site da Anvisa.
DÚVIDAS BUROCRÁTICAS:
  1. PERDI O PAPEL DA VACINA, MAS JÁ TOMEI: COMO CONSIGO OUTRO? Você pode tentar voltar no local onde você foi vacinado e ver se ainda possuem o registro - e realmente pode ser que ainda possuam, pois os locais de vacinação costumam preservar registros bastante antigos! Além disso, no município de São Paulo, as doses desde 2016 ficam registradas no sistema SIGA da prefeitura, independente de papel. Caso você não consiga de certificado anterior e precise, por exemplo, do certificado internacional por motivos de viagem, provavelmente terá que tomar outra dose, pois irá se enquadrar nos casos de “sem comprovante de vacinação”.
  2. QUALQUER POSTO DE SAÚDE TEM A VACINA DA FEBRE AMARELA? Não. É importante checar as listas municipais. A prefeitura de São Paulo disponibiliza uma lista dessas unidades (link da prefeitura).
  3. COMO EMITIR O CERTIFICADO INTERNACIONAL? Nas unidades que emitem o Certificado Internacional de Vacinação e Profilaxia. A prefeitura de São Paulo disponibiliza uma lista dessas unidades (link da prefeitura).
  4. JÁ TOMEI A VACINA, MAS NÃO TENHO CERTIFICADO INTERNACIONAL. COMO FAÇO PRA TIRAR? Leve seu comprovante de vacinação contra Febre Amarela nas unidades que emitem o Certificado Internacional de Vacinação e Profilaxia (link da prefeitura).
  5. PRECISO TOMAR A VACINA, MAS PERDI MINHA CARTEIRINHA DE VACINAÇÃO. TEM PROBLEMA IR SEM? No município de São Paulo é necessário ter ou abrir um cartão SUS para registro da dose no sistema SIGA da prefeitura (as doses desde 2016 ficam registradas no sistema, independente de papel). Para abrir um cartão do SUS, vá na Unidade Básica de Saúde mais próxima da sua casa.
 "O QUE FAZER COM AS FILAS?" Enquanto a prefeitura não ampliar a vacinação para mais unidades, o jeito é enfrentar as filas (com calma, paciência e respeito aos profissionais!) ou esperar um pouco. Vale lembrar da imunidade de grupo (quando a vacinação em massa de uma comunidade interrompe a cadeia do processo infeccioso, protegendo inclusive quem não foi ou não pôde ser vacinado) e que, portanto, quem está se vacinando está protegendo também quem ainda não tomou a vacina. Então é importante estar atento, mas podemos tentar evitar o caos! Enquanto não conseguir tomar a vacina, faça uso de repelentes e evite as áreas de mata! OUTRAS DÚVIDAS:
  1. REPELENTES PODEM SER USADOS EM GESTANTES E MULHERES QUE AMAMENTAM? Segundo a Anvisa, não há contraindicação do uso dos repelentes, repelentes elétricos “de tomada”, e inseticidas registrados para uso por gestantes e mulheres que amamentam. Devem ser seguidos os mesmos cuidados específicos para cada produto (evitar contato com mucosas, nariz, olhos; evitar aplicar em local fechado). Existem opções mais naturais como repelentes à base de citronela, porém, não possuem estudos científicos que comprovem sua eficácia.
  2. AS PRÁTICAS COMPLEMENTARES (COMO HOMEOPATIA E MEDICINA TRADICIONAL CHINESA) PODEM AJUDAR? Ainda que não haja estudos científicos comprovando, os profissionais têm obtido bons resultados na prática clínica com a Medicina Tradicional Chinesa (MTC) e a Homeopatia para a prevenção e tratamento de efeitos adversos da vacina, e também para o suporte com os sintomas, no caso da infecção - para isso você precisa procurar profissional capacitado. Vale reforçar que essas práticas não devem substituir a vacinação contra a febre amarela. Edgar Cantelli Gaspar, terapeuta e professor de MTC, afirmou recentemente em suas redes sociais: “Para a MTC, a Febre Amarela é considerada uma patologia que se enquadra no tipo Pestilência (?? – Li Qi?). Esse tipo de doença, em geral epidêmica, se manifesta e se agrava no indivíduo independente do seu nível de resistência. Assim a Medicina Chinesa recomenda fortemente a vacinação para este tipo de patologia.”
 E SE EU TIVER SINTOMAS? Na vigência de sintomas suspeitos de Febre Amarela (quadro febril inespecífico, com febre, dor de cabeça, dor no corpo, náuseas, com ou sem icterícia), o medicamento mais seguro para alívio dos sintomas (e para quem não tem alergia) é a dipirona! O uso de paracetamol (Tylenol®) deve ser evitado ao máximo pela possibilidade de hepatoxicidade relacionada a doses acima de 4g por dia - deve ser usado apenas com orientação médica, por exemplo, nos casos de alergia à dipirona. A aspirina, os anti-inflamatórios não hormonais e os corticoides estão expressamente contraindicados em casos suspeitos de febre amarela. Quando for adquirir a dipirona, certifique-se que não há outros medicamentos (como anti-inflamatórios) na fórmula escolhida. Vale ressaltar que não existe um “remédio contra a febre amarela”! O que podemos fazer são as medidas de suporte como o repouso, a hidratação (muita água) e analgésico/antitérmico (a dipirona). Vale lembrar também que outras práticas complementares (homeopatia e medicina chinesa) podem auxiliar nesse suporte. Apesar do surto da febre amarela, não podemos esquecer que outras doenças muito mais simples também podem dar quadros febris inespecíficos (resfriados, gripe, etc) - e que elas ainda são mais comuns. Mas na dúvida, procure um serviço de saúde.  COMO ME INFORMAR MELHOR? (links úteis)
  1. Documento do Ministério da Saúde com a lista de municípios conforme áreas de recomendação para vacina febre amarela
  2. Site da Prefeitura de São Paulo
  3. Facebook/Istagram da Prefeitura de São Paulo: @saudeprefsp
  4. Documento com a lista das unidades de referência de vacinação no município de São Paulo (inclui as unidades que emitem o certificado internacional)
  5. Site do Ministério da Saúde
  6. Facebook / Instagram do Ministério da Saúde : @minsaude
  7. Site da Organização Mundial da Saúde (OMS)
  8. Febre amarela : guia para profissionais de saúde
  9. Para viajantes: Site da Anvisa
  10. Calendário Nacional de Vacinação
*Bruna Silveira é médica de família e comunidade, homeopata e acupunturista. Vitor Israel é médico epidemiologista Foto: Agência Brasil