Sérgio Vaz sobre as jornadas de junho: 'Somos nós'

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Poeta e fundador da Cooperifa escreve poema sobre as manifestações de junho

Por Redação, Revista Fórum
Frequentadores do sarau da Cooperifa participam do Ajoelhaço (Foto: Divulgação)

Sérgio Vaz, poeta e fundador da Cooperifa, tradicional sarau realizado na zona sul de São Paulo, escreveu um poema sobre as manifestações populares que ocorreram no mês de junho no Brasil.

No texto, o poeta explica para os “que não entendem”, que é o povo que foi às ruas do país. Para Vaz, os que desconhecem o povo que está protestando, está “dentro do castelo às custas da miséria humana.”

Confira o poema:
Somos Nós
Por: Sergio Vaz
Vocês dizem que não entendem Que barulho é esse que vem das ruas Que não sabem que voz é essa que caminha com pedras nas mãos em busca de justiça, porque não dizer, vingança. Dentro do castelo às custas da miséria humana Alega não entender a fúria que nasce dos sem causas, dos sem comidas e dos sem casas. O capitão do mato dispara com seu chicote A pólvora indigna dos tiranos Que se escondem por trás da cortina do lacrimogêneo, O CHICOTE ESTRALA, MAS ESSE POVO NÃO SE CALA.. Quem grita somos nós, Os sem educação, os sem hospitais e sem segurança. Somos nós, órfãos de pátria Os filhos bastardos da nação. Somos nós, os pretos, os pobres, Os brancos indignados e os índios Cansados do cachimbo da paz. Essa voz que brada que atordoa seu sono Vem dos calos da mãos, que vão cerrando os punhos Até que a noite venha E as canções de ninar vão se tornando hinos Na boca suja dos revoltados. Tenham medo sim, Somos nós, os famintos, Os que dormem na calçadas frias, Os escravos dos ônibus negreiros, Os assalariados esmagados no trem, Os que na tua opinião, Não deviam ter nascido. Teu medo faz sentido, Em tua direção Vai as mães dos filhos mortos O pai dos filhos tortos Te devolverem todos os crimes Causados pelo descaso da sua consciência. Quem marcha em tua direção? Somos nós, os brasileiros Que nunca dormiram E os que estão acordando agora. Antes tarde do que nunca. E para aqueles que acharam que era nunca, agora é tarde.
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