Dois pesos, duas medidas: a grande mídia e a violência política no país

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Dois pesos, duas medidas: a grande mídia e a violência política no país Por Juliana Gagliardi e João Feres Junior, Serie M, Manchetômetro Na noite de 9 de setembro, jornais do Paraná[1] e blogs publicaram a notícia de que um candidato a deputado estadual pelo PT foi baleado em Curitiba. Renato Almeida Freitas Jr., advogado criminalista, distribuía panfletos na Praça do Gaúcho, por volta das 20h30, quando guardas municipais intervieram. Argumentando que tinha o direito de praticar a ação, foi alvo de tiros de balas de borracha disparados pelos guardas. O candidato transmitiu por vídeo ao vivo o momento em que foi levado pelo camburão com sua mão sangrando por causa dos tiros. Em outro caso similar, a vereadora Talíria Petrone (Psol) foi ameaçada com uma arma por um policial militar por carregar material de sua campanha.[2] No momento atual, em que o ataque ao candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL) tem pautado os debates sobre as eleições na grande imprensa, é preciso notar que nenhum dos três principais jornais brasileiros tenha sequer mencionado o ataque sofrido por Freitas Jr. Enquanto a grande imprensa optou por abordar o ataque a Bolsonaro – realizado por um indivíduo que diz ter agido a mando de Deus – pela chave do ataque à democracia e às eleições, a intervenção violenta de uma força policial contra um candidato que distribuía panfletos não mereceu até o momento sequer ser noticiada. E notem que ela não ocorreu em uma cidade longínqua, mas na capital da Lava-Jato. Neste mesmo cenário, O Globo dedica um dos seus editoriais[3] do dia seguinte, 10 de setembro, a atribuir a responsabilidade pela radicalização à campanha do PT. Tal argumento não é novidade. Os editoriais do jornal, pelo menos desde as eleições de 2014 já empregavam essa narrativa, atribuindo, com ênfase, ao partido a culpa pelo clima político. O mesmo havia feito o Estado de S. Paulo em editorial do dia 8 de setembro. Ao comentar o ataque a Bolsonaro, o texto atribui sua responsabilidade do clima de radicalização política ao “feroz discurso antidemocrático lulopetista que dividiu o Brasil em ‘nós’ e ‘eles’”, concluindo que “esse avanço da intolerância petista não tardou a desaguar em selvageria”. O ataque a Bolsonaro é criminoso e reprovável em qualquer cenário, assim como qualquer ataque a qualquer outro candidato. Não é este entendimento que está em jogo. Ao invés de se contrapor de maneira resoluta à onda de violência e radicalização, a grande imprensa continua a dar tratamento diferencial desfavorável à esquerda democrática, fazendo vistas grossas a casos claros de violência contra sua atividade política. Tal comportamento faz crer que para essas empresas de comunicação e seus editores o ativismo político está acima do compromisso com a democracia.
[2]http://www.ofluminense.com.br/pt-br/cidades/%E2%80%98ideologia-mata-mais%E2%80%99-diz-pm[3] O inventário da violência na política. O Globo, 10 de setembro de 2018, p. 2.
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