A favor dos cidadãos e contra os grandes empresários, até a direitona britânica faz melhor que o Paulo Bernardo

Escrito en BLOGS el

Contrastando com o estilo Paulo Bernardo de política para as comunicações, no Reino Unido, a "ditadura comunista" do conservador David Cameron está lançando um projeto de regulação dos meios de comunicação, o que vem despertando a ira de alguns donos de jornais britânicos.

Os "comunistas" britânicos conseguiram bolar um projeto que conta com aprovação unânime dos partidos, e que é criticado pelos grandes empresários do setor, já que, segundo eles, a comissão que o elaborou só ouviu as ASSOCIAÇÕES DE VÍTIMAS DOS ABUSOS DA IMPRENSA - sim, no Reino Unido existem entidades que defendem os direitos dos que sofreram com abusos por parte da imprensa, mais de uma pelo que diz a matéria abaixo, já imaginaram uma dessas no Brasil?

Fica uma pergunta no ar, qual deve ser o modelo de política comunicacional ideal, segundo o Instituto Millenium: o dos britânicos, que prioriza as necessidades das vítimas de abusos da imprensa, ou o do Paulo Bernardo, que prefere ser amigo dos grandes empresários da comunicação?

 
Cameron defende reforma da imprensa apesar de oposição de jornais Proposta acordada pelos três principais partidos contempla criação de organismo de auto-regulação Do Opera Mundi

O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, defendeu nesta terça-feira (19/03) a reforma de imprensa apresentada pelos partidos políticos apesar de enfrentar oposição de boa parte dos jornais, que pediram assessoria jurídica para decidir se irão aderir ou não ao novo marco regulador.

Em um ato realizado em Londres, Cameron disse que o sistema estipulado pelos três grandes partidos britânicos, apresentado na segunda-feira (18) no Parlamento, "vai funcionar e perdurar", apesar de ter recebido duras críticas de alguns meios de comunicação.

Os grupos The Daily MailThe SunThe TimesThe TelegraphThe Daily Star The Daily Express afirmaram que analisarão com seus advogados se ratificarão o sistema que pela primeira vez regulará a imprensa escrita no Reino Unido.

Por meio de um comunicado, os jornais disseram que existem "assuntos polêmicos" na iniciativa apresentada pelo governo com apoio partidário, que contempla a criação de um organismo de auto-regulação supervisionado por um órgão capaz de impor multas e exigir correções.

Os jornais se queixam de que não estiveram presentes nas negociações que possibilitaram um acordo de última hora nesta segunda-feira entre conservadores, trabalhistas e liberais-democratas, mas apenas representantes de associações de vítimas dos abusos da imprensa.

Outros jornais, como The Guardian e The Independent, mostraram-se mais abertos à proposta política, apesar de ainda não terem declarado suas intenções.

Associações de imprensa argumentaram que o sistema será muito custoso pois facilitará a cobrança de indenizações. Após longas negociações, os três grandes partidos britânicos assinaram um acordo de auto-regulação que não precisará ser sancionado, o que era uma exigência dos trabalhistas. No entanto, várias emendas ao texto inicial ainda deverão ser propostas.

A fórmula escolhida para regular a imprensa britânica, golpeada pelo escândalo das escutas, é um estatuto aprovado pela rainha Elizabeth II que pretende proteger os cidadãos preservando ao mesmo tempo a liberdade de expressão.

Os jornais e sites que aderirem ao novo marco regulatório, o que será feito de maneira voluntária, terão benefícios em casos de disputa e por isso os meios que não ratificarem o sistema receberão punições maiores. O programa prevê também um serviço de arbitragem na justiça.

"Estou convencido de que fizemos um sistema que é prático, que funcionará, que protegerá a liberdade de imprensa, mas que também oferecerá um sistema de auto-regulação forte para as vítimas", afirmou Cameron nesta terça-feira. A reforma é uma resposta às recomendações feitas em novembro do ano passado pela Comissão Leveson, formada pelo governo para propor mudanças na imprensa após o escândalo das escutas ilegais. A crise levou ao fechamento, em julho de 2011, do jornal sensacionalista The News of the World, do grupo do magnata Rupert Murdoch. Vários funcionários da publicação foram presos por realizar escutas ilegais. O juiz Brian Leveson concluiu que a comissão de auto-regulação que existia até então, presidida por diretores de jornais, tinha fracassado. Por isso, recomendou a criação de um novo sistema com supervisão independente e amparado pela lei.