A incansável Luiza Erundina protestando contra a meia comissão da verdade

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Quarta-feira pela manhã, meus alunos do Ensino Fundamental II entrevistaram a deputada federal Luiza Erundina e o deputado federal Jean Wyllys no Congresso Nacional. Ambos pontuais, respeitosos, generosos. Voltarei a escrever sobre isso em um post futuro. Um dos meus alunos, Lucas Doria, fez a seguinte observação, quando chegamos em Pirenópolis e os alunos se reunirão para registrar suas impressões sobre as entrevistas:

"(...) Quando conhecemos Luiza Erundina fiquei extremamente impressionado com sua idade nunca imaginei que alguém dessa idade defenderia com tanto empenho a democratização das comunicações. Também esperava alguém extremamente sério e com todas as informações, mas Erundina tem senso de humor e ao se apresentar disse que se não soubesse responder as nossas questões ela iria pesquisar. (...)" Lucas Doria

Na sexta-feira podemos ver Erundina depois de uma semana de trabalho caminhando por São Paulo, protestando para que a Comissão da Verdade seja de fato uma Comissão da Verdade e não de meias verdades.

Não há exemplo melhor para a humanidade que a trajetória de luta desta mulher que nos ensina sempre.

Fiquem com a matéria do grande Roldão, jornalista de primeira que junto com jornalistas do naipe de Paulo Moreira Leite tornam ainda possível ler algo na mídia velha. Agradeço a dica do link ao Maurício Machado.

Manifestação em São Paulo critica moldes da Comissão da Verdade Por: Roldão Arruda, especial para o Estadão.com.br

30/09/2011

Familiares de mortos e desaparecidos na ditadura militar e representantes de entidades de direitos humanos querem atrair a atenção da sociedade para o debate em torno do projeto de lei que cria a Comissão da Verdade, em tramitação no Congresso. Uma iniciativa nesse sentido ocorreu na tarde desta sexta-feira, 30, em São Paulo, no vão livre do Masp, na Avenida Paulista.

Com faixas e panfletos distribuídos às pessoas que passavam por ali, criticaram a forma como a comissão está sendo realizada –  sem a possibilidade de punir os responsáveis por crimes de violações de direitos humanos, como torturas, mortes e desaparecimentos forçados. O grupo, com cerca de 80 manifestantes também marchou pela Avenida Paulista até o gabinete regional da Presidência da República, na esquina com a Rua Augusta. Ali entregaram à chefe do gabinete, Rosemeyre Noronha, um manifesto endereçado à presidente Dilma Rousseff.

A deputada federal  e ex-prefeita de São Paulo, Luiza Erundina (PSB) seguiu à frente da marcha. “Não podemos baixar a guarda”, disse ela. “Se a comissão for aprovada, é preciso discutir o perfil das pessoas que vão integrá-la. Temos que fazer pressão social para que ela funcione de fato como comissão da verdade, da memória e também da justiça.”

Apenas três representantes dos familiares de mortos e desaparecidos foram recebidos pela chefe do gabinete regional. Entre eles encontrava-se  Crimeia de Almeida, que foi submetida a torturas nos porões da ditadura e  perdeu três familiares na guerrilha do Araguaia. Ela criticou o fato de  Dilma não ter recebido até hoje nenhuma representação das famílias.

“Não posso aceitar isso: a presidente  manda seu ministros para negociar com generais os rumos da Comissão da Verdade, mas se recusa a receber uma comissão de representantes de familiares de mortos e desaparecido s na ditadura militar”, afirmou. “Estamos pedindo uma audiência desde a posse e até hoje não tivemos resposta.”

Crimeia também criticou o argumento de alguns setores políticos paras os quais a comissão deve tratar de igual maneira os crimes cometidos pelos agentes do Estado e os que pegaram em armas para combater o regime militar. “Os opositores já foram punidos”, disse. “Já foram julgados de acordo com a antiga Lei de Segurança Nacional, foram condenados e cumpriram pena, enquanto os torturadores continuam por aí, sem nenhuma punição. Não se pode tratar os dois lados da mesma maneira.”

O  advogado Antonio Funari Filho, presidente da Comissão de Justiça de Paz, vinculada à Arquidiocese de São Paulo, também participou da manifestação. “Não se pode por uma pedra sobre os crimes, porque dessa maneira os problemas nunca acabam”, afirmou. “O sentimento de impunidade acaba estimulando novos crimes, novas violações de direitos humanos. É preciso esclarecer tudo o que ocorreu naquela período.”

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