A mídia monopolizada - O Globo, JB, Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo etc - apoiou o golpe de 1964 que depôs o presidente João Goulart

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No artigo reproduzido abaixo neste post, historiador da PUC-SP afirma que O DIA, assim como ‘O Globo’, ‘JB’, ‘Estado de S. Paulo’ e ‘Folha de S. Paulo’, também apoiaram o golpe de 1964 que depôs o presidente João Goulart. Segundo Francisco Alves Filho os jornais da época endossaram a ideia de setores minoritários, mas poderosos, que influenciavam a sociedade brasileira

O papel da mídia colaboracionista durante a ditadura militar também foi o tema do debate "Rede Globo do Golpe de 64 à censura hoje" que ocorreu sábado a noite na sede regional dos Sindicato dos Bancários. Durante duas horas jornalistas e historiadores com décadas de pesquisa na área mostraram como a grande mídia no Brasil não apenas colaborou com a ditadura como foi protagonista da instabilidade de um governo popular e democraticamente eleito preparando terreno para o golpe militar.

O historiador Luiz Antonio Dias, PUC-SP informou que na pesquisa Ibope de meados de 1963, o presidente eleito João Goulart tinha 70% de aprovação popular, aprovação de 86% entre os entrevistados da classe pobre e 62% nas classes A e B. Na mesma pesquisa que investigava as intenções de voto para as futuras eleições, Juscelino Kubitschek ganharia em todas as capitais, mas na pergunta "E se Jango pudesse ser candidato?" Jango ganharia de Juscelino em todas capitais menos em Recife e BH, mas mesmo assim teria 39% das intenções de voto em BH. O historiador afirma ainda que a Folha nunca teve censor em sua redação, que Estadão pedia intervenção dos militares desde 1963. Segundo suas pesquisas em meados de 63 João Goulart tinha grande popularidade, foi a grande mídia que preparou o terreno para o golpe. Dias cita um Caderno especial da Folha com 44 páginas publicadas na manhã de 31/3/1964 que mostra claramente que os Frias e seus anunciantes sabiam que o golpe ocorreria no final da noite.

A historiadora Bia Kushnir, autora de Cães de Guarda, mostra que havia apenas 220 censores no Brasil para cobrir todo o território nacional e questiona: "Como 220 pessoas conseguiriam controlar toda a imprensa, teatro, cinema, rádio, tvs? Não conseguiram.A grande mídia foi parceira da ditadura militar, foi colaboracionista. Se a resistência tivesse existido por parte da grande mídia a ditadura não teria durado tanto tempo." É falácia da Folha, Estadão e Cia dizer que o Estado censurava a grande mídia.

De acordo com a historiadora os grandes jornais tinham entre seus quadros policiais do Dops, que andavam de metralhadora nas redações. Ela mostra que a imprensa foi colaboracionista da Ditadura Militar.

A grande imprensa do passado foi golpista tanto quanto é hoje.

O professor, ativista do movimento negro e blogueiro da Carta Capital, Douglas Belchior, tratou sobre o racismo da grande mídia, da sociedade brasileira e do racismo institucional.

Já o historiador tratou do marketing social da Globo, desvendando seu Star System com atores despolitizados, especialmente entre os mais jovens. Para ele há um empobrecimento da tv de massa num mercado cada vez mais internacionalizado. Paulo Henrique Amorim criticou duramente o governo petista que há doze anos no poder não tomou nenhuma medida a favor da democratização das comunicações e sequer tem coragem de desmentir os constantes ataques à democracia promovido pelo monopólio midiático: "É o primeiro governo trabalhista da história covarde, que não enfrenta a ditadura da mídia, governo passivo que permite que a mídia conservadora infecte o ambiente político, fragiliza a democracia e põe em risco todos aqueles que lutam para manter o direito à liberdade de expressão. Paulo cita uma série de blogueiros processados por Ali Kamel, diretor de jornalismo da Globo.

É preciso divulgar a verdade, 50 anos depois das décadas mais tristes e tenebrosas que fomos obrigados a viver, tem ~historiador~ conservador fazendo revisionismo barato.

Ouçamos e leiamos gente séria, pesquisadores que não precisam manipular documentação ou recortes de pesquisa pra provar tese furada como fazem as figuras tristes como Marcos Villa.

Já há um número considerável de pesquisas sobre o tema da mídia colaboracionista da ditadura militar, leia-as e pare de repetir bobagens que a Folha, Estadão, Globo te contam.

Folha e o Estadão e toda grande mídia cevaram o golpe, aplaudiram-no, acolheram-no. Globo nasceu como presente dos golpistas para Roberto Marinho.

A Folha foi tão colaboracionista que emprestava suas caminhonetes para torturadores, empregava policiais do DOPS e entregou para a prisão e tortura Rose Nogueira que trabalhava em sua redação e depois a despediu como abandono de emprego, mesmo sabendo que amamentando ela estava sendo violentada, humilhada nos porões da ditadura!

Hoje esta imprensa cínica, reacionária e golpista tenta recontar a história como se não fôssemos capazes de pesquisar, analisar.

Mesmo com um governo acovardado diante de tantos ataques à verdade e à justiça, mesmo sabendo que Jango seis meses antes do golpe tinha expressivo apoio popular, esse governo leniente parece anestesiado, incapaz de enfrentar essa mídia golpista. Mesmo assim, não passarão!

Desculpem a nossa falha Francisco Alves Filho, O DIA 29/03/2014 13:17:55 - Atualizada às 30/03/2014 00:34:21

Rio - Os cariocas que foram às bancas na manhã de 31 de março de 1964 se depararam com o título em letras garrafais na primeira página do DIA , ao estilo das manchetes policiais: “Exército e Marinha unidos no mesmo objetivo: disciplina!” O jornal mostrava assim o seu apoio ao golpe militar, que poucas horas depois expulsaria da presidência João Goulart para iniciar um período negro de 21 anos na História do Brasil. Como O DIA , a ampla maioria da imprensa brasileira apoiou a quartelada. “Desde ontem se instalou no País a verdadeira legalidade”, defendeu o editorial do ‘Jornal do Brasil’, em 1º de abril. Já o editorialista do ‘Globo’, no dia 2, declarou o Brasil salvo da “comunização” e sugeria aos brasileiros “agradecer aos bravos militares que os protegeram dos inimigos”. No Rio, apenas a ‘Ultima Hora’ defendeu Jango.

Passados 50 anos do golpe, o tom dos jornais ao tratar do tema é justamente o oposto. Desfiam uma série de críticas e denúncias contra a supressão dos direitos civis, a tortura e os assassinatos praticados pelo governo militar. Tudo como se a imprensa nunca tivesse ficado ao lado do regime que se instaurou. Analisar mu­dança tão radical pode ajudar a desmistificar o papel dos meios de comunicação na cobertura política brasileira. “A grande imprensa construiu uma memória para si que não corresponde à realida­de”, define a historiadora Beatriz Kushnir, autora do livro “Cães de Guarda”, sobre o papel do jorna­lismo na ditadura. “As redações aderiram maciçamente ao golpe, pedindo a saída de Jango. Tempos depois, passaram a conviver com a censura, mas muitas empresas jornalísticas continuaram a ter ligação com o governo militar.”

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Para justificar a parceria com os golpistas e a oposição às anun­ciadas Reformas de Base, a argu­mentação era de que os jornais traziam impressos em suas pági­nas os clamores de grande parte da sociedade. “A Nação não mais suporta a permanência do Sr. João Goulart à frente do Governo”, bra­dava o editorial de 1° de abril, do extinto ‘Correio da Manhã’, sob o título “Fora!”. E continuava, como se fosse o porta-voz de todos os brasileiros: “Só há uma coisa a di­zer ao Sr. João Goulart: saia.” Na capital paulista, a imprensa seguia o mesmo padrão. “Magalhães: hie­rarquia e disciplina estão em peri­go”, estampou, na véspera do gol­pe, a Folha de S. Paulo, nas páginas 2 e 3, referindo-se ao discurso do governador mineiro, um dos prin­cipais opositores de Jango.

Os textos do DIA não chega­vam ao nível de histeria de ‘O Globo’, ‘Correio’, ‘Folha’, ‘Estado de S. Paulo’ e ‘JB’, mas gradativa­mente o jornal foi abrindo espaço para matérias a favor dos que pre­tendiam derrubar João Goulart. Apesar disso, ainda manteve co­rajosamente na capa de 1º de abril um recado do presidente que se­ria deposto: “É uma insensatez pretender reprimir pela força as aspirações populares”. A partir daí, passou a endossar a ideia da guerra contra a ‘comunização.’

Enquanto se passava por in­térprete da insatisfação nacional, a imprensa tinha informação para saber que a população não estava contra Jango. Eram duas pesquisas do Ibope. Uma delas, sem contratante identificado, foi realizada entre 9 e 26 de março de 1964, em oito capitais. Uma das questões era sobre a necessida­de da reforma agrária defendida pelo presidente: em todas as cida­des, a maioria dos entrevistados aprovou a medida. A maior se deu no Rio, com índice de 82%. Em resposta a outra pergunta, pes­soas ouvidas em cinco das oito capitais disseram que elegeriam Jango caso ele tentasse a presi­dência em 65.

Essa pesquisa não chegou a ser publicada nos jornais daquele ano. Foi resgatada do esquecimento há pouco por Luiz Antonio Dias, pro­fessor de História da PUC-SP, pres­tes a lançar o livro “O Jornalismo e o Golpe de 1964: 50 Anos Depois”. “Os jornais, na verdade, endossa­vam as ideias de setores minoritá­rios da sociedade, mas poderosos”, analisa Dias. Outro levantamento, feito em São Paulo entre 20 e 30 de março, a pedido da Fecomércio, revelava que 72% dos pesquisados achavam o governo Jango de razo­ável a ótimo. Entre os mais pobres o índice subia para 86%.

O professor acredita, porém, que os integrantes de vários desses veículos de comunicação certamente não imaginavam que João Goulart seria sucedido por um regime tão truculento. “Com a censura e a escalada de arbi­trariedades, muitos jornalistas passaram a enfrentar o governo militar e sofreram consequên­cias trágicas, como foi o caso de Vladimir Herzog (profissional paulista assassinado em 1975, por enforcamento, numa prisão do DOI-CODI, em São Paulo).” A longa temporada de atuação dos censores deixou marcas profun­das. “Aprendemos a ter ódio e nojo da censura e das ideologias pervertidas que tentam enfra­quecer a liberdade de expressão”, acredita Aziz Filho, atual diretor de redação do DIA.

Do apoio ao repúdio à ditadura, a análise da atuação dos jornais nesse período pode render boas lições para quem vê a política através da imprensa. “O que está publicado não é a verdade dos fa­tos, mas apenas uma determina­da visão dos fatos”, explica Beatriz Kushnir. Vinda do passado, a lição que fica para o presente e para o futuro é a de ter leitura crítica so­bre tudo o que os jornais publicam – inclusive essa reportagem que você acaba de ler agora.

Censura bem antes do AI-5

Um erro comum é marcar o início da censura à imprensa apenas em 1968, depois do anúncio do Ato Ins­titucional número 5, que restringiu ainda mais as liberdades no Brasil. Alguns anos antes, vários jornais que se opuseram ao governo militar foram invadidos e tiveram suas ins­talações destruídas. Isso aconteceu com periódicos de médio porte, mas também com grandes veículos de imprensa, como os extintos jornais ‘Ultima Hora’ e ‘Correio da Manhã’, ambos do Rio de Janeiro.

Depois de 68, a censura tornou-se sistemática e em muitas redações os representantes do governo acompanhavam o fechamento dos jornais para determinar o que podia ou não ser publicado. “Lembro de dois co­ronéis fardados que ficavam na reda­ção no papel de censores”, lembra o jornalista Luarlindo Ernesto, do DIA , que na época trabalhava no jornal ‘O Globo’. “Várias vezes chegavam com uma relação de assuntos que não po­deriam ser publicados.”

O teor dos temas proibidos ia desde manifestações de insatisfação política a delitos de vários tipos pra­ticados por membros das Forças Ar­madas – incluindo crimes passionais. Alguns jornalistas que desobedeciam à censura foram detidos e levados para a prisão da Ilha das Flores. De­pois de algum tempo, a ditadura ado­tou o método de enviar às redações ordens escritas, com detalhes sobre o conteúdo recomendado. Eram os chamados “bilhetinhos.” À frente do Jornal do Brasil, Alberto Dines, por exemplo, contou ter recebido 288 ordens desse tipo, de setembro de 1972 a dezembro de 1974.

Em muitas ocasiões, os meios de comunicação tentaram driblar as limitações impostas pela censura. Ao noticiar a publicação do AI-5, por exemplo, o JB aproveitou a coinci­dência de uma data comemorativa para estampar na primeira página: “Ontem foi o Dia dos Cegos.” Em outro espaço, usou a previsão da meteorologia para destilar mais iro­nia: “Tempo negro. Temperatura su­focante. O país está sendo varrido por fortes ventos. Mínima – 5 graus, no Palácio Laranjeiras. Máxima – 37, em Brasília.” Na chamada imprensa alternativa, O Pasquim foi o campeão de desobediência. Ficou famosa a entrevista com Leila Diniz em que os palavrões foram substituídos por as­teriscos e cifrões.

Apesar desse tipo de estratégia, a historiadora Beatriz Kushnir avalia que as empresas jornalísticas não foram tão firmes como deveriam ter sido no repúdio à censura. “Se essa resistência tivesse sido tão gran­de, os 220 censores que tinham a missão de controlar toda a impren­sa brasileira não conseguiriam dar conta das suas tarefas”.

‘Correio’ é exemplo da guinada

Um caso extremo nessa trajetória da imprensa, que passou da defesa do governo militar à oposição ao regime, é o que aconteceu com o extinto jor­nal carioca ‘Correio da Manhã’, cuja primeira página é reproduzida nesta edição. Dois de seus editoriais contra o governo Jango são lembrados até hoje como os principais exemplos de apoio ao golpe.

“Não é tolerável esta situação calamitosa provocada artificialmen­te pelo Governo, que estabeleceu a desordem generalizada (..)”, esbra­vejava o veículo em 31 de março, no texto intitulado ‘Basta!’. No dia 1° de abril, o editorial ‘Fora!’ traçava para Jango o perfil de um inconsequente. “É o maior responsável pela guerra fratricida que se esboça no território nacional”. O golpe foi comemorado nas páginas do ‘Correio’.

Quando, gradativamente, os direitos civis fo­ram sendo retirados, o jornal passou a se opor à ditadura. Por causa disso, foi perseguido, teve a sede atacada a bomba, invadida e interditada. Uma das edições foi confiscada e a proprietária, Niomar Moniz Sodré Bittencourt, ficou presa por mais de dois meses. Diante da asfixia política e financeira, o jornal por onde passa­ram Lima Barreto, Antonio Callado e Carlos Drummond de Andrade foi ar­rendado a um grupo de empreiteiros simpáticos aos militares e tornou-se alinhado com o governo. Acabou fechando seis anos depois.

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