A nova manobra da elite que ladra é negar o sucesso da Copa, menosprezar o povo brasileiro e confundir seleção com nação

Escrito en BLOGS el

Vocês se lembram que assim que a seleção brasileira foi fragorosamente derrotada em campo pela da Alemanha, o senador Álvaro Dias fez circular com sua rede de desinformação um texto preconceituoso (aqui, aqui, aqui) que lembrava o discurso da elite com complexo de vira-latas do Brasil de fins do século XIX início do XX. A mesma elite que criou o estereótipo do trabalhador brasileiro e, consequentemente, do povo brasileiro, povo negro, mestiço, como um povo "preguiçoso", "indolente", sem conserto, sem solução. Um preconceito que informou Monteiro Lobato ao traçar a personagem do Jeca-Tatu. Um estereótipo que contaminou até mesmo textos de quem sentia alguma empatia pelo povo explorado, cuja cidadania foi negada pelas elites agrárias herdeiras do escravismo, mesmo com o fim do Império. Um exemplo, é ver como Euclides da Cunha, que ao ir para Canudos e ver a violência com que os sertanejos eram submetidos e cunhar a célebre frase "O sertanejo é antes de tudo um forte", traça um retrato do sertanejo contaminado pelos preconceitos raciais. Dá uma olhadinha na Parte 2 de Os Sertões aqui e veja os adjetivos que ele escolhe pra descrevê-los.

Essa imagem preconceituosa criada por pensadores conservadores que legitimam o discurso e a dominação da elite parasita brasileira sobre o povo brasileiro justificou durante mais de um século toda a sorte de controle para submeter a classe trabalhadora do Brasil para que ela se conformasse com as péssimas condições de trabalho e de vida, reservada a ela no pós-abolição.

Vários historiadores pesquisaram sobre o assunto: Célia Marinho de Azevedo em Onda Negra, medo Branco, Sidney Chalhoub em Trabalho, Lar e Botequim que prosseguiu nos dois trabalhos seguintes Cidade Febril e Visões da Liberdade são alguns deles. Há também pioneiros na Antropologia como a tese de Mariza Correa em Ilusões da Liberdade, na Filosofia como o estudo de  Maria Sylvia de Carvalho Franco Homens Livres na ordem escravocrata  e na Sociologia o de José de Sousa Martins O cativeiro da terra e ainda os clássicos de Florestan Fernandes A Integração do negro nas sociedades de classe e O negro no mundo dos brancos.

Mas, em pleno século XXI, essa elite herdeira do escravismo ainda vomita seus preconceitos e seus ódios sobre o povo brasileiro que para desgosto dela não nasceu em Miami, não fala alemão, tem rostos e mãos calejadas, mas está cada vez mais se descobrindo sujeito de direitos e cobra isso todos os dias.

A mesma elite herdeira do escravismo é a que xinga a presidenta da República na abertura da Copa do Mundo, copa esta que essa mesma elite em seus jornais e revistas de voz única e em seus partidos sem projeto político dizia que seria um caos e que para desgosto dos abutres foi eleita a melhor copa do mundo.

O ódio animalesco desta elite é porque aquele 'matuto', 'malandro', 'tabaréu', aquela 'classe perigosa' do XIX hoje vive uma situação que o Brasil jamais experimentou e o povo brasileiro negro, mestiço, historicamente relegado quer mais e está experimentando direitos novos: hoje, a classe trabalhadora entra na Universidade, quer mais creches e quer perto do seu local de  trabalho,  quer lazer e diversão, quer andar no shopping sem ser barrada porque hoje  está empregada num Brasil que vive uma situação de pleno emprego.

este é o silva

Esta elite odeia isso e quando se vê confrontada age como a louca do Barra Shopping:

Em quem você vai acreditar? No povo brasileiro, em você mesmo, que ergueu a cabeça e sabe que pode até ser até presidente da República e governar fazendo a maior inclusão social da história ou na elite que ladra nos estádios, nas páginas de jornais, nos shoppings, nas redes?