Aguardando apuração: Mais informações sobre o suposto assassinato da criança Awa-Guajá no Maranhão

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Ontem, Rogério Tomáz do Conexão Brasília-Maranhão publicou uma notícia estarrecedora: um madeireiro teria incendiado uma criança indígena de 8 anos no Maranhão. Embora tenha recebido por mail e via twitter de outros leitores não divulguei a notícia porque ainda custo a acreditar que isso possa ser verdade. Pedi aos amigos jornalistas que trabalham na grande mídia que seus veículos apurem esta suposta barbárie.

No blog do jornalista Marco Aurelio Mello uma foto em péssima definição supostamente do corpo queimado da criança.

Eu ainda quero crer que esta notícia é um hoax que mobilizou a blogosfera comprometida com a defesa dos direitos humanos.

Atualização: Terra Magazine também deu a notícia: Líder indígena denuncia morte de criança queimada no Maranhão só que as datas diferem: Terra Magazine dá como dia 30 e a notícia abaixo do CIMI dá como setembro ou outubro.

15H40: Técnicos da Funai apuram denúncia do possível assassinato de uma criança indígena no muncípio de Arame

18:08 Os boatos na internet e o relato da criança queimada

20:00 Mais informações sobre criança indígena queimada no Maranhão 20: 30 Madeireiros destroem acampamento e queimam criança indígena no Maranhão, diz entidade 20:30 Cimi denuncia morte de índio isolado de 8 anos por madeireiros no MA 00:17 Funai investiga morte de criança indígena oo: 24: Nota no Facebook do antropólogo Uirá Garcia na página do ISA

Por Rogério Tomáz Jr, em seu blog

Abaixo segue notícia do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), organização que faz parte da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil).

Os awa-guajá são nomades e avessos ao contato com os brancos. A suspeita é que eles sofreram um ataque de madeireiros e fugiram para sobreviver. Ninguém sabe o paradeiro atual da tribo à qual pertencia a criança cujo corpo foi encontrado carbonizado.

O deputado federal Domingos Dutra (PT-MA) está em Brasília acionando órgãos do governo para investigar o episódio.

Uma fonte confiável me relatou que os funcionários da Funai na região de Arame são aliados dos fazendeiros e madeireiros locais. Não surpreende, portanto, que não haja investigação em curso e que o caso só agora tenha vindo à tona.

Lideranças denunciam assassinato de criança indígena Awá-Guajá na Terra Indígena Araribóia

Lideranças indígenas do povo Guajajara da aldeia Zutiwa, Terra Indígena Araribóia, no Maranhão, denunciam o assassinato de uma criança Awá-Guajá que pertencia a um grupo em situação de isolamento.

O corpo foi encontrado carbonizado em outubro do ano passado num acampamento abandonado pelos Awá isolados, a cerca de 20 quilômetrosda aldeia Patizal do povo Tenetehara, região localizada no município de Arame (MA). A Fundação Nacional do Índio (Funai) foi informada do episódio em novembro e nenhuma investigação do caso está em curso.

As suspeitas dão conta de que um ataque tenha ocorrido entre setembro e outubro contra o acampamento dos indígenas isolados. Clovis Tenetehara costumava ver os Awá-Guajá isolados durante caçadas na mata. No entanto, deixou de encontrá-los logo que localizou um acampamento com sinais de incêndio e os restos mortais de uma criança.

“Depois disso não foi mais visto o grupo isolado. Nesse período os madeireiros estavam lá. Eram muitos. Agora desapareceram. Não foram mais lá. Até para nós é perigoso andar, imagine para os isolados”, diz Luís Carlos Tenetehara, da aldeia Patizal. Os indígenas acreditam que o grupo isolado tenha se dispersado para outros pontos da Terra Indígena Araribóia temendo novos ataques.

Conforme relatam os Tenetehara, nos últimos anos a ação de madeireiros na região tem feito com que os Awá isolados migrem do centro do território indígena para suas periferias, ficando cada vez mais expostos aos contatos violentos com a sociedade envolvente. Além disso, a floresta tem sido devastada pela retirada da madeira também colocando em risco a subsistência do grupo, essencialmente coletor.

Estima-se que existam três grupos isolados na Terra Indígena Araribóia, num total de 60 indígenas. Os Tenetehara conservam relação amistosa e afastada com os isolados, pois dividem o mesmo território.

Denúncias antigas

“A situação é denunciada há muito tempo. Tem se tornado frequente a presença desses grupos de madeireiros colocando em risco os indígenas isolados. Nenhuma medida concreta foi tomada para proteger esses povos”, diz Rosimeire Diniz, coordenadora do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) no Maranhão.

Para a missionária, confirmar a presença de isolados implica na tomada de medidas de proteção por parte das autoridades competentes. Rosimeire aponta a situação como de extrema gravidade e que não é possível continuar assistindo situações de violência relatas por indígenas.

Durante o ano passado, indígenas Awá-Guajá foram atacados por madeireiros enquanto retiravam mel dentro da terra indígena e os Tenetehara relatam a presença constante dos madeireiros, além de ameaças e ataques. “Não andamos livremente na mata que é nossa porque eles estão lá, retirando madeira e nos ameaçando”, encerra Luiz Carlos.

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Caçador awa-guajá (Foto: Fiona Watson)