Antes, durante e pós #CopadasCopas: Pode-se levar a sério uma imprensa assim?

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Fiz inúmeros posts neste blog, antes e depois da copa mostrando como temos uma imprensa bandida. Não há termo mais adequado para qualificar o jornalismo partidarizado, eleitoreiro e criminoso da velha mídia brasileira. O historiador Arnaldo Ferreira Marques comenta:

Jornalismo e análises Mãe Dinah. O que fizeram na Copa é um dos maiores escândalos da história do jornalismo mundial. Case para ser estudado por anos. Ninguém teria a pachorra de reunir e expor as manchetes e matérias que AFIRMAVAM ser certo o caos na Copa por conta de atrasos e carências.

O sociólogo Wagner Iglesias sintetizou:

A direita brasileira em três tempos: 1- Antes da Copa: "vai ser um fracasso, culpa da Dilma". 2- Durante a Copa: "está sendo um sucesso, mas a Dilma quer tirar proveito político em cima". 3- Após os 7 a 1: "Brasil eliminado, a Dilma vai pagar por isto". 4- No Pós-Copa: "o sucesso da Copa foi mérito único e exclusivo do povo". Claro, como se o governo (União, estados e municípios) não existisse, e este ente abstrato e ficção jurídica e social, como disse o meu amigo e colega Cláudio Couto, chamado "o povo", negociasse a vinda de grandes eventos para o país, construísse aeroportos e obras de mobilidade urbana e até mesmo mobilizasse a polícia para reprimir quem se manifestou nas ruas contra a Copa.

Viraleco: o mascote da torcida #padrãoFifa por Vitor Teixeira

_________ Quanto a mim, fico sempre me perguntando: será que aqueles que ainda se deixam enganar pela mídia bandida que temos, que NÃO FAZ JORNALISMO, não se sentem uns bocós lendo um 1984 diário?

George Orwell nem em seus dias de maior criatividade imaginaria a manipulação da realidade, dos fatos, das mentes como se produz nas redações do jornalixo brasileiro.

MUDANÇA DE TOM Uma imprensa pequena para uma grande Copa Por Luciano Martins Costa,  Comentário para o programa radiofônico do Observatório, na edição 806

em 14/07/2014

A imprensa brasileira reconhece, nesta segunda-feira (14/7), que o torneio encerrado no domingo com o triunfo da Alemanha sobre a Argentina foi a maior e melhor de todas as Copas do Mundo já realizadas. Os jornais fazem balanços e antecipam números que estarão no relatório do Grupo de Estudos Técnicos da Fifa. Segundo o Estado de S. Paulo, o chefe da comissão já adiantou que esta foi a melhor versão do torneio em todos os tempos, em termos de qualidade e entretenimento.

Não apenas pelos dados, apresentados em páginas duplas e infográficos pelos diários do Brasil e de outros países, mas também por critérios como inovação técnica, táticas dinâmicas e fatos surpreendentes, a qualidade do evento é destacada nas reportagens.

Até mesmo a vexaminosa participação da equipe brasileira nas semifinais é citada como parte do conjunto de fatos que encantam os observadores: a torcida absorveu imediatamente a derrota humilhante para os alemães no dia 8, terça-feira passada, 27º dia da Copa, e os alemães foram aplaudidos por brasileiros ao final do jogo e no trajeto do ônibus que os retirou do estádio em Belo Horizonte.

O outro grande vexame foi protagonizado pela própria Fifa, com a evidência de que alguns de seus dirigentes e colaboradores podem estar envolvidos com a quadrilha de cambistas desbaratada pela polícia do Rio. O grupo vinha atuando desde, pelo menos, 2002, quando foi detectada a venda irregular de ingressos no Japão e na Coréia, e passou incólume pelas autoridades nas copas da Alemanha, em 2006, e da África do Sul, em 2010. A investigação da polícia brasileira oferece aos dirigentes das federações nacionais um argumento de peso para pressionar a Fifa a combater a corrupção interna.

Quanto à seleção brasileira, humilhada diante da Alemanha com a goleada de 7 a 1 e reduzida à sua real dimensão pela derrota seguinte, contra a Holanda, por 3 a 0, resta uma chance de mostrar alguma dignidade: que os jogadores e a comissão técnica abram mão dos R$ 11 milhões que irão receber como prêmio pelo quarto lugar, e façam uma doação a entidades de ação social.

No banheiro do cachorro

O que dizer sobre a imprensa nacional?

Quem tem em casa um animal de estimação pode fazer uma pesquisa de campo nos jornais que recolhem os dejetos e reviver o trajeto dos principais veículos de informação do País: da mais impiedosa descrença sobre as chances de o Brasil apresentar ao mundo um mínimo de eficiência e organização na Copa, os textos saltaram para o triunfalismo basbaque diante dos primeiros resultados da seleção na fase classificatória, até a decepção com a derrota acachapante diante da Alemanha.

Nesta segunda-feira, de volta à realidade, os comentaristas que ontem faziam o coro da louvação ao técnico Luiz Felipe Scolari agora o crucificam.

Na leitura cotidiana, nem sempre é possível perceber as mudanças de opinião e de tom que atravessam as análises dos diários. Mas para se observar como a imprensa brasileira, de modo geral, parece uma nau sem rumo, basta pegar duas edições seguidas de uma revista semanal de informação.

Esse é o formato mais ingrato da imprensa de papel, porque não tem a mesma possibilidade dos jornais de desdizer no dia seguinte o que afirmou hoje, e suas edições costumam permanecer ao alcance da vista durante muito tempo, envelhecendo nas salas de espera de consultórios e salões de cabeleireiro.

Veja-se, por exemplo, a revista Época: na edição da semana passada, com data do dia 7/7, os editores haviam superado, finalmente, o mau humor com que haviam previsto uma Copa do caos e, contaminados pelo ufanismo dos jornais e das emissoras de televisão, cravaram na capa: “Eu acredito”.

Na reportagem principal, o leitor é apresentado a um cenário de campeões, depois da vitória sobre a Colômbia, quando o atacante Neymar sofreu uma contusão grave na coluna. Num perfil de quatro páginas, Scolari é tratado como um líder nato: “Felipão é, acima de tudo, um motivador. Sua especialidade é lidar com a emoção dos jogadores. Num momento de crise, ele demonstrou ter nervos de aço”, dizia o texto.

Agora, observe-se a edição seguinte, que está nas bancas. Na capa, a foto de uma torcedora brasileira, em lágrimas, e o registro da derrota para a Alemanha: “Belo Horizonte, 8 de julho de 2014”. O texto principal tem um título que descreve outro Felipão: “Um técnico obsoleto e teimoso”.

Pode-se levar a sério uma imprensa assim?