Ao senador brasileiro que queria ser alemão

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O título do texto de Vitor Miranda reproduzido abaixo é irônico. Eu daria outro título: Brasil do povo brasileiro vence de goleada o Brazil dos coxinhas ao estilo Álvaro Dias.

Brazil Progresso 1 x 0 Brasil Parasita?

Por Vitor Miranda, em seu blog

09/07/2014

Eu não gosto de comentar futebol junto com política -- as reações geralmente viram mais coração do que razão. Mas tem um textículo (sem trocadilho) que anda rolando nas redes sociais, espalhado após a derrota da seleção brasileira para Alemanha por 7 x 1, que é difícil não comentar.  Esse que começa com "Isso representa mais que um simples jogo! Representa a vitória da competência sobre a malandragem!". Então, pela lógica, quando Brasil ganhou a Copa em cima da Alemanha em 2002 também representou a vitória da competência sobre a malandragem? Era o resultado do povo alemão ser um povo "desonesto", "parasita", que "ganha dinheiro sem ser suado"? Não. Por que quando a Alemanha perde é só futebol, e quando o Brasil perde é um retrato da inferioridade do caráter ou educação do povo (ou melhor, de um "certo povo") desse país? Por que um desses povos, quando é explorado, escravizado, esmagado por viaduto, e adquire algum direito social básico vira parasita; e o outro, quando os adquire vira país de primeiro mundo?

A resposta, subentendida nesse tipo de textículo, é que "não somos alemães". Se fossemos "alemães", poderíamos ter o direito de receber $184 euros por mês por cada filho, para todas as faixas de renda, ou $324 para famílias de baixa renda, sem corrermos o risco de nos tornarmos parasitas e desonestos. Se fossemos "alemães", poderíamos garantir moradia e uma renda mínima mensal de $382 euros para qualquer pessoas desempregada, com ou sem filhos, sem nos tornarmos preguiçosos e cachaceiros.

Mas, claramente, não somos "alemães". Na mão de alemão pobre, bolsa-família, renda-mínima e coisas do tipo viram welfare, construção de cidadania, direitos humanos, exemplo de primeiromundismo. Na mão do pobre brasileiro, vira cachaça e incentivo à preguiça.

Ora, o que salta aos olhos nessa lógica é que o nosso pobre não é tão "alemão" como o pobre da Alemanha. O alvo, raramente dito abertamente, está sempre lá. O pobre deles vem de uma cultura que preza a honestidade, a ética, o trabalho (leia-se: nórdica, européia e civilizada). O nosso, vem de uma cultura bronca, capenga, incompleta, imatura (leia-se: preta, índia, favelada, retirante, nordestina).

O problema não é o "jeitinho brasileiro" ou a "malandragem". É a subordinação e dominação de uma parte da população pela outra. Aquela que se auto-define como representante dessa moral (nórdica/européia) trabalhadora, sobre aquela que é definida como pobre, parda, parasita e incompleta, quase infantil. Nessa nossa sociedade, como no futebol, o que é parasitismo e maladragem desse setor dominante da sociedade vira exceção à regra. Já o comportamento da camada preta, índia, favelada, retirante e nordestina é sempre resultado da sua cultura parasitária.

A disputa pelo imaginário brasileiro ganhará decibéis redobrados a partir de agora, na tentação rastejante de transformar a humilhação esportiva na metáfora de um Brasil corroído pelo ‘desgoverno petista’

Aos jogadores e ao povo, nossa saudação, aos chacais tucanos e à mídia tucana, nosso desprezo

Malandragem? Fale por você, senador Álvaro Dias

Bob Fernandes: Basta! Renunciem, Senhores José Marin e Marco Polo Del Nero

Eta presidenta poderosa: para os tucanos Dilma é até técnica da seleção brasileira!

Ganhar a Copa até a falida Espanha ganhou em 2010, a Suécia nunca ganhou nenhuma