Coletivo Vila Vudu lamenta a trágica morte do poeta e músico argentino Facundo Cabral

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O poeta e músico argentino, Facundo Cabral, foi barbaramente assassinado e, segundo notícias veiculadas na mídia latino-americana, ele não era o alvo :(

Reproduzo a homenagem que Vila Vudu faz a Facundo Cabral, com uma nota do Maria Frô (ao final do post) sobre as violências. Facundo Cabral

Mataram meu amigo Facundo Cabral Por: Vila Vudu & Camaradas

10/7/2011

As Américas todas (com um pouco de exceção canadense) são extremamente violentas, assim como a África*. São continentes desajustados, por flagrantes injustiças sociais em seus quotidianos. A Guatemala - não é de hoje - é uma das campeãs de matanças bárbaras da América Latina, se bem que El Salvador e México não lhe fiquem atrás.

Matar um poeta, ainda que indiretamente - diz-se que o alvo era o que dirigia o carro que transportava Facundo para o aeroporto, o empresário nicaraguense Henry Fariñas, promotor de um show de Facundo que acabara de ocorrer -, porque não passa de um reles homicídio. Burro, sobretudo, porque assassinar um poeta, compositor e letrista musical só leva a perder o(s) criminoso(s) e engrandecer a vítima e reduzir-se à mais baixa escala de dejetos da (des)humanidade.

Senti também um baque, ao aprender da morte de Billy Blanco, compositor de primeira e ótimo arquiteto. Apelidado por uns de Diamante da Bossa Nova, é bom que recorde que ele já existia, como um de nossos melhores músicos, antes de o movimento ser desencadeado em 1958, com o lançamento de Chega de saudade, no balanço joaogilbertiano. Assim também como o recém-falecido Johnny Alf e outros que também se foram, como Luiz Bonfá, os guitarristas Mario Telles e Garoto, além do pianista Newton Mendonça - gigantes de nossa música - Billy foi um dos precursores do movimento. A rigor, até Vinicius e Tom ocuparam essa posição. A "batida diferente" serviu-lhes de ilustração para suas obras-primas, eis aí.

Que descansem todos, que deram tanto por nós todos, na mais perfeita paz.

P.S.: é de dar pena, imensa, um País em que as novas gerações não conhecem a obra dessa gente e seu significado universal. Excesso de Foucault mal-assimilado e porres assimiláveis de Guattari, B. Henri-Lévy e Glucksmann deram nessa ruptura. É preciso um dia processar nossos militantes "intelectuais" de baboseiras, bando de farsantes pós-neo-sub-ultra-híper (mal)-graduados, os mais falantes sempre menos pós-modernos e pós-tudo, que pré-nada.

Pobre de mi patrón Ouça também: No soy de aqui ni soy de allá No me llames extranjero

*Nota do Maria Frô: O historiador Alberto da Costa e Silva afirma que nenhum rei africano foi mais ou menos violento que qualquer rei europeu.

A violência tem história e ela certamente não tem limites geográficos, tanto no passado como no presente o Ocidente europeu (e as civilizações por eles criadas no continente americano) mostram o quanto este continente e seus filhos foram capazes de grandes doses de extermínio: o que resta da população indígena americana hoje diante dos 10 milhões que ocupavam o continente americano em fins do século XV; o odioso imperialismo europeu no continente africano em fins do XVIII e durante todo o XIX e parcela do XX, cujo rei Leopoldo da Bélgica é apenas o retrato mais visível pelos testemunhos das fotos de congoleses de mãos cortadas por não atingiam a cota exigida pelo rei de produção do látex;  o extermínio de 6 milhões de pessoas durante o nazismo pelos alemães, ou como palco e sujeito social das duas mais sangrentas guerras mundiais e, finalmente, hoje, olhemos para o Iraque, para o Afeganistão, para a Líbia e vejamos o quanto estadunidenses e europeus 'civilizados' ampliam suas doses de violência no mundo. ___________ Publicidade // //