Banrisul e outros escândalos gaúchos e a morte da mídia velha

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Prestem atenção nestas duas notícias sobre violação de dados, espionagem e proprinas no Rio Grande de Sul. Hoje  você achou alguma linha no Zero Hora, no Correio do Povo? Ontem Marco Aurélio Weissheimer foi conferir e não encontrou nenhuma.

Sargento preso no RS é acusado de violar dados sigilosos do Banrisul

Por: Fábio Oscar, especial para a Rede Brasil Atual

03/09/2010

São Paulo – No Rio Grande do Sul, um sargento foi preso na manhã desta sexta-feira (3) acusado de ter ligações com contraventores de máquinas caça-níqueis na cidade de Canoas (RS), na região Metropolitana da Capital. Uma força-tarefa do Ministério Público de Canoas e da Brigada Militar do Rio Grande do Sul fez a investigação junto com o Departamento de Inteligência da Casa Militar do Palácio Piratini. Durante as investigações, foi apurado que o sargento teria acessado dados sigilosos de políticos gaúchos, entre eles um ex-ministro e um senador.

Como os detalhes não foram revelados, especula-se que os sigilos de Tarso Genro (PT) e Paulo Paim (PT) tenham sido quebrados. Eles são candidatos a governador e a senador no estado.

O promotor criminal do MP em Canoas, Amilcar Macedo, escreveu em seu perfil no Twitter que dados sigilosos de várias autoridades foram acessados. Entre elas, além do senador e do ex-ministro, também de delegados de polícia e um oficial de inteligência das Forças Armadas.

Além de ser acusado de cobrar propinas de até R$ 5 mil por mês, o sargento acessava ilegalmente dados sigilosos do sistema integrado de consultas da Secretaria de Segurança sobre políticos. O uso ilegal desse sistema para espionar políticos foi denunciado pelo ex-ouvidor da Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, Adão Paiani, que deixou o cargo acusando o então chefe de gabinete da governadora Yeda Crusius, Ricardo Lied, de envolvimento com essa prática.

O caso soma-se à sequência de escândalos de corrupção na gestão de Yeda Crusius (PSDB), que disputa a reeleição, mas aparece em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto. O vice governador eleito em 2006, Paulo Feijó (DEM) e o então chefe da Casa Civil do governo estadual, Cezar Busatto, haviam denunciado corrupção em diferentes setores. Eles apontaram problemas no Departamento de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran-RS), Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer-RS) e no Banrisul. No banco estadual, as irregularidades tornaram-se públicas apenas nesta semana, a partir de denúncias apresentadas pelo Ministério Público. Segurança de Yeda, que cobrava propinas com carro do Palácio, violou dados sigilosos do PT

Por: Marco Aurélio Weissheimer no RSUrgente.
4/09/ 2010
Imaginem a seguinte situação: um segurança do presidente Lula é preso por cobrar propinas de empresários de máquinas caça-níqueis, usando carros oficiais do governo para fazer essas cobranças. Além disso, com uma senha especial, ele acessou dados sigilosos de adversários políticos do governo por meio de um sistema de consultas integradas do governo. O país estaria virado num inferno, não é mesmo? Pois tudo isso está acontecendo no Rio Grande do Sul, com uma diferença. Um silêncio estrondoso e vergonhoso por parte da mídia. O promotor Amílcar Macedo confirmou neste sábado que o sargento César Rodrigues de Carvalho, que trabalhava na segurança da governadora Yeda Crusius (PSDB), no Palácio Piratini, acessou inúmeras vezes o Sistema de Consultas Integradas da Secretaria de Segurança para levantar dados sobre diretórios do Partido dos Trabalhadores (endereços, registros de veículos, nome de pessoas). O sargento, segundo o promotor, também acessou dados sigilosos de um ex-ministro de Estado (seria o ex-ministro da Justiça e atual candidato ao governo gaúcho, Tarso Genro) e de um senador da República. Segundo o promotor, o senador e o ministro não são do mesmo partido, o que indica que se trata ou do senador Pedro Simon (PMDB) ou do senador Sérgio Zambiasi (PTB). O militar em questão, preso na sexta-feira, ao invés de uma punição, recebeu uma recompensa por parte do governo Yeda: ganhou uma FG 10, uma alta função gratificada, que pertencia a um coronel, transferido da Secretaria da Segurança para a Assembléia. O escândalo é ainda maior e pode envolver altos oficiais da Brigada Militar e alto(a)s funcionário(a)s do governo do Estado. E o que dizem sobre isso as homepages dos dois principais jornais do Estado? Rigorosamente nada. O site do jornal Zero Hora exibe como manchete: “Coligação de Serra vai á Justiça por quebra de sigilo fiscal”. E não traz nenhuma chamada para o caso do segurança de Yeda. O site do Correio do Povo também não fala do assunto. Os dois jornais seguem sem informar à população quanto receberam em publicidade do governo Yeda Crusius, em especial do Banrisul. E se os dois principais jornais do Estado estão se comportando assim, o que esperar da imprensa do resto do país?

Com esse comportamento, a chamada grande imprensa reafirma que abandonou o jornalismo definitivamente. Há profissionais sérios e muito competentes nestes veículos. Se quiserem continuar a sê-lo, poderão ser obrigados a buscar novos caminhos. Aliás, não estarão perdendo nada. Muito pelo contrário.