Faltou ética jornalística e sobraram boatos no nascimento da filha de Padilha

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Faltou ética jornalística e sobrou boatos de corporativistas sem ética médica no nascimento da filha de Padilha pelo SUS.

Cristóvam Buarque, senador pelo PDT, há muito defende a ideia de que filhos de agentes públicos eleitos devem obrigatoriamente matricular seus filhos e demais dependentes em escolas públicas. Seu projeto foi arquivado em 2014.

Quando Lula teve câncer, uma onda reacionária e preconceituosa na internet desejou sua morte. Centenas de usuários da rede o mandavam tratar seu câncer no SUS. Curioso que José Alencar (vice do ex-presidente Lula) durante 13 anos tratou um câncer de intestino no hospital privado Sírio-Libanês. Alencar veio a falecer naquele hospital e ninguém nunca sugeriu que ele fizesse seu tratamento no SUS. Para essas pessoas SUS é para pobres, hospitais privados para vices-presidentes empresários. O SUS  é visto por esta ala reacionária e preconceituosa não como um direito à saúde pública, mas como um castigo.  

Em agosto de 2014, outro político petista, Alexandre Padilha, ex-ministro das Relações Institucionais do governo Lula e ex-ministro da Saúde do governo Dilma, que não tem plano de saúde, é ativista em defesa do SUS, anunciou  que sua esposa a jornalista Thássia Alves estava grávida e faria o pré-natal e o parto pelo SUS.

Na última quinta-feira, 12/02 nasceu Melissa, filha do casal.

Nascimento e morte no curso natural da vida não são notícias, são fatos do ciclo da vida de qualquer ser vivo. Nascem milhares de crianças por dia no Brasil. Boa parte delas nasce em maternidades do SUS. Isso não é notícia. Isso é o cotidiano de um país que lutou pela saúde pública como um direito de todo cidadão.

 Thássia, esposa de Alexandre Padilha,  foi diagnosticada com pré-eclâmpsia, uma doença que ocorre em mulheres grávidas cujos sintomas são pressão arterial elevada, excesso de proteína na urina, edemas dentre outras complicações. O diagnóstico quando feito no pré-natal, contribui para salvar a vida das gestantes e seus bebês, porque a grávida passa a ser monitorada, orientada, tratada e se necessário, o obstetra antecipa o parto. Não é raro bebês de gestante com pré-eclâmpsia nascerem prematuros.

Foi o que ocorreu na quinta-feira com Melissa, a filha de Thássia e Padilha. Ela nasceu na rede pública do SUS no hospital e maternidade municipal  Vila Nova Cachoeirinha. Nasceu prematura, com 1,3kg e recebe atendimento especial no berçário para ganhar peso, como é indicado aos prematuros. Sua mãe deixou a UTI na manhã seguinte ao parto (13/02)  e foi para um quarto comum e no domingo já havia recebido alta. Ou seja, tudo correu bem, com os cuidados necessários dentro de um quadro de pré-eclâmpsia. Ambas estão bem.

Mas como toda esta história comum, que ocorre centenas de vezes, todos os dias no país, virou manchete na mídia monopolizada e partidarizada do Brasil?

No dia 12, jornais e blogs da mídia monopolizada destacaram como notícia o fato, sem deixarem de lembrar ao leitor que se tratava do "candidato derrotado do PT nas eleições estaduais’.

Com todo viés partidário que conhecemos praticado por esta mídia reacionária, poderíamos ao menos celebrar o fato de noticiar algo positivo sobre o SUS; o fato de um político, ex-ministro duas vezes e candidato ao governo do estado de São Paulo tomar juntamente com sua companheira uma decisão coerente com o seu discurso. Mas o que se viu foi um show de desinformação e reverberação do corporativismo de médico reacionários e sem qualquer ética. Os mesmos médicos que fizeram campanha colérica contra o programa Mais Médicos, contra o SUS. Até mesmo um blog da Folha dedicado à maternidade não fugiu à regra e reproduziu links e boatos de uma página fascista de corporativistas com diploma médico. No show de desinformação e ficção a imprensa monopolista espalhou o boato de que Padilha teria levado às pressas sua filha para a UTI de um hospital privado. Nenhum destes veículos sem ética dedicou qualquer tempo para checar se as mentiras ditas na página dos corporativistas reacionários contra o SUS e o Mais Médicos e agora contra Padilha e Haddad eram procedentes. Ao contrário, serviram como megafones de hoax, dos corporativistas com diploma de medicina sem ética médica.

Faltou jornalismo, perdeu-se a chance de fazer serviço de utilidade pública

Segundo dados do Ministério da Saúde, a hipertensão é responsável por 13,8% das mortes maternas no Brasil, sendo a principal causa de morte durante a gravidez no país. Por isso o pré-natal é tão importante, o acompanhamento regular durante toda a gravidez ajuda reduzir estes riscos.

Mas os jornais e blogs reacionários perderam a grande chance de esclarecer seus leitores sobre a necessidade do pré-natal, sobre os sintomas da pré-eclâmpsia, doença que pode se manifestar em muitas gestantes. Todo este serviço de utilidade pública foi desprezado tanto por médicos sem ética como por um jornalismo-negócio cuja ética jornalística foi para o ralo.

vejatosca

O fundo do poço ainda é superficial perto do nível do jornalismo sem qualquer ética praticado nos meios monopolizados de comunicação. A boataria e desinformação foi tão grande que provocou a Secretaria Municipal da Saúde a publicar uma nota esclarecendo o ocorrido.

Todos os médicos que atenderam Thássia eram dos SUS, nenhum residente foi retirado da sala de cirurgia, não houve transferência nem do bebê nem da mãe para hospital privado, dado que a maternidade municipal de Vila Nova Cachoeirinha é referência e tinha todos os recursos humanos e tecnológicos para atendê-las e a todas as mães e bebês que fazem uso deste equipamento público.

Na sexta-feira à noite conversei com o avô de Melissa, Anivaldo Padilha, e no sábado pela manhã nos falamos por telefone. Ele estava indignado, mas não surpreso, porque já está acostumado com uma direita sem qualquer republicanismo.

Estamos indignados, é falta de ética querer usar um parto para atacar o SUS. É mentira dizer que residentes foram tirados da sala ou que minha neta foi para um hospital privado e tudo o mais que alega esta página do Facebook de médicos sem ética alguma, disse Anivaldo por telefone.

É lamentável que páginas como esta sejam amplificadas nas matérias de jornal. Isso não é liberdade de expressão, não tiveram responsabilidade ética ao publicar isso e os médicos desta postagem não tem ética médica. Não posso acreditar! Estamos falando de um hospital-maternidade  de referência, é muita irresponsabilidade dessas pessoas, prosseguiu Anivaldo.

Eu não tenho plano de saúde também, não tenho nada contra os que têm, mas é uma escolha consciente de nossa família que tanto lutou e luta pela Saúde Pública. Eu uso SUS, Padilha usa o SUS. Se não usasse seria atacado, quando usa é atacado. É impossível dialogar com este grupo sem ética que já falsificaram até diploma para atacar meu filho, completou Anivaldo Padilha.