Humor: De Carlos Moura ao 'imortal' Merval

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Carlos Moura manda-me por mail a carta que enviou ao 'imortal' Merval Pereira, recentemente, eleito à cadeira de nº 31 na ABL.

Para além da unanimidade sobre a  crítica da escolha de Merval que tem dois livros publicados (1 uma compilação de textos sua coluna em O Globo e outro em co-autoria) e que disputava com Antonio Torres, romancista e poeta que tem 17 livros publicados, como nos informa a Folha, a polêmica sobre os quesitos de escolha ronda a ABL desde quando foi fundada. A matéria de Fabio Victor na Ilustrada diz que na ABL 'tem até escritor'.

Para mim resta uma reflexão: com a mídia institucional tão partidarizada - Merval é um bom exemplo disso -, grandes questões nacionais são reduzidas entre o embate da 'situação' versos a 'oposição'. Intelectuais petistas gastam muito tempo na defesa do governo de coalizão e intelectuais do PSDB, incluindo aí Fernando Henrique Cardoso, em 'parir' um projeto alternativo de poder.  Faltam a ambos os lados reflexões sobre um projeto de nação. A ABL é só reflexo deste cenário nacional dicotomizado e intelectualmente pobre.

"Prezado Merval Pereira,

É com incomensurável aprazimento que venho cumprimentar-lhe por sua recente eleição como novo membro da Academia Brasileira de Letras.

Fez-se assim o reconhecimento de sua prolífera, matizada e estilisticamente irretocável prosa literária, exibida diariamente nas páginas de “O Globo”.

Prosa que veio a originar o alentado enfeixe denominado “O Lulismo no poder”, compêndio cuja contribuição à história do jornalismo imparcial nas terras brasileiras parece não ter paralelo.

Sua presença nos salões machadianos da Avenida Presidente Wilson – logradouro cujo nome desatualizou-se e que, hoje, poderia ser mais adequadamente chamado de Avenida Presidente Bush – irá, com certeza, dignificar uma casa onde pontificam alguns nomes seminais de nossas letras, como Marco Maciel, Paulo Coelho e Ivo Pitanguy.

Da mesma forma, resgata-se a força de personalidades que ajudaram a transformar a cultura escrita nacional e que a ABL abrigou, meritoriamente, em suas fileiras e em seus anais: o General Lyra Tavares, que publicava seus poemas sob o brejeiro pseudônimo de “Adelita”, o presidente Getúlio Vargas e, principalmente, o Doutor Roberto Marinho.

Aguardo sua posse, quando espero vê-lo em fotografia na primeira página de seu jornal, ataviado por belo fardão. Cujos custos, por tradição, deverão ser bancados pela empresa onde você presta, há anos, os seus melhores serviços.

Cordialmente,

Carlos Torres Moura"

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