Janio de Freitas: Tardou, mas chegou o espetáculo do mensalão

Escrito en BLOGS el

Segunda fase

Por Jânio de Freitas Folha de São Paulo

14/08/2012

(Obviamente a imagem não está na matéria original, mas pra mim ela é a síntese da defesa do Roberto Jefferson).

Tardou, mas o espetáculo do mensalão enfim abriu a semana com a promessa de justificar as atenções recebidas e, até então, pouco retribuídas.

Ainda sem considerar os demais fatos que logo agitariam o ambiente do julgamento, o ministro Marco Aurélio Mello deu a sua contribuição: é preciso rever o mecanismo adotado para o julgamento, sob pena de que uma situação caótica e longa resulte da soma de cansaço, votos complexos e extensos (dois se anunciam com mais de mil páginas) e a confusão das sentenças variadas.

Se houvesse alguma dúvida de que o sistema adotado não é sensato, para condená-lo bastaria atentar para as muitas fotos de magistrados sucumbindo às sonecas.

Também desse ponto de vista, à parte o discutível fundamento jurídico, a recusa ao desmembramento do processo levou a um acúmulo absurdo de documentos, manifestações orais de defesa, relatórios e revisões enormes, e uma grande balbúrdia indomável de fatos, ficções, deduções e contestações. Tudo em fartos plurais.

É muito duvidoso que os 11 ministros possam atravessar esse cipoal até chegar a sentenças seguras e sem ressalvas no seu sentido de justiça.

Mas o que corrigir e como fazê-lo, a esta altura, é um problema sem proposta de solução. Apesar das informações de que a inquietação alcança todos os ministros.

Contribuição inesperada para o novo clima, o delegado Luís Flávio Zampronha, responsável pelo inquérito do mensalão na Polícia Federal, atribui ao processo limitações que deixam práticas graves, e respectivos autores, fora do julgamento do Supremo Tribunal Federal ou em situação atenuada.

A Polícia Federal é dada, em particular nos períodos eleitorais, a procedimentos mal explicados. É mais um caso desses: por que só agora o delegado decide falar da exclusão de fatos gravíssimos?

Zampronha não ampara suas afirmações nem apenas em exemplos de uma ou outra prática apurada. Ainda assim, o que diz não poderia passar sem atenção imediata e efetiva do procurador-geral da República.

Até porque alguma comprovação do que Zampronha diz, sobre extorsão e venda de informações, pode produzir agravantes em muitos aspectos do processo em julgamento no STF.

Por sua vez, o brilhante ex-juiz e advogado Luiz Francisco Corrêa Barbosa, defensor de Roberto Jefferson, lançou teses em todas as direções, inclusive na que declara a invalidade do processo do mensalão.

Ao afirmar que Lula "ordenou" o sistema do mensalão, porém, sua eloquência fértil e firme faltou com alguma sustentação factual, indispensável em acusação de tamanha gravidade.

Mas a face jurídica de suas teses e a arte ao apresentá-las venceram o tédio dos ministros e dos espectadores lá e fora.

Por fim atentos, todos, para uma defesa que também atingiu o procurador-geral e acusador Roberto Gurgel. Neste caso, atingiu em cheio.

Mesmo que o restante da semana seja frustrante, o seu começo deixou marcas que não se apagarão no restante do julgamento. Nem depois, talvez.

Leia também

Celso Antônio Bandeira de Mello: “houve evidentemente um conluio da imprensa para tentar derrubar o presidente Lula na época”

No Ar: na #TVForum a discussão do julgamento da AP470?

Imprensa e mensalão

Ele é o cara, o “dotô honoris causa própria”, o estadista, mas não sabia de nada? Lulla o poderoso chefão do #Mensalão diz advogado no #STF

Paulo Moreira Leite: “Ninguém vai dizer: PQP!?”

Acusação e defesa de José Dirceu na AP470 (o tal do mensalão)

Entre as mais de 300 testemunhas, da acusação e da defesa, nenhuma delas descreveu as célebres “compras de voto”, “mesadas” do tal Mensalão

Marcos Coimbra: Quem Julga?

A Justiça não pode ser partidária: STF e os “mensalões”

Jânio de Freitas: No momento, não se sabe o que a voz silenciosa da opinião pública pede aos seus magistrados mais altos

Véi, na boa, cadê as provas?

Nem o Bira tá curtindo

#terceirizado

Era melhor quando eu enrolava um solo de trompete

O Chatô da Praça dos Três Poderes

Gurgel: O Derico conta melhor

Sarau do Gurgel

Gurgel #chatiado

Túlio Vianna: no STF o maior reality show jurídico brasileiro de todos os tempos

Nas Olimpíadas da Corrupção DEM leva ouro, PMDB prata e PSDB bronze

Marcelo Semer: Fazer do Mensalão processo político é grande erro judiciário

“Media Wars – Como uma meia verdade pode ser pior que uma mentira”

“Mensalão”: O Julgamento da Imprensa

Paulo Moreira Leite:Verdades incômodas sobre o mensalão

Paulo Moreira Leite: “Faltou muita coisa” no mensalão

Rede Brasil Atual: ‘Mensalão’: STF não pode ceder a pressões, avalia Eliana Calmon

Condenado pela mídia: uma retrospectiva das capas de Veja sobre “Mensalão”

Carta Maior: O mensalão e o photoshop de um tempo histórico

Venício de Lima: Os falsos paladinos da liberdade de expressão

Os maiores escândalos de corrupção do Brasil

___________ Publicidade // //