Jornada mundial da juventude católica - com dinheiro do jovem evangélico, candomblecista, umbandista, ateu...

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Jornada mundial da juventude católica - com dinheiro do jovem evangélico, candomblecista, umbandista, ateu... Mas é da juventude católica do país laico

Por: Enderson Araujo

08/07/2013

O que poderia mudar na vida dos Brasileiros com 118 milhões? Este dinheiro poderia estar sendo investido na educação, na saúde, no transporte público e em diversas outras políticas públicas que são de necessidades dos Brasileiros. Mas durante esta semana fomos pegos com a surpresa de que a prefeitura e os governos estaduais e federais, irão desembolsar R$ 118 milhões de Reais com a Jornada Mundial Da Juventude. Este texto é bem pessoal, é uma indignação e um contestação particular, mas que podem ser divididas com quem se identificar.

Jornada Mundial da Juventude

Esse título me incomoda, pois de qual juventude está se abordando? Será que os governos (municipal, estadual e Federal) virão com a desculpa de que desembolsaram esse dinheiro todo por uma causa que atende a “Juventude”?

Por ter receio que eles usem isso como desculpa é que eu queria entender melhor, pois acredito que nem todos os jovens brasileiros serão contemplados, todas as pautas que eram discutidas para serem levadas para esta Jornada, elas eram discutidas nas paróquias, para quem não sabe, as paróquias são matrizes das igrejas católicas na comunidades, logo o jovem que é do candomblé não participa, o jovem evangélico também não e o jovem que não tem uma cultura de frequentar religião nenhuma, também não participa, enfim não seria então “Jornada Mundial da Juventude Católica”?

O Estado, pelo que dizem é laico, mas como pode o Estado bancar a vinda de um líder religioso, com dinheiro público? Então nesses R$118 milhões tem impostos do evangélico, do jovem de religião de matriz africana, do garoto que não frequenta nenhuma igreja, então logo essa “Jornada” deveria ter por obrigação a participação de todos, não somente e exclusivamente da Igreja Católica.

Com isso,  tenho de concordar que as igrejas que vivem do dinheiro dos fiéis parem de ser criticadas, pois qual será o argumento que teremos para críticas estes tais pastores que ganham dinheiro, ao menos são as próprias pessoas que estão dando, diretamente de seus bolsos, ora, cada um tem o livre arbítrio. Mas veja, se o País deixa brechas para que a corrupção se englobe mais a fundo, a PEC 99 é isso ai que está acontecendo, ela pode não ter sido votada nem sancionada, mas vigora direitinho.

Acompanho desde o ano passado o processo que um terreiro aqui de Salvador vem passando para  tombar uma pedra ancestral, onde estudos apontam que  o lugar servia de rota de fuga para os cativos no período em que durou a escravidão no Brasil.

Essa luta já ocorre há vários anos, competindo com a especulação imobiliária ao redor dessa pedra que é conhecida como a “Pedra de Xangô”. As autoridades competentes não acolhem as demandas do terreiro, nem quando isso diz respeito à história e à memória do país. O povo santo realiza caminhadas anuais para fazer a limpeza desta pedra.

O país não é laico? Cadê a atenção para com o povo de santo?

Nem queria falar sobre racismo, mas se abrir editais para negros é dar prioridades a uma raça doutor juiz José Carlos do Vale Madeira, dar R$ 118 milhões para uma igreja para promover uma atividade  da vinda de seu líder para o meu país é o que mesmo? Me responda, por favor, pois ainda não sei.