Jornadas de Junho: o que quer quem se levanta e o que diz quem assiste?

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Além dos aspectos levantados por Renam no comentário destacado abaixo salta aos olhos (ao se consideram a pesquisa Ibope):

1) o caráter geracional das jornadas: majoritariamente formada por jovens até 29 anos, sendo que 43%  até 24 anos;

2) o fato de não serem marinheiros de primeira viagem: 54% já tinham saído às ruas para se manifestar;

3) governos, polícia, situação e oposição dependendo do contexto buscaram desqualificar as manifestações como feitas por guris criados a leitinho com pera, a renda familiar de 45%  deles é de até 5 salários mínimos, longe de serem classe média alta;

4) Dilma é a que recebe nota mais alta entre os manifestantes, aliás se fosse uma prova só ela passaria e talvez os governadores  raspando. O legislativo em todas as instâncias estaria de recuperação.

E para os que fazem uma análise simplista de que as manifestações são de 'alienados' contra o governo do PT ou feita por quem cansou de 'corrupção', os jovens de junho mais uma vez dão um nó: como mostra Renam, corrupção aparece como o 5º motivo, 61% têm grande interesse pela política e 89% não se sentem representados pelos políticos. Portanto, políticos que acham que estão bem na fita, acordem.

O peso das redes sociais e do Facebook como ferramenta agregadora das manifestações é imbatível.

A reação da polícia condenada por todas as amostras e a população conectada ou não que não participou das manifestações apoia massivamente as manifestações. 

A comparação das percepções sobre a eficácia da mobilização popular de quem participou ou não das jornadas de junho também é bem interessante.  Se depender dos jovens que protestaram viveremos pelo visto uma continuidade de manifestações.

Por Renam Brandão, em seu Facebook: O que aconteceu em junho? Pesquisa sobre as manifestações. Um elemento interessante do infográfico: a diferença da percepção dos motivos das manifestações entre os manifestantes e a população em geral. Entre os manifestantes, o tema da corrupção não figura sequer entre os três primeiros. Há uma disputa de narrativas. A mídia corporativa apresenta a dela e busca formatar opinião a partir da opinião publicada. Muitos de nós tomamos conhecimento e acompanhamos os ocorridos por essa mídia. Vale uma reflexão.
Infográfico do Ibope