Jornalismo de má-fé da Folha de São Paulo é criticado por especialistas

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A matéria de hoje da Folha de São Paulo, também reproduzida na UOL é tão anti-jornalismo que causou a indignação de professores de jornalismo e do procurador que fez a denúncia da violentíssima e ilegal reintegração de posse do Pinheirinho à OEA, reproduzo os comentários de cada um deles:

Marcio Sotelo Felippe, procurador do estado de São Paulo que fez a denúncia do caso Pinheirinho à OEA escreveu indignado em seu facebook:

Vejam a barbaridade dessa matéria. Criminalidade diminui em SJC após a desocupação... A jornalista que assina a matéria, Larissa, falou comigo. Perguntou por que denunciamos o caso à OEA. Remeti a ela a peça, datada de junho de 2012. Nenhuma palavra sobre isso. Apenas uma informação errada sobre denúncia à ONU e à OEA em 31 de janeiro, 8 dias após a desocupação, o que é uma bobagem porque não haveria tempo hábil para isso. Ainda informação errada sobre o leilão do terreno, que teria sido suspenso porque os moradores entraram com uma ação... simplesmente inacreditável. Má-fé, distorções, informações falsas, criminalização das vítimas, menções a prostituição, tráfico de drogas, e por aí vai. Eles podem tudo. A liberdade de imprensa é no Brasil a liberdade para a delinquência jornalística.

Sobre a mesma matéria, o  professor de jornalismo da ECA Dennis de Oliveira  disse:

Esta matéria do portal UOL é um exemplo de prática de jornalismo em que os interesses ideológicos se sobrepõe aos fatos: a manchete da matéria é "Um ano depois, moradores dizem que violência na região do Pinheirinho diminui após reintegração". Porém, apenas uma pessoa que foi entrevistada disse que os assaltos diminuíram. Outro entrevistado disse que ele nunca foi assaltado em momento nenhum, mas que "ouviu falar" que a segurança melhorou. Depois tentando dar um dado mais objetivo, a reportagem cita os números de ocorrências registradas na delegacia local. Ocorre que a própria matéria registra a seguinte fala do delegado responsável: "O 3º DP atende todo o extremo sul de São José dos Campos, que abriga cerca de 200 mil pessoas. É uma área muito populosa e com índice de criminalidade grande. Portanto, não há como associar a redução dos roubos, tampouco o aumento dos furtos na região com a desocupação do Pinheirinho". Na sequência da matéria, aparecem o que é de concreto neste fato: redução do número de pedintes, melhoria na aparência pela ausência de barracos e VALORIZAÇÃO dos imóveis construídos na área. Pergunto: por que o gancho da matéria - e seu título - não foi: "Após desocupação do Pinheirinho, imóveis da região se valorizam"? O título e o foco da matéria reforçam estereótipos e preconceitos contra moradores de habitações precárias. E coloca em segundo plano os interesses especulativos imobiliários nestas ações de remoção. PÉSSIMO JORNALISMO!!!!

E para encerrar cito o jornalista Breno Altmann do Opera Mundi e Revista Samuel, via o jornalista e professor Gilberto Maringoni:

Gilberto Maringoni:  Breno Altman tem uma frase genial sobre o jornalismo brasileiro. Certas matérias denotam não apenas seu caráter de classe, mas a classe do caráter de quem o produz.

 A famigerada matéria em questão: Um ano depois, moradores dizem que violência na região do Pinheirinho diminui após reintegração Também reproduzida no Google Docs, porque do jeito que são mau caráter capaz de corrigirem os erros apontados pelo procurador e não dizer que atualizaram as informações. Leia também:

Pinheirinho, para não esquecer jamais: A covardia de Alckmin, a violência institucional da PM e o descaso da Justiça