José Cláudio: "Eu vivo da Floresta eu a protejo de todo jeito e por isso vivo com a bala na cabeça a qualquer hora"

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Ontem 24/05 foi um dia de luto. Luto pela morte do grande Abdias Nascimento, intelectual e ativista negro de grande história. Luto pelo assassinato do ativista  José Claudio Ribeiro da Silva e sua esposa Maria do Espírito Santo da Silva. E ontem a bancada ruralista ao saber da morte dos ativistas comemoram esse duplo assassinato em plena votação do projeto de Aldo Rebelo!

Vivemos num país que em pleno século XXI ainda permite que latifundiários do agronegócio ajam como coronéis e mandem matar ativistas que defendem a preservação de nossas florestas! Vivemos em pleno século XXI onde conglomerados estrangeiros compram terra no Brasil, não respeitam reservas, plantam transgênicos, onde políticos coronéis fazem uso de trabalho escravo! Onde ainda precisamos fazer pactos contra a escravidão! E movimentos sociais legítimos que fazem frente a tudo isso são sistematicamente criminalizados na mídia, como é o caso do MST.

Ontem também a grande deputada Luiza Erundina, como sempre, foi coerente e nos alerta:

"Na noite desta terça-feira, 24 de maio foi aprovado o novo código florestal. A sociedade vinha acompanhando essa discussão para saber o que estava por ser decidido pelos seus representantes, pois, aquilo que fosse aprovado, teria um grande impacto na vida de todos. E terá. O novo Código Florestal foi aprovado na Câmara e segue agora para o Senado.

Como já foi dito algumas vezes e, segundo a opinião de ambientalistas e especialistas, as alterações previstas no novo projeto deformam o código anterior e, se aprovadas, contribuiriam para aumentar ainda mais os desastres naturais, inundações e enchentes em áreas urbanas e rurais. Votei contra, pois, as proposições do novo código vão na contramão dos interesses da sociedade e comprometem as futuras gerações. Devemos estar atentos a decisões imediatistas que visam abarcar apenas o interesse de determinados setores da economia. É importante que a sociedade civil e cientifica não esmoreça e permaneça participando ativamente dessa discussão que diz respeito a todos nós."

A militância de esquerda brasileira precisa perceber que ficar blindando o governo Dilma em nada ajuda Dilma. Dilma não tem a popularidade e o carisma de Lula, cada vez é mais refém de aliados conservadores do governo de coalizão. Qual é o projeto político para o país? Um Brasil sem miséria requer metas de reforma agrária, onde estão?  Por quanto tempo ainda aturaremos que bandeiras de campanha sejam leiloadas para garantir a 'governabilidade' e saciar a fome dos banqueiros e do agronegócio?
Aqui a apresentação do projeto de reforma do código (des)florestal de Aldo Rebelo. Com uma dose grande de ironia ele dedica seu projeto aos 'agricultores brasileiros', ruralista, latifundiário do agronegócio mudou de nome.
Print da dedicatória de Aldo Rebelo na apresentação do Projeto.
Eu li o projeto final de Aldo Rebelo, aprovado ontem na Câmara por 86,5% dos deputados, incluindo entre os que disseram sim grande parcela dos partidos de 'esquerda'. Entendo perfeitamente que a bancada ruralista tenha votado nele, afinal estão defendendo os interesses de quem ela representa, ou seja, deles mesmo, do agronegócio que envenena a terra e nossas águas com seus agrotóxicos, com seus trangênicos pra exportar soja e milho para alimentar os porcos na China. O que me espanta é deputado que tem o MST como aliado votar ao lado dos interesses de ruralistas  e contrário aos interesses dos que são ainda assassinados por defender as florestas. O que me espanta é ver deputados e deputadas que deveriam defender o interesse público votar no desmatamento, transformado em eufemismo no texto de Aldo Rebelo: CAPÍTULO V- DA SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO(NATIVA) PARA USO ALTERNATIVO DO SOLO(P.14)
Minha singela homenagem ao ativista  José Claudio Ribeiro da Silva e sua esposa Maria do Espírito Santo da Silva, minhas sinceras desculpas por não ter conseguido evitar a sua morte que só atende ao interesse do Capital e meu profundo lamento por ter votado e apoiado deputados que votaram ao lado daqueles que comemoram a sua morte.
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