Líbia: reserva de 41,5 bilhões de barris, 1º país do ranking africano em volume e o 9º no mundo

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O  blog Forças terrestres tem um olhar voltado para a questão da segurança, da defesa nacional, veja por exemplo este post sobre as defesas na Líbia Uma análise do sistema de defesa estratégico da Líbia.

No post que destaco abaixo chama a atenção a dependência dos países europeus do petróleo da Líbia.

Combates na Líbia: a questão estratégica
por Guilherme Poggio: Do blog Forças Terrestres
9 de março de 2011
FOTO: DTN News

Quando ligamos a TV, lemos o jornal ou abrimos uma página com noticiários na internet somos bombardeados com informações sobre combates entre o governo líbio e rebeldes. Nomes como Brega, Ras Lanuf e Zawiyah são apresentados para o leitor sem que os mesmos tenham a menor noção do que isso representa, onde se localizam e qual a sua importância.

O site da Forças Terrestres, com o propósito de clarear a situação, preparou um texto mostrando a importância estratégica dos locais onde ocorrem os atuais combates e porque eles fazem a diferença para o desenrolar do conflito.

O petróleo na Líbia

Durante as décadas de 1920 e 1930 geólogos italianos levantaram dados e estudaram a região, mas não fizeram descobertas de campos de óleo e gás de caráter comercial. No pós-guerra, com o emprego de novas tecnologias e estudos mais detalhados, italianos, britânicos e norte-americanos identificaram áreas com possíveis ocorrências de hidrocarbonetos.

No início da década de 1950 ocorrências economicamente exploráveis foram identificadas na vizinha Argélia, então sob domínio francês. A notícia deu novo ânimo às pesquisas na Líbia. Em 1956 a companhia norte-americana Esso deu início à campanha de exploração do campo de Zelten (Bacia de Sirte), localizado a cerca de 170 km ao sul da cidade portuária de Brega. Os resultados indicaram existência de um campo gigante com aproximadamente 2,5 bilhões de barris de óleo leve. A produção de Zelten, renomeado Nasser, começou em 1961 e continua até os dias de hoje.

 

 

Deste então outras companhias também pesquisaram a região da Bacia de Sidra e encontraram os campos de Amal, Serir, Waha, Defa e Beda com óleo de excelente qualidade. Com a evolução das pesquisas geológicas em outras bacias sedimentares da Líbia, hidrocarbonetos economicamente exploráveis também foram encontrados no leste do país ( Bacias Ghadamis e Muruzq). Porém, os campos de petróleo do não possuem a mesma importância dos campos da Bacia de Sidra.

Junto com as descobertas foram construídos terminais para a exportação de petróleo e derivados, refinarias, oleodutos e instalações de apoio à indústria petrolífera. Atualmente, com um consumo interno baixo a produção anual de 1,8 milhões de barris/dia segue quase toda para o mercado externo.

Os principais terminais para exportação estão localizados ao sul do Golfo de Sidra (Al Sidrah, Ras Lanuf, Al Baryqah, Zawiyah e Al Haruqa) e a oeste de Trípoli (Zawiyah). Existem cinco refinarias, sendo uma em Zawiyah e as demais na região oeste.

 

Com uma reserva estimada em 41,5 bilhões de barris, a Líbia é o primeiro país do ranking africano em volume e o nono no mundo. Membro da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) desde 1962, o país beneficiou-se muito dos preços praticados na década de 1970, mas foi fortemente prejudicado na década de 1990. A importância dos locais onde ocorrem os combates

Atualmente os principais combates entre as tropas do governo líbio e os rebeldes concentram-se ao sul do Golfo de Sidra, entre as cidades de Brega e Sirt, e na região oeste da capital Trípoli, principalmente na região urbana de Zawiyah. Com base no exposto acima, fica evidente a importância estratégica destas regiões. Até o ínicio desta semana as grandes refinarias do país (Zawiyah e Ras Lanuf) estavam nas mãos dos rebeldes e quase todos os terminais de exportação de petróleo também.

Há poucos dias o governo líbio realizou um enorme esforço para retomar a cidade de Zawiyah, ocupada pelos rebeldes. Esta cidade, próxima à capital e único porto exportador dos campos petrolíferos do leste do país e possui a segunda maior refinaria. Era vital para a sobrevivência do governo de Kadafi o controle desta importante região. “Porém, está muito longe de representar o ‘momento da virada”.

O domínio dos rebeldes sobre as reservas petrolíferas da Bacia de Sidra é vital para a economia do país. A região responde por 80% das reservas e é responsável por 90% da exportação de petróleo. Enquanto os rebeldes dominarem a região do sul do Golfo de Sidra, a falta de exportação de petróleo e seus derivados estrangularão a economia da Líbia, enfraquecendo o governo central. Portanto, para que o atual governo sobreviva é vital que retome o controle da região do sul do Golfo de Sidra e suas importantes instalações petrolíferas.

Do outro lado do problema  

Por outro lado, quem mais sofre com a interrupção da importação de petróleo de origem líbia são os europeus (ver gráfico ao lado). De acordo com estudos ela US EIA, realizados em 2009, a Itália importa cerca de um terço do petróleo líbio. Alemanha, França e Espanha respondem por outro terço. Outros países europeus consomem perto de 14% do petróleo exportado.

E, ao contrário do que muitos podem pensar, somente 5% do petróleo seguem para os EUA, metade do que a China continental importa da Líbia. Não muito longe dos EUA está o Brasil, que consome 3% da produção.