Marcelo Uchoa: Peticídio

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Peticídio

Por Marcelo Uchoa, no 247

03/08/2015

Após a regulamentação do feminicídio, o andar da carruagem no país indica que logo terá que ser discutida a inclusão do petícidio, como novo tipo de homicídio qualificado no Código Penal Brasileiro. Este presumível extermínio de petistas por razões de ódio político tem sido motivado pela irresponsabilidade de uma mídia fascista, que há muito optou por abandonar ao segundo plano o compromisso com a verdade, para patrocinar ataques por cima de ataques ao governo e suas principais lideranças, apenas pela sede do poder, nem que para isso tenha que jogar na latrina o próprio país, suas conquistas econômicas, a boa imagem lograda internacionalmente, as históricas vitórias sociais obtidas na última década.

É deplorável observar que os episódios outrora isolados havidos com as hostilizações públicas aos ex-ministros Mantega e Padilha, com as erupções de ódio manifestadas nas redes sociais, carregadas de preconceitos de gênero contra a presidenta Dilma, as quais já vinham sendo alimentadas desde a Copa das Confederações pela elite mesquinha e abjeta do país, por pouco não transformada em violência física após um psicopata driblar a segurança presidencial no exterior, se convertem agora em atentado terrorista contra, nada mais, nada menos, o ex-presidente Lula (quanta ingratidão, quanta ousadia!), e, ante tudo isso, a imprensa tradicional brasileira continue a tratar o tema como um fato normal, sem quaisquer implicações maiores com a segurança nacional. Revoltante!

Indignante também é a constatação de que passados dias do atentado ao Instituto Lula os bandidos já não estejam na cadeia, ainda mais quando câmeras de segurança registraram a ação terrorista do início ao fim. Ponto negativo, aí, para o governo, que, a exemplo do Ministério Público e do Judiciário, é meteórico além da conta em certas ações policiais quando para comprometer o PT, e demasiadamente letárgico em momentos críticos como este. E ponto negativo, também, para o próprio Partido dos Trabalhadores, que permanece respondendo timidamente a este tipo de provocação, quase como se tratasse de um problema individual.

Pois bem! Ou o governo e o PT reagem energicamente contra estas atrevidas, desonestas, e, agora, perigosas investidas da direita organizada, refutando-as com todo rigor da lei e demonstrando, por ações políticas concretas, que se orientam pelo bom senso e pelo social (e aí valem desde pautar o controle social da mídia até tributar grandes fortunas para aliviar o peso do ajuste fiscal sobre os trabalhadores), deixando claro que na eventualidade de uma cisma estarão ao lado do povo, ou então depois não venham acusar a população esclarecida de haver recolhido suas bandeiras e se retraído em seus lares, para assistir via lentes da infecta telinha a parada militar.

Acabou o clima para brincadeiras.

Marcelo Uchoa é advogado