O discurso de Dilma no almoço do Itamaraty oferecido a Obama

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Não vi Orlando Silva, ministro dos Esportes, e Luiza Bairros, ministra da SEPPIR, nos eventos de Brasília durante a passagem de Obama. Eles foram convidados?

Íntegra do discurso de Dilma no almoço oferecido a Obama no Itamaraty
19/03/2011
Discurso da presidenta da República, Dilma Rousseff, durante almoço oferecido ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama  Palácio Itamaraty, 19 de março de 2011 "Excelentíssimo senhor Barack Obama, presidente dos Estados Unidos da América, Senhora Michelle Obama, Senhor vice-presidente da República, Michel Temer, Senhor senador José Sarney, presidente do Senado Federal, Deputado Marco Maia, presidente da Câmara dos Deputados, Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Embaixador Antonio Patriota, ministro de Estado das Relações Exteriores, e senhora Tânia Cooper Patriota, Senhoras e senhores integrantes da delegação norte-americana, Senhoras e senhores ministros, Senhoras e senhores governadores, Senhoras e senhores senadores e deputados federais, Senhoras e senhores empresários, Senhoras e senhores presidentes de centrais sindicais, Senhoras e senhores jornalistas, Senhoras e senhores, Em nome do povo brasileiro, eu quero reiterar as boas-vindas ao presidente Barack Obama. Esta visita é uma grande oportunidade para inaugurarmos mais um capítulo de nossa parceria, adequando-a às realidades e aos desafios do século XXI. É motivo de grande honra para mim que esse encontro ocorra nos primeiros meses do meu governo e, mais ainda, no contexto da primeira viagem oficial do presidente Obama à América do Sul. A presença, entre nós, de Michelle Obama, Malia e Sasha e de importante comitiva com autoridades do primeiro escalão, políticos e empresários, reforça o espírito de amizade com que nos reunimos. Como disse pela manhã, é fato a ser celebrado que a primeira mulher Presidenta do Brasil receba hoje o primeiro Presidente afro-descendente dos Estados Unidos. Isso ganha ainda maior significado quando lembramos que os Estados Unidos e o Brasil são os dois países com a maior população negra fora da África. Nossos países possuem inúmeros traços comuns. Aprofundar as afinidades entre nossos povos, torna os laços de amizade que nos unem mais significativos e duradouros do que uma relação baseada apenas em pactos formais entre governos. Somos democracias multiétnicas. Temos uma história de luta pela afirmação das minorias, pelo respeito à diversidade e contra a discriminação e a intolerância. Valorizamos a liberdade, a igualdade e a independência entre povos e nações. Prezamos nossas respectivas soberanias. Hoje, adotamos um comunicado conjunto e uma série de acordos que atestam a densidade das relações entre nossos países. Estabelecemos novos objetivos não só na agenda bilateral, mas também regional e global, com base nos quais queremos construir um ordenamento de paz e de cooperação. Os Estados Unidos e o Brasil perseguem, juntos, a conclusão bem-sucedida da Rodada de Doha da OMC, com regras de comércio mais transparentes e mais justas. No comércio bilateral, estou certa de que é de mútuo interesse promover a geração de fluxos mais equilibrados, tanto em termos quantitativos como qualitativos. A capacidade e o dinamismo do setor privado dos nossos países é fundamental para atingirmos esse objetivo. Por isso nós cumprimentamos o Fórum dos Dirigentes Empresariais dos dois países. Presidente Obama, Como eu já disse hoje pela manhã, o Brasil atual vive realidade econômica sólida e pujante. Orgulha-nos salientar que o progresso alcançado nos últimos anos tenha beneficiado, sobretudo, os mais pobres. Desde 2002, milhões de cidadãos passaram a integrar as faixas de renda média e alta da sociedade brasileira. Esse é um feito histórico de inclusão social. Eu estou comprometida a continuar nessa direção, dando sequência ao governo do ex-presidente Lula, buscando também a erradicação da pobreza extrema no Brasil. Nosso desenvolvimento também tem sido realizado de forma sustentável, com respeito ao meio ambiente. Nós sabemos que a matriz brasileira uma matriz renovável, mas estamos, aqui, dispostos a fazer uma grande parceria na área de energia, tanto no que se refere à exploração do pré-sal quanto no que se refere à exploração de energias renováveis e limpas, que podem garantir, para toda a humanidade e para o Brasil e os Estados Unidos, um melhor desenvolvimento e de forma mais sustentada. Tenho certeza que conto com a parceria dos Estados Unidos nessa nobre empreitada. O Brasil do século XXI continua engajado na promoção da harmonia em sua região. Temos orgulho, como eu já disse, de viver em paz, há mais de um século, com todos os nossos dez vizinhos. Estamos empenhados na consolidação de um entorno de paz, segurança, democracia, cooperação e desenvolvimento com justiça social. Mas o nosso olhar vai mais além, presidente Obama. Construímos parcerias na África e no Oriente Médio. Alimentamos a legítima esperança de contribuir, sem voluntarismo, na busca de soluções criativas para os grandes desafios contemporâneos, como a promoção de um acordo de paz entre israelenses e palestinos, povos amigos com os quais nos sentimos solidários. Cooperamos com a Índia e a África do Sul, no Fórum Ibas. Dialogamos regularmente, ao lado de nossos vizinhos sul-americanos, com o mundo árabe, nas cúpulas da Aspa. Mantemos igualmente importante diálogo América do Sul-África, continente a que tanto devemos, no âmbito da cúpula ASA. Integramos, com as economias mais dinâmicas da atualidade, o grupo dos BRICs. Desenvolvemos uma parceria estratégica com a União Europeia. Queremos contribuir para uma “multipolaridade benigna”, fundada numa dinâmica de cooperação livre das assimetrias do passado, geradoras de crises e de instabilidades. Caro presidente Obama, O Brasil e os Estados Unidos compartilham convergências que podem se traduzir em sintonia de propósitos no presente e no futuro, se para isso dedicarmos o melhor de nossos esforços. Os desafios do século XXI são muito complexos. O potencial desestabilizador de crises políticas a que temos assistido é imprevisível e também requer adequação dos mecanismos internacionais de governança política. O mundo de hoje não é o mesmo de 60 anos atrás. Também aqui, o Brasil tem consciência das suas responsabilidades e, por isso, estamos prontos a dar a nossa contribuição para a paz e a segurança internacionais num Conselho de Segurança das Nações Unidas ampliado, mais equitativo e mais democrático. Presidente Obama, O senhor pode ter certeza que eu espero que o senhor e a sua família levem de Brasília e do Rio de Janeiro as melhores recordações deste país amigo. Os Estados Unidos e o Brasil são duas nações grandes, com um futuro grande de amizade e cooperação à sua frente. Queremos construí-lo. Com esse espírito, proponho que ergamos um brinde ao senhor, ao sonho de Martin Luther King, o mesmo sonho de brasileiros e americanos. Sonho de liberdade. Sonho de esperança. E, presidente Obama, gostaria de acrescentar: sonho de harmonia e de paz entre todos. Um brinde ao senhor, a sua família e a sua delegação."