Obama faz 50 anos, ganha mais cabelos brancos, mas não tem capacidade de enfrentar os poderosos

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Quer se apavorar veja a velocidade da dívida: O ‘endividamentômetro’ dos EUA dá medo!

Quer sentir um pouco menos de raiva de Lula e Dilma leia o que escreveu Stephen Kanitz em fevereiro deste ano:

Quer sentir pena de Obama que está comemorando o pior aniversário de sua vida? Leia o texto Paulo Moreira Leite aí embaixo:

A decepção continua

Por Paulo Moreira Leite em seu blog

4/08/2011

Não consigo acreditar que se leve a sério a principal explicação para o colapso das Bolsas de Valores iniciado logo depois que Barak Obama anunciou o pífio acordo produzido em suas negociações com o Partido Republicano.

Diz-se que o impasse nas negociações serviu como um flagrante das fraquezas do governo Obama e da difícil disputa entre democratas e republicados. Conforme essa teoria, a queda das Bolsas seria um reflexo dessa descoberta.

Difícil de acreditar pois não há lógica no argumento. O pacote, em si, deu fim ao impasse entre democratas e republicanos. Deveria ter sido seguido de uma animação nas bolsas e uma melhora nas perspectivas da economia mundial.

A queda das bolsas sinaliza na direção contrária por uma razão muito simples. O pacote é ruim.

As negociações de Washington serviram apenas para a Casa Branca assumir uma perspectiva de cortar 1 trilhão de dólares num momento em que a economia se encontrava a deriva e precisa, na verdade, de receber novos recursos para inverter o sinal. Capitulação descarada diante da pressão conservadora, o acordo de Washington é o caminho mais curto para jogar a economia americana na perspectiva de uma recessão.

Há um aspecto curioso. Muitas vezes, as crises economicas nascem de problemas tipicamente economicos: faltam materias primas, por exemplo. Ou a taxa de juros se torna incompatível com o crescimento.

Mas há crises cuja origem se encontra em decisões políticas, que alteram os ritmos e prazos da economia.

É isso que está acontecendo agora. É possível que o pacote tenha piorado a economia — sem necessidade. Estou falando sério.

Quem sabe, um dia todos vamos concluir, como Joe Nocera, um dos principais colunistas de economia do New York Times, que tudo ficaria melhor se Barack Obama tivesse apelado para a emenda 14 da Constituição americana e resolvesse pagar as dívidas do governo com o argumento de que o presidente não pode recusar-se a honrar débitos autorizados por lei.

Ele não precisaria negociar com os republicanos e poderia definir as melhores estratégias para fazer os pagamentos devidos, sem piorar o cenário da economia e até executando medidas favoráveis ao crescimento — se tivesse vontade para isso.

Não faltariam bases jurídicas para essa medida, ainda que a oposição terrorista do Tea Party pudesse até ameaçar com um processo de impeachment, que faria um certo barulho mas dificilmente poderia ir adiante, conforme sustentam vários analistas de respeito, com base na emenda 14.

O problema é que, para isso, Obama teria de demonstrar uma virtude que não demonstrou desde a posse: a capacidade de confrontar interesses poderosos, escolher um lado do universo político e correr riscos. Seria preciso que, como presidente, Obama ainda acreditasse em seu slogan de campanha: “Yes, we can…”

Mas esse momento parece cada vez mais longe, concorda?

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