Pela aprovação URGENTE do PLC 122 no Senado, vamos dar um basta ao crime por ódio

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Pedi  ao Roberto Pereira que escrevesse este texto, que dedico ao Pedro Pessoa que, neste dia dos pais, viveu a dor imensa de ir à missa de 7º dia de seu filho, Marx Nunes.

Leia o texto abaixo e participe você também desta campanha cidadã: Aja, reaja antes que outros Marx e Alexandres sejam mortos: Criminalização da homofobia já!

Pela aprovação URGENTE do PLC 122 no Senado

Por: Roberto Pereira, especial para o Maria Frô

14/08/2011

O Brasil vive um momento marcante na sua história.

Depois de oito anos de um governo liderado pelo mais improvável dos Presidentes – um operário, retirante nordestino sem cultura formal – o Brasil reencontrou seu caminho de grande nação e se encontra hoje em posição que muitos julgavam não viveriam para presenciar: enquanto o dito primeiro mundo sofre as recidivas de uma severa crise econômica que joga seu povo no desalento, o Brasil, ainda que não isento de riscos, pode-se dizer na contramão da crise mundial.

Nunca o país teve perspectivas concretas de um salto definitivo de padrão econômico e social e de melhora na qualidade de vida do seu povo. Não se nega a contribuição dos governos passados. Todos foram eleitos pelo povo. E se algo a situação atual do país demonstra é que nenhuma ditadura supera a liberdade e sabedoria da escolha popular.

Mas o Brasil também se encontra num outro momento decisivo de sua história.

Ao lado da melhoria concreta da situação econômica e da perspectiva de futuro de dezenas de milhões de cidadãos existe também e, paralelamente, a necessidade de construir o marco de civilidade e respeito entre as pessoas.

O Brasil ainda convive com níveis alarmantes de desigualdade social, concentração de renda e níveis de criminalidade.

Todos somos afetados por esses problemas. Mesmo os que mais possuem não estão isentos do reflexo de uma sociedade na qual para a maioria dos cidadãos persiste a desigualdade de oportunidades e, portanto, de futuro.

Nesses últimos oito anos milhões subiram de classe social, milhões de jovens puderam sonhar com um futuro melhor ingressando numa faculdade ou num ensino profissionalizante. Ou meramente tendo a oportunidade de encontrar trabalho numa economia aquecida.

Ainda que não seja solução mágica e imediata, fatos como esses e a ampliação de gastos em educação, saúde e cultura, bem como a continuada melhora do padrão econômico brasileiro com a entrada de recursos do Pré-Sal possibilitarão que se dê um salto na diminuição das desigualdades sociais como nunca antes se fez nesse país.

Porém, senhores e senhoras, há problemas que não se solucionam com crescimento econômico e que demandam – embora de forma alguma prescindam – mais do que melhora na educação, cultura e condição social de um povo.

O Brasil também vive hoje um momento peculiar por outro e bem menos nobre e auspicioso motivo.

O vergonhoso recorde de crimes homofóbicos no Brasil

Como é inegavelmente do conhecimento de todos, hoje o país enfrenta uma onda de crimes de natureza homofóbica. E não que antes tais crimes não ocorressem – não, muito pelo contrário. Mas sim porque hoje até mesmo a pessoa menos afeita ao tema da igualdade e respeito ao cidadão LGBT toma conhecimento cotidianamente de crimes bárbaros de intolerância homofóbica.

Quem nesse país não tomou conhecimento dos ataques brutais e totalmente gratuitos contra gays – reais ou supostos – filmados em plena Avenida Paulista em fins de 2010?

Quem nesse país não tomou conhecimento do brutal assassinato de uma quase criança de apenas 14 anos em São Gonçalo no estado do Rio de Janeiro? Enquanto o país comentava e comemorava a melhor vitória de nossa seleção na copa do mundo de 2010. Poucas horas depois do jogo Brasil e Costa do Marfim, o menino Alexandre Ivo era espancado e morto com requintes de crueldade.

Assassinato quase idêntico na brutalidade e no motivo fútil e torpe que vitimou outro garoto de apenas 18 anos em maio desse ano em Natal no Rio Grande do Norte: Caio Lhennyson da Silva Costa, o Ka Stock – como se identificava ao falar de si mesmo no Facebook.

Poderíamos citar o tiro que um sargento do exército desferiu por pura homofobia contra Douglas Igor Marques de 19 anos na cidade do Rio de Janeiro ainda em 2010.

Poderíamos continuar citar tantos outros casos de morte que acontecem no país todos os anos e que já se aproxima de 3 centenas. O último levantamento aponta 260 LGBTs mortos no Brasil em 2010.Vergonhoso recorde mundial detido pelo Brasil.

Mas encerremos citando alguns casos que são a mostra evidente de que a homofobia está definitivamente se espraiando pela sociedade e fazendo vítimas improváveis:

Quem não ficou sabendo do chocante caso em que pai e filho por meramente se abraçarem num local público se viram às voltas com a expressão violenta da intolerância homofóbica. Violência que resultou na mutilação física de um cidadão pelo “crime” de ter abraçado seu filho.

Nessa semana começamos com mais dois assassinatos de motivação homofóbica.

Em Santa Catarina o Sr Antonio Carlos da Conceição, homossexual de 61 anos, foi espancado até a morte por um grupo de rapazes e em João Pessoa na Paraíba tivemos um cidadão, Marx Nunes Xavier – HETEROSSEXUAL – assassinado ao tentar apartar agressões que eram feitas contra um jovem homossexual.

Não dá para negar que em todos os exemplos citados a motivação ou causa do crime foi a mesma: intolerância homofóbica. Crime de ódio contra o homossexual: HOMOFOBIA.

As lutas no Congresso Nacional pela criminalização da homofobia

Há mais de uma década se luta no congresso nacional para acabar com a gênese desse ódio homofóbico. A verdadeira causa que motiva esses ataques e agressões físicas e morais que sofrem COTIDIANAMENTE o cidadão LGBT é o ódio que se origina no discurso preconceituoso que instiga e perpetua o estigma contra homossexuais na sociedade.

Há onze anos se luta para que ao cidadão LGBT se reconheça a dignidade e o respeito devido. Dignidade e respeito reconhecido recentemente pelas Nações Unidas que incluiu a orientação sexual como um direito humano a ser protegido legalmente pelos países membros. O Brasil foi um dos que votaram a favor daquela histórica deliberação.

Assim também foi histórica a decisão unânime do Supremo Tribunal Federal que em 05 de maio desse ano pela primeira vez deu existência e status legal aos cidadão LGBTs reconhecendo a condição plena de família aos casais homoafetivos.

Na esteira da histórica decisão vários casamentos civis homoafetivos já ocorreram no país.

Judiciário à frente, mas também executivo tem tomado medidas concretas para tentar combater a injusta discriminação que ainda sofrem milhões de cidadãos LGBTs no Brasil.

Discriminação que afeta cruelmente a vida cotidiana de milhões de pessoas que se veem na condição de cidadãos de segunda classe por terem algo de sua própria constituição como ser humano objeto constante de escárnio e ofensa. Quando não agressões físicas e a morte.

A hora e a vez do Senado mostrar-se à altura da importância do Brasil

É hora do poder legislativo estar à altura do país que o Brasil já é e daquele que ele em breve se tornará.

Estamos precisando de pouco mais de 3 dezenas de heróis e sábios no Senado Federal.

Combater a todo esse horror aqui descrito tão resumidamente está ao alcance daqueles que quiserem se colocar num patamar histórico como defensor dos direitos humanos.

Votar o PLC 122 no Senado Federal, cujo texto já foi discutido e burilado por mais de dez anos de discussão junto a sociedade, fará de cada um daqueles que o aprovarem um herói salvando a vida de futuros Ivo, Caio, Douglas, Antonio, Marx e tantos anônimos cidadãos que mesmo que não sejam assassinados têm suas vidas limitadas pela perseverança da cultura da intolerância. Intolerância tanta e tamanha que chega a atingir até pai e filho que se abraçam. (Veja aqui a lista dos senadores, escreva para eles cobrando a aprovação do PLC-122)

Os LGBTs nada mais querem do que o mesmo respeito que é devido a qualquer outro cidadão brasileiro. Não se quer privilégios. Pelo contrário, se quer um mínimo de proteção legal para viver numa sociedade em que mesmo com o PLC 122 aprovado ainda se terá um longo caminho a percorrer até que o respeito e a aceitação prevaleçam sobre seculares preconceitos.

Mas é preciso começar já Senhores e Senhoras do Senado.

Não se aceita de quem PODE E DEVE agir a omissão diante da morte de inocentes.

Sejam sábios, sejam heróis. Salvem a vida e a dignidade de milhões de pessoas inocentes.

Senhores senadores e senadoras APROVEM O PLC 122 e marquem seus nomes na história como aqueles que reagiram, que ousaram que foram sábios que não se omitiram diante da morte. Ou vivam com o peso de cada LGBT assassinado, agredido ou levado ao desespero do suicídio por conta de vossa criminosa omissão.

Ajam, Sras. e Srs.! A história da dignidade humana os aguarda.

Obrigado em nome de milhões de cidadãos LGBTs que querem apenas poder VIVER.

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