GOLPE16: Pequena bibliografia para entender mais uma ruptura do processo democrático no Brasil

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Hoje faz 100 dias que o golpista Temer se apossou do poder. Nesses cem dias o ataque aos direitos arduamente conquistados ocorreu numa velocidade estonteante. A população ainda não se deu conta das perdas, vai sentir daqui a algum tempo.

Aqueles que tem amor à democracia, mesmo diante do silêncio criminoso da mídia persistem informando, analisando denunciando o retrocesso.

Resolvi fazer uma breve lista da biografia do golpe. Abaixo você pode conhecer a síntese dos livros lançados nesta semana que tratam, infelizmente de mais uma ruptura do processo democrático. São eles: o livro do deputado Paulo Pimenta - “Democracia, Direitos Humanos e Mídia”, o do sociólogo Jessé de Souza- "Radiografia do Golpe" e a visão da blogosfera progressista sobre o golpe no Brasil: "Golpe16", escrito por um grupo de jornalistas e blogueiros que acabam de lançar a pré-venda do livro coletivo,  organizado pelo jornalista Renato Rovai com apresentação do ex-presidente Lula e entrevista com a presidenta afastada pelo golpe midiático-jurídico-parlamentar, Dilma Rousseff.

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Leia os releases e reserve logo os seus livros para entender o Golpe:

Golpe 16

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Golpe 16O livro da blogosfera em defesa da democracia

Há uma nova modalidade de ataque à democracia. Ela é mais sutil. Sem canhões, sem prisões, sem fechamento de veículos de comunicação, sem cassações de deputados, sem tiros, sem violência explícita, sem juízes sendo afastados de suas funções.

É um novo tipo de ruptura democrática, mas é um golpe. Um golpe pós-moderno, que busca prioritariamente fazer o que todo golpe faz, defender interesses do capital. Trata-se de um processo que vem sendo denunciado ainda quando ele era apenas um embrião pelos blogueiros, jornalistas e ativistas que escrevem neste livro. Antes mesmo que os golpeados acreditassem que isso pudesse acontecer.

Golpe 16 é o trabalho de quem faz a luta pela democratização da informação e que não se rendeu ao pensamento único. Mostra um lado da história escondido pela mídia tradicional, com artigos que buscam abordar os diversos aspectos da construção de um atentado à democracia, quem são seus articuladores e suas principais vítimas.

Organizado por Renato Rovai, a obra traz textos de Adriana Delorenzo, Altamiro Borges, Beatriz Barbosa, Conceição Oliveira, Cynara Menezes, Dennis de Oliveira, Eduardo Guimarães, Fernando Brito, Gilberto Maringoni, Glauco Faria, Ivana Bentes, Lola Aronovich, Luiz Carlos Azenha, Maíra Streit, Marco Aurélio Weissheimer, Miguel do Rosário, Paulo Henrique Amorim, Paulo Nogueira, Paulo Salvador, Renata Mielli, Rodrigo Vianna, Sérgio Amadeu da Silveira e Tarso Cabral Violin. Além dos artigos analíticos, o livro traz uma entrevista com Dilma Rousseff. O prefácio é assinado pelo ex-presidente Lula. Golpe 16 Org. Renato Rovai 224 págs. Publisher Brasil

Democracia, Direitos Humanos e Mídia CAPA PAULO PIMENTA

O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) lançou o livro “Democracia, Direitos Humanos e Mídia”. Pimenta, que também é jornalista, conta que o livro reúne artigos publicados em jornais, blogs e sites de circulação nacional, e tem o prefácio escrito pelo ex-presidente Lula.

Nos textos, Pimenta aborda o atual momento político do país, os ataques à democracia brasileira e às minorias, e analisa a cobertura da mídia, pontuando que “a imprensa se coloca como um obstáculo às transformações sociais”.

A radiografia do golpe

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Sociólogo Jessé Souza explica como e por que você foi enganado

A radiografia do golpe, do sociólogo Jessé Souza, é um dos primeiros e contundentes livros de análise do processo após o afastamento da presidente Dilma Rousseff. No calor do momento em que o Senado decide em definitivo sobre o impeachment, o livro descreve e analisa não só o dia a dia do processo que levou à derrubada da presidente Dilma Rousseff e seu governo democraticamente eleito, como esclarece as pré-condições do golpe  deflagrado em 2016. Na síntese do autor: o objetivo é permitir ao leitor entender “como e por que foi enganado”.

O afastamento da presidente em maio deste ano significou, segundo ele, o ápice de um cerco sem precedentes na história recente do país: um ataque jurídico, político e midiático contra a hegemonia política e ideológica iniciada no primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O objetivo real, no entanto, nada teve de novo em relação a todos os outros golpes de Estado praticados no passado nacional: atender a interesses financeiros e políticos da pequena elite do dinheiro.

O núcleo de toda a fraude da elite do dinheiro – “que faz os outros de tolos”, na explicação do sociólogo – é o tema da corrupção seletiva. A história do Brasil tem visto uma sequência de golpes de Estado que usaram a corrupção como mote.  A razão é simples: ela se presta sem esforço a ser tomada arbitrariamente como arma seletiva contra o inimigo político de ocasião. Foi a partir dessa combinação pouco perceptível para a maioria da população que se montou o golpe de 2016, escreve Jessé Souza.

A construção da corrupção como “direito contra o inimigo”, a classe média, as manifestações de junho de 2013, o racismo de classe, a Operação Lava Jato, a grande imprensa e os riscos e oportunidades para a democracia são alguns dos temas explorados no livro.

Numa obra voltada para o grande público, sem termos técnicos e maneirismos costumeiramente usados para afastar o público não-especializado, Jessé Souza analisa o discurso moralista de ocasião, a demonização do Estado e das políticas sociais e os reais interesses corporativos e mesquinhos por trás da fraude, sempre encobertos e nunca admitidos. O autor, no entanto, evita a fulanização do debate para analisar a derrubada, conduzida por um pretexto, segundo ele, ridículo e descabido.

História e atualidade, bem como críticas à esquerda e à direita, caminham juntas em A radiografia do golpe, um instrumento para compreender não só o Brasil de hoje como a forma e o peso da repetição e do atraso que envenenaram os esforços de desenvolvimento socioeconômico do Brasil.

O autor

Jessé Souza, 56 anos, fez graduação em direito e mestrado em sociologia na UnB, e doutorado em sociologia na Universidade de Heidelberg, Alemanha. Foi livre-docente na Universidade de Flensburg, Alemanha. É autor principal de 24 livros e de mais de cem artigos e capítulos de livros em vários idiomas. Coordenou diversas pesquisas empíricas de amplitude nacional sobre as classes sociais no Brasil. Foi presidente do Ipea entre 2015 e 2016. Atualmente é professor titular de ciência política da UFF.